segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Morto e enterrado

       O caso Pingo vinha sendo destaque nos últimos meses nos jornais de Parintins. Dia 28 de novembro de 2010, o Jornal da Ilha noticiou a sua morte. “Morrem com Pingo nomes de outros acusados de crimes contra menores”. Este foi o título usado pelo jornal. O veículo impresso informa o dia, a hora, o local, o motivo da morte e, o sepultamento de Clesthon Jason Marques (Pingo).
       Logo abaixo da notícia vem um subtítulo “Para Lembrar”. O texto é uma espécie de “flash back” dos acontecimentos envolvendo o caso de Pingo, um dos principais acusados do escândalo da rede de pedofilia da cidade de Parintins.
       Essa volta aos acontecimentos foi bem posta pelo jornal, pois serviu para que os leitores se situassem e compreendessem melhor a situação.    
       O JI empregou a fala da irmã de Pingo, que diz que estão colocando a culpa toda sobre ele e que Pingo não agia de forma correta, mas não é nenhum “monstro” como vinha sendo chamado. Ressalta que as meninas que, na maioria das vezes, procuravam Pingo para fazer os “esquemas”. E que os pais das meninas, e as próprias garotas, também têm sua parcela de culpa. Esse outro lado foi pouco mencionado pela mídia. Fica a questão: Quem são os verdadeiros culpados por este alto índice de casos de pedofilia?
        A juíza Melissa Sanches informou que Pingo confirmou os nomes de pessoas envolvidas no caso, e que o processo de Pingo estava em fase final e o depoimento dele foi direcionado a vários inquéritos.
       O texto ressalta que com a morte de Pingo, morre a possibilidade de se chegar a novos nomes de acusados, que estavam diretamente envolvidos nos crimes de abusos de menores na ilha.
       Vem-nos a pergunta, com a morte de Pingo, será enterrado e encerrado esse assunto? Vamos esperar para ver quais serão as providências tomadas por nossas autoridades para solucionar esse problema.
       Para encerrar, esperamos que os jornais de Parintins possam de fato assumir seu papel de informar a sociedade, mostrar todos os lados, preenchendo todas as lacunas que se formam em volta de um acontecimento.
                                            
  Tuanny Gloria Dutra

Segundas intenções

             A edição do dia 22 de novembro de 2010 do jornal “A Folha do Povo” mostra um problema constante na imprensa parintinense, e no veículo, a parcialidade política. Observa-se isso numa matéria dedicada exclusivamente a tratar da administração do prefeito de Barreirinha-AM, Mecias Sateré.
             A matéria adquire tanta relevância no veículo que, logo na capa do jornal, aparece como a manchete da semana. Esse fato nos remete a ideia de que esse texto foi feito para persuadir o público leitor de que a administração de Sateré está trazendo e trará benefícios para o povo barreirinhense.
             Percebe-se também que, ao ser colocado no início do texto: “O prefeito de Barreirinha Mecias Sateré fala com exclusividade a nossa reportagem das obras e conquistas que o município está tendo em sua gestão”, há uma certa “camaradagem” do veículo com o prefeito, visto que a entrevista dá um ar de algo já programado, nada natural.
             Outro erro constatado no texto é a utilização de muitas citações do entrevistado. Isso acaba transformando a matéria em algo muito declaratório, indo assim contra os preceitos jornalísticos, pois segundo Luciano Martins Costa (2009).


        O problema principal do jornalismo declaratório é que o material oferecido  aos leitores resulta sempre de um critério centralizado de escolhas, induzindo-os a acreditar que se trata de um resumo das opiniões dos entrevistados, quando na verdade se trata de composições fortemente influenciadas pelas intenções de quem edita.
             A demonstração de afetividade entre jornal e prefeito fica mais evidente no final do texto. Mecias diz: “Quero agradecer a oportunidade que o jornal A Folha do Povo está me dando, pois sabemos da boa aceitação que este jornal tem em Parintins e Barreirinha e em outros municípios...”. Isso faz com que o periódico perca credibilidade com o seu público leitor, visto que essa matéria assemelha-se muito a textos de assessoria de imprensa, em que há apologia de quem contrata esse serviço.

