segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Morto e enterrado

       O caso Pingo vinha sendo destaque nos últimos meses nos jornais de Parintins. Dia 28 de novembro de 2010, o Jornal da Ilha noticiou a sua morte. “Morrem com Pingo nomes de outros acusados de crimes contra menores”. Este foi o título usado pelo jornal. O veículo impresso informa o dia, a hora, o local, o motivo da morte e, o sepultamento de Clesthon Jason Marques (Pingo).
       Logo abaixo da notícia vem um subtítulo “Para Lembrar”. O texto é uma espécie de “flash back” dos acontecimentos envolvendo o caso de Pingo, um dos principais acusados do escândalo da rede de pedofilia da cidade de Parintins.
       Essa volta aos acontecimentos foi bem posta pelo jornal, pois serviu para que os leitores se situassem e compreendessem melhor a situação.    
       O JI empregou a fala da irmã de Pingo, que diz que estão colocando a culpa toda sobre ele e que Pingo não agia de forma correta, mas não é nenhum “monstro” como vinha sendo chamado. Ressalta que as meninas que, na maioria das vezes, procuravam Pingo para fazer os “esquemas”. E que os pais das meninas, e as próprias garotas, também têm sua parcela de culpa. Esse outro lado foi pouco mencionado pela mídia. Fica a questão: Quem são os verdadeiros culpados por este alto índice de casos de pedofilia?
        A juíza Melissa Sanches informou que Pingo confirmou os nomes de pessoas envolvidas no caso, e que o processo de Pingo estava em fase final e o depoimento dele foi direcionado a vários inquéritos.
       O texto ressalta que com a morte de Pingo, morre a possibilidade de se chegar a novos nomes de acusados, que estavam diretamente envolvidos nos crimes de abusos de menores na ilha.
       Vem-nos a pergunta, com a morte de Pingo, será enterrado e encerrado esse assunto? Vamos esperar para ver quais serão as providências tomadas por nossas autoridades para solucionar esse problema.
       Para encerrar, esperamos que os jornais de Parintins possam de fato assumir seu papel de informar a sociedade, mostrar todos os lados, preenchendo todas as lacunas que se formam em volta de um acontecimento.
                                            
  Tuanny Gloria Dutra

Segundas intenções

             A edição do dia 22 de novembro de 2010 do jornal “A Folha do Povo” mostra um problema constante na imprensa parintinense, e no veículo, a parcialidade política. Observa-se isso numa matéria dedicada exclusivamente a tratar da administração do prefeito de Barreirinha-AM, Mecias Sateré.
             A matéria adquire tanta relevância no veículo que, logo na capa do jornal, aparece como a manchete da semana. Esse fato nos remete a ideia de que esse texto foi feito para persuadir o público leitor de que a administração de Sateré está trazendo e trará benefícios para o povo barreirinhense.
             Percebe-se também que, ao ser colocado no início do texto: “O prefeito de Barreirinha Mecias Sateré fala com exclusividade a nossa reportagem das obras e conquistas que o município está tendo em sua gestão”, há uma certa “camaradagem” do veículo com o prefeito, visto que a entrevista dá um ar de algo já programado, nada natural.
             Outro erro constatado no texto é a utilização de muitas citações do entrevistado. Isso acaba transformando a matéria em algo muito declaratório, indo assim contra os preceitos jornalísticos, pois segundo Luciano Martins Costa (2009).


        O problema principal do jornalismo declaratório é que o material oferecido  aos leitores resulta sempre de um critério centralizado de escolhas, induzindo-os a acreditar que se trata de um resumo das opiniões dos entrevistados, quando na verdade se trata de composições fortemente influenciadas pelas intenções de quem edita.
             A demonstração de afetividade entre jornal e prefeito fica mais evidente no final do texto. Mecias diz: “Quero agradecer a oportunidade que o jornal A Folha do Povo está me dando, pois sabemos da boa aceitação que este jornal tem em Parintins e Barreirinha e em outros municípios...”. Isso faz com que o periódico perca credibilidade com o seu público leitor, visto que essa matéria assemelha-se muito a textos de assessoria de imprensa, em que há apologia de quem contrata esse serviço.

Daniel Sicsú

sábado, 11 de dezembro de 2010

Análise de editorial do finado Em Tempo

               A presente análise tratará da estrutura formal do editorial do jornal Em Tempo Parintins do dia 06 de novembro de 2010 e se baseará nos preceitos propostos por Jorge Pedro Souza (Elementos do Jornalismo).
               O referido editorial traz como enfoque a questão das conseqüências provocadas pelas ações da natureza, mais precisamente o período da enchente e da seca no município.
               Num olhar panorâmico não se verifica grandes problemas. No entanto, ao fixarmos um olhar mais crítico, observamos algumas questões interessantes. Primeiro, a diagramação, que não nos deixa perceber se o texto está escrito em um único parágrafo ou não. Em virtude disso, não se pode nem avaliar se a introdução, que deve estar no primeiro parágrafo apresentando o fato foi bem colocada, até porque não se sabe até onde vai essa introdução. Quanto ao título, está colocado de forma adequada, pois faz referência ao que será abordado sem, no entanto, indicar explicitamente do que será tratado.
               Tentando fazer algumas suposições do que seria no texto a introdução, o desenvolvimento e a conclusão, chegamos à constatação de que o editorial trabalhou bem a temática que se propunha, porém com a ressalva do uso exagerado de adjetivos, que devem ser utilizados de forma moderada, e mesmo por, neste caso, darem um tom tendencioso.
               Ainda supondo o que seria a conclusão, observamos que esta não está de acordo com aquilo que nos propõe Souza, de que se deva retomar o primeiro parágrafo e propor possibilidades de melhorias.
               Com isso, percebemos que o presente editorial traz um relevante questionamento sobre um grande problema vivido pelos parintinenses, e apesar de conter algumas falhas quanto ao seu formato mostra-se pertinente para a atualidade do povo da ilha.

Felipes Lopes Amaral

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Corrompendo a realidade dos fatos

               Em notícia publicada na edição de nº 854, dias 20 a 26 de novembro, o jornal Novo Horizonte abordou como um dos temas de capa “Reféns da violência”, estando esse expresso em letras vermelhas e em negrito buscando atrair a atenção do leitor, sendo que o título não apresenta nenhuma ação (verbo), o que caracteriza opinião.
               O texto da matéria faz apresentação do fato como “nariz de cera”, ou seja, expõe um texto prolixo, fala, fala e não diz nada que evidencie o fato. Começa fazendo enumeração dos fatos de crimes, que supostamente acontecem demasiadamente em Parintins, o que na realidade não é generalizado como foi apresentado.
               Ao longo da matéria somente são apresentados personagens que relatam diversos problemas sobre a violência nos bairros do município, tornando-se matéria de denúncia, pois notícia é a denúncia com fundamento. Cabe lembrar, segundo Mário Erbolato que, notícia deve ser recente, inédita, verdadeira, objetiva e de interesse público, e que só se considera completa quando ela proporciona ao leitor a ideia exata e minunciosa sobre um acontecimento, ou mesmo previsão do que vai ocorrer. Vale ressaltar que um dos personagens apresentados faz referência à denúncia que fez ao Ministério Público, mas a equipe NH não se preocupa em apresentar detalhes das autoridades do município, como Polícia Militar, Delegacias e/ou Ministério Público.
               O texto não relata o fato, mas sim denúncias, o que implica em uma apresentação aprofundada do fato a partir de vários testemunhos com somente um único ponto de vista. Ou seja, o texto ficou entre a reportagem e a notícia, mas não atingiu de fato nenhum dos objetivos, dificultando assim o modo interpretativo do relato.

E ela está em todas!

               A imagem publicada sobre a notícia pelo NH na capa é uma foto da ilha vista de cima que não continua com a mesma proporção quando acompanha a notícia no corpo do jornal, pois expõe a mesma imagem, só que em tamanho maior, até mesmo quando comparada à foto principal da edição. A legenda “Parintins vista de cima” só demonstra o óbvio do que está estampado, não fazendo nenhuma ligação com o texto. Vale ressaltar que essa mesma foto vem sendo utilizada em diversos temas, não conseguindo contemplar as devidas técnicas jornalísticas.

Hanne Assimen

sábado, 4 de dezembro de 2010

Solidariedade Eleitoral

            Por mais que um jornal impresso esteja ligado a uma empresa radiofônica, e esta também esteja entranhada no meio do poder público, isso não lhe da autoridade de colocar a opinião de uma única pessoa como a “verdade universal”. É o que acontece com o jornal Parintins Em Tempo, que tem sua veiculação na cidade através da Radio Clube, cuja empresa tem como uma das herdeiras Vanessa Gonçalves, atualmente vereadora e presidente da Câmara Municipal de Parintins.
           O jornal tem servido como meio de difundir a imagem e as benfeitorias da vereadora.
           Na edição nº 470 de sexta-feira, 1º de outubro de 2010, na página nº 3 da editoria de Política, foi publicado o apoio da vereadora Gonçalves à candidata Vanessa Grazziotin (PC do B). No caso, a presidente da câmara criticou o comportamento de alguns parintinenses da oposição, que vaiaram Grazziotin em comício realizado na cidade.
           A 2ª crítica que expomos pressupõe-se do modo como o jornal deu maior foco a uma “denúncia particular” de Vanessa Gonçalves, deixando o real caráter de informação sobre a Câmara em pequeno foco.
           A 3º crítica baseia-se no titulo da reportagem: “Presidente da CMP (Câmara Municipal de Parintins) solidária a Vanessa”. O mesmo deu a entender que o Poder Legislativo é “fiel” a candidata, utilizando-se do “status” da presidência para condenar uma atitude que pode ter vindo não somente da oposição, mas de um público desiludido com a política, como já foi dito.
          O jornal poderia ter veiculado o descontentamento da Presidente da CMP quanto a situação como uma opinião particular de Vanessa enquanto cidadã parintinense e não ter colocado a câmara e sua posição enquanto vereadora como símbolo do apoio de uma candidata e seu partido.
          Seria do bom interesse e caráter de credibilidade do jornal, se em suas próximas edições diferenciem não somente de Vanessa, porém dos demais vereadores, as suas opiniões referentes ao legislativo, visto que é arbitrário utilizar-se de um cargo público para moldar a opinião do publico leitor deste jornal, falseando as informações e suas reais fontes.

Jornal de opinião com pouca informação

             Na edição de 24 de outubro, o jornal Repórter Parintins trouxe em seu editorial o tema da cassação do mandato de João Pontes (PTB), o popular “João Bacú”. Ao falar do processo, o editorial inicia o texto com bons argumentos, levantando a idéia de que há de fato certa lentidão no processo de cassação do mandato do vereador, e que isso até sugere que “na sociedade, o sentimento é que está agindo corporativamente ou, no mínimo, conivente com o criminoso”, referindo-se ao Legislativo Municipal. Contudo, para a surpresa do leitor, o editorial se mostra contrario a informação dada e em um período único e destacado, aponta “Certamente, não é isso.”
             Adiante, afirma que existe a necessidade deste julgamento e cassação, e que essa ação vinda da câmara engrandecerá a casa e a visão que o povo tem sobre ela. Depois, cita um caso como referencia e documentação para o fato, que ocorreu na Inglaterra com Ronald Biggs. Responsável por um famoso assalto, Ronald fugiu da prisão e de seu país em 1963, mas voltou em 2001, quando novamente foi preso e cumpriu o resto da pena.
             Sinteticamente, o editorial mostra e tenta agendar no imaginário do público a necessidade de a lei ser cumprida, e dá essa “dica” à câmara e, dessa forma, realiza seu papel de pautar o que precisa ser pensado e refletido, além de levar essa causa à população. É sempre bom lembrar que o jornalismo tem o papel de difundir conhecimento.
             Mesmo apresentando uma opinião clara e concisa a favor da câmara e do poder público, faltam fontes para melhor fundamentar as causas do atraso do processo, visto que o vereador afastado já foi acusado em um processo e espera mais cinco serem julgados.
             O titulo do editorial, “Estuprar e prevaricar são crimes”, já aponta o fato do vereador precisar ser julgado nos demais processos e da câmara precisar agir, afinal a prevaricação também é um crime. O titulo é também a ultima frase do editorial, e mostra-se correto durante este, estando de acordo com o texto.
             Mesmo sendo opinativo por essência, faltou a documentação e comprovação das informações, para que editorial pudesse informar substancialmente. O jornal deu sua opinião para o público e uma sugestão para a câmara, mas não soube dizer o motivo da prevaricação da casa e da justiça.

OBS: Prevaricar significa retardar ou deixar de praticar devidamente os atos legalmente exigidos por um funcionário público no exercício de sua função.

Helder Ronan de Souza Mourão

Imparcialidade Zero

             A vitória da candidata a presidência Dilma Roussef (PT) foi o acontecimento mais abordado na mídia brasileira nos últimos meses. Em Parintins não foi diferente. Tanto que o jornal A Folha do Povo, na edição do dia 5 de novembro, dedicou um editorial (texto jornalístico que mostra a opinião de um veículo sobre algo) ao ocorrido.
             O editorial revela a visão do periódico em favor da então candidata Dilma Roussef, pois em todo o texto mostra-se a sua trajetória até chegar a presidência da República, e os feitos dela ao lado do presidente Lula. Esse apoio à base governista foi totalmente evidenciado durante as edições que antecediam as eleições. Isso porque quem até então recebia o apoio do veículo era o senador Alfredo Nascimento (PP), candidato apoiado pelo presidente Lula.
            A maneira como o texto foi construído revela a total parcialidade do jornal em relação aos presidenciáveis. Explicita-se isso com as freqüentes citações do que a então candidata havia feito no governo Lula, e a pouca relevância que o candidato a presidente José Serra, havia tido.
             A predileção do jornal em relação à Dilma Roussef fica mais evidente no final do texto, visto que se utiliza de exclamações e palavras de ordem. A frase “cantemos em alto e bom tom VIVA A DEMOCRACIA, VIVA OS BRASILEIROS!!!”, mostra que a imparcialidade no jornalismo é pura utopia, já que toda vez que algo é publicado, tem-se sempre um interesse implícito na seleção e construção dos fatos.

Daniel Sicsú