quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

2012: o ano em que vivemos em perigo



Na edição do dia 31 de dezembro de 2012, o jornal Gazeta Parintins publicou a seguinte manchete na capa do jornal: “Violência no trânsito, suicídios, homicídios e afogamentos em 2012”.  A chamada refere-se a uma reportagem da retrospectiva de algumas tragédias que ocorreram no ano de 2012.  A reportagem tem como título “Ano marcado pela violência no trânsito, homicídios, suicídios e mortes por afogamento em Parintins”, que se divide em duas páginas do jornal com os seguintes segmentos sobre os acidentes de trânsito, suicídios, mortes por afogamentos e homicídios. A pergunta é: por que o periódico realiza uma retrospectiva tão sangrenta?
O jornal apresenta como primeiro subtítulo “Com o crescimento da população aumenta o número de pessoas inabilitadas conduzindo veículos, revela tenente da PM”, que se refere aos acidentes de trânsito ocorridos em Parintins no ano de 2012, com dados do aumento de acidentes na cidade. A segunda notícia tem como subtítulo “Doze mortes por afogamentos” direcionado aos casos de afogamento na cidade. A terceira notícia é “Dentre as vitimas de suicídio e homicídio entraram para a estatística três jovens de 18 anos de idade” relacionada a esses casos específicos.
Acredita-se que está reportagem trata-se de uma retrospectiva das tragédias que ocorreram no ano de 2012, na cidade de Parintins, sendo que é importante sim apresentar os fatos que marcaram o ano passado, mas não podemos desconsiderar que há outros acontecimentos de suma importância, que marcaram o desenvolvimento e mudanças na cidade de Parintins, infelizmente ignorados pela Gazeta. O jornalista tem o compromisso de propagar os acontecimentos que sejam de interesse público de forma cautelosa, contudo, foram propagados em duas páginas apenas tragédias e mais tragédias. Houve o uso de apenas uma fonte na reportagem toda... Um ponto positivo é que, apesar do sensacionalismo, foram realizadas alertas sobre o trânsito para os jovens motociclistas.
Na reportagem foram utilizados setes imagens das vítimas. A quarta foto da notícia intitulado “Doze mortes por afogamentos” foi do momento do resgaste do corpo de Antonio Marialva, 64, sendo um mecanismo bastante mórbido de atrair a atenção do leitor.
Portanto, os elementos e linguagem usados foram sensacionalistas, no qual, se refere às ações e narrativas que procuram provocar sensações no receptor, com o objetivo de cativá-lo. Ressaltamos novamente que o espaço poderia ter sido usado para assuntos mais relevantes do ano de 2012, entendendo que uma retrospectiva não deve se pautar somente em acidentes e crimes.

Kamila de Souza


terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Pode “flagrantear”?



Estará este livro fora das estantes dos jornalistas da Ilha?

A prisão de um homem que foi flagrado traficando drogas foi o tema de uma notícia do jornal Gazeta de Parintins. Intitulada “Homem flagranteado por tráfico de drogas”, ela foi publicada no dia 13 de dezembro de 2012.
           O erro da matéria pode ser percebido logo na manchete, tendo em vista que foi utilizada uma palavra que não existe. Ao pesquisar a palavra “flagranteado” em diversos dicionários de Língua Portuguesa, não conseguimos achá-la. Seu uso é um equívoco do repórter. O uso correto seria “flagrado”, que descreve alguém pego no flagra.
        Um ponto a ressaltar na matéria é o espaço dado para o suspeito dar sua versão do ocorrido. Diferentemente do que é visto em matérias policiais dos jornais locais, a matéria da Gazeta, ao menos, deu oportunidade para que os dois lados dessem sua explicação do fato.

Daniel Sicsú

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Jabá e campanha antecipada no Gazeta?




A edição de 07 de janeiro do jornal Gazeta Parintins traz uma notícia um tanto interessante. Aliás, como não há jornalismo político em Parintins, esse ensaio vai fazer uma pequena análise do tipo à luz dessa notícia.
A notícia trata de uma passagem do vice-governador José Melo pela cidade de Parintins e de uma visita que recebeu do prefeito Alexandre da Carbrás. Logo no primeiro parágrafo da notícia temos a seguinte frase. “No encontro Melo anunciou que o governo fará parceria com a prefeitura de Parintins”. Essa é uma abordagem típica do que já mostramos aqui no Lacrima, como se política pública fosse presente. Ora, o governo do Estado tem a obrigação de fazer parcerias com todos os municípios.
Outro “presente” vem no parágrafo abaixo, quando de forma acrítica o jornalista responsável pela notícia ouve e escreve sobre a ampliação do Bumbódromo, mas em momento nenhum pergunta ao vice-governador sobre a depredação das obras de arte sem o diálogo com os artistas e com a comunidade parintinense.
Mais adiante, o jornal mostra outro presente. “O governador Omar por decisão própria conseguiu recursos para a ampliação do Bumbódromo e para a construção da orla entre outros investimentos importantes, que virão para ajudar o Alexandre. Perguntoaos leitores, há presente melhor que esse? Primeiro que “por decisão própria”? É obrigação do governador e acima de tudo do governo de conseguir e direcionar recursos, decisão própria se ele estivesse tirando do próprio bolso e não fosse seu cargo. Quanto à Orla, visitas e mais visitas da defesa civil já mostraram a necessidade de dar um jeito nela, isso não é nenhuma novidade. Para terminar, a politicagem está feita, pois segundo o próprio vice-governador e o jornal, nada disso é para a população, isso é para “ajudar o Alexandre”.
Depois, de forma muito esperta, o escritor da notícia elabora a seguinte frase: “investimentos como os que foram anunciados demonstram e reafirmam o carinho e o amor do governo do estado pelo povo parintinense”. E nada de obrigação e nem de nossos direitos, o governo do estado é agora uma Super Nanny que nos fornece carinho e amor.
A notícia termina com a seguinte colocação: “Melo citou como exemplo a posse de Alexandre realizada em praça pública reunindo uma multidão de pessoas. ‘Isso demonstra também a esperança e a certeza que o Alexandre vai fazer um grande governo ’”. Pasmem! O fato de ter muita gente em uma festatraz a certeza de que será um bom governo? Qual foi a posse de prefeito ou de qualquer cargo público eletivo que não teve uma multidão na posse? Alguns poderiam argumentar – Mas isso são palavras do José Melo, é claro que ele vai falar isso! Mas precisa o jornalista colocar isso de forma tão enfática? Claro, é o jabá do Gazeta.
Enfim, a visita do vice-governador e tudo isso me faz lembrar algumas coisas. Temos eleições chegando, Omar não pode se reeleger, mas o vice pode tentar o governo. Omar tem uma cara de quem gostaria de ser senador e Parintins é o segundo maior colégio eleitoral do Amazonas, depois de Manaus...

Helder Mourão

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Desinformação e confusão com menores





O jornal Plantão Popular publicou no dia 8 de janeiro de 2013, terça-feira, na página 4, uma notícia intitulada “Bateu e engasgou menor de 15 anos”. Este título, que é o que parece ser pelo tamanho da letra e a forma como se apresenta, deixa vago quem cometeu o ato enunciado. Em cima do título, porém, com uma letra pequena, é dada uma informação ao leitor: “Vizinho embriagado”. Este, na realidade, foi quem bateu e “engasgou” a menor de 15 anos.
A notícia começa assim: “Uma menor de 15 anos levou um tapa no rosto e sofreu engasgo praticado pelo Janderson Nunes de Souza, 23”. A frase poderia facilmente ser trocada por: “Menor de 15 anos foi agredida e sufocada por Janderson Nunes de Souza, 23”, isso porque as expressões “levou um tapa” e “engasgo” fogem da linguagem coloquial em benefício de uma linguagem regional e, na outra, “pelo Janderson..”, o pronome usado deveria ser trocado, pois dá a entender que todos nós já conhecemos Janderson Nunes.
Segundo o jornalista, Janderson, aparentando embriaguez, tentou beijar a força uma criança de 13 anos, irmã da garota de 15 (informação fornecida no parágrafo seguinte), mas ele não explicou o porquê da irmã mais velha ter sido agredida. O leitor é obrigado a subentender que a criança de 15 tentou defender sua irmã, que estava sendo assediada. Na verdade, a notícia deveria focar principalmente na criança menor, visto que a intenção do jovem de 23 anos foi direcionada a menor de 13.
O segundo parágrafo é bastante confuso, começa dizendo que a menina de 13 é irmã da de 15 (o que devia ter feito no parágrafo do lide) e em seguida salienta o seguinte: “Acompanhada do pai, a menor vítima registrou o Boletim de Ocorrência na 3ª Delegacia Regional de Polícia”. Como estávamos falando da menina de 13 anos, logo podemos pensar que ela foi acompanhada do pai fazer o B.O mas na verdade o jornalista se refere a irmã de 15, confundindo a cabeça do leitor. Já na última parte do parágrafo, o repórter cita que a garota de 13 anos compareceu a delegacia para relatar o caso.
Podemos perceber uma falta de coesão, concordância, harmonia no texto, o que leva o leitor a ler mais de uma vez a matéria para compreender o que realmente aconteceu. Uma notícia deve ser clara, o mais simples possível; neste caso, a linguagem está simples, porém, o texto está bagunçado e difícil de entender.
Ainda que se trate da fala de uma fonte, alguns cuidados com a escrita e pontuação devem ser tomados. O terceiro parágrafo apresenta alguns detalhes que mereciam mais atenção por parte do jornalista ou editor, casos como: “Ele disse para eu que me odiava” ou “Falei para ele não me falar mal...”. Ainda que se trate de uma citação direta da fonte, a norma culta da língua deve prevalecer, mesmo sendo a linguagem coloquial a tônica do jornalismo.
            É imperioso que o jornalista revise seu texto várias vezes, ou que passe para outra pessoa ler antes da publicação. Temos de ter em mente que o texto jornalístico deve prezar por uma linguagem simples. Isso não significa que ele possa abrir mão da norma culta e da estética das palavras.

Gustavo Saunier

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Falta de espaço ou indiferença?





Na edição nº 198 do dia 28 de dezembro de 2012, o jornal Plantão Popular trouxe em seu espaço denominado “Em Pauta”, em quarta colocação, uma pequena nota intitulada “Confirmado”. Trata-se da candidatura de Gelson Moraes como vice-presidente na chapa de Rildo Maia para a presidência da Câmara Municipal de Parintins.
De fato trata-se de um assunto em pauta, pois é um momento de mudanças no Legislativo parintinense, o que mudará muitos outros aspectos nos rumos que serão dados para a cidade. Porém, ao ler todo o conteúdo exposto, percebe-se que o jornal não deu proeminência para o assunto, pois em mais nenhum momento é possível conhecer mais a fundo os meandros deste acontecimento.
No entanto, o jornal acaba se referindo a assuntos que poderiam ser tratados em qualquer outro momento, como é o caso da matéria de capa intitulada “Crianças trabalham para manter famílias”, já que esta notícia nem se retrata a realidade de Parintins, mas se refere a dados do IBGE em nível nacional.
Outra notícia que também poderia ceder lugar para o acontecimento do momento na cidade é a intitulada “Arthur anuncia secretários”, pois o mesmo apresenta um fato político da capital (Manaus), deixando mais uma vez a população sem saber o que está ocorrendo politicamente em sua cidade e que é de fato mais importante do que saber quais foram os secretários escolhidos pelo prefeito de Manaus.
Neste caso, indicamos que é importante que o jornal reflita sobre seus critérios de noticiabilidade, pois esta edição deixou de abrir espaço para um dos assuntos mais relevantes da semana, que era a candidatura à presidência da CMP, e acabou dando relevância e pautando assuntos bem menos importantes para o conhecimento do povo tupinambarana.

Hanne Assimen