Daniel Sicsú

sábado, 11 de dezembro de 2010

Análise de editorial do finado Em Tempo

               A presente análise tratará da estrutura formal do editorial do jornal Em Tempo Parintins do dia 06 de novembro de 2010 e se baseará nos preceitos propostos por Jorge Pedro Souza (Elementos do Jornalismo).
               O referido editorial traz como enfoque a questão das conseqüências provocadas pelas ações da natureza, mais precisamente o período da enchente e da seca no município.
               Num olhar panorâmico não se verifica grandes problemas. No entanto, ao fixarmos um olhar mais crítico, observamos algumas questões interessantes. Primeiro, a diagramação, que não nos deixa perceber se o texto está escrito em um único parágrafo ou não. Em virtude disso, não se pode nem avaliar se a introdução, que deve estar no primeiro parágrafo apresentando o fato foi bem colocada, até porque não se sabe até onde vai essa introdução. Quanto ao título, está colocado de forma adequada, pois faz referência ao que será abordado sem, no entanto, indicar explicitamente do que será tratado.
               Tentando fazer algumas suposições do que seria no texto a introdução, o desenvolvimento e a conclusão, chegamos à constatação de que o editorial trabalhou bem a temática que se propunha, porém com a ressalva do uso exagerado de adjetivos, que devem ser utilizados de forma moderada, e mesmo por, neste caso, darem um tom tendencioso.
               Ainda supondo o que seria a conclusão, observamos que esta não está de acordo com aquilo que nos propõe Souza, de que se deva retomar o primeiro parágrafo e propor possibilidades de melhorias.
               Com isso, percebemos que o presente editorial traz um relevante questionamento sobre um grande problema vivido pelos parintinenses, e apesar de conter algumas falhas quanto ao seu formato mostra-se pertinente para a atualidade do povo da ilha.

Felipes Lopes Amaral

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Corrompendo a realidade dos fatos

               Em notícia publicada na edição de nº 854, dias 20 a 26 de novembro, o jornal Novo Horizonte abordou como um dos temas de capa “Reféns da violência”, estando esse expresso em letras vermelhas e em negrito buscando atrair a atenção do leitor, sendo que o título não apresenta nenhuma ação (verbo), o que caracteriza opinião.
               O texto da matéria faz apresentação do fato como “nariz de cera”, ou seja, expõe um texto prolixo, fala, fala e não diz nada que evidencie o fato. Começa fazendo enumeração dos fatos de crimes, que supostamente acontecem demasiadamente em Parintins, o que na realidade não é generalizado como foi apresentado.
               Ao longo da matéria somente são apresentados personagens que relatam diversos problemas sobre a violência nos bairros do município, tornando-se matéria de denúncia, pois notícia é a denúncia com fundamento. Cabe lembrar, segundo Mário Erbolato que, notícia deve ser recente, inédita, verdadeira, objetiva e de interesse público, e que só se considera completa quando ela proporciona ao leitor a ideia exata e minunciosa sobre um acontecimento, ou mesmo previsão do que vai ocorrer. Vale ressaltar que um dos personagens apresentados faz referência à denúncia que fez ao Ministério Público, mas a equipe NH não se preocupa em apresentar detalhes das autoridades do município, como Polícia Militar, Delegacias e/ou Ministério Público.
               O texto não relata o fato, mas sim denúncias, o que implica em uma apresentação aprofundada do fato a partir de vários testemunhos com somente um único ponto de vista. Ou seja, o texto ficou entre a reportagem e a notícia, mas não atingiu de fato nenhum dos objetivos, dificultando assim o modo interpretativo do relato.

E ela está em todas!

               A imagem publicada sobre a notícia pelo NH na capa é uma foto da ilha vista de cima que não continua com a mesma proporção quando acompanha a notícia no corpo do jornal, pois expõe a mesma imagem, só que em tamanho maior, até mesmo quando comparada à foto principal da edição. A legenda “Parintins vista de cima” só demonstra o óbvio do que está estampado, não fazendo nenhuma ligação com o texto. Vale ressaltar que essa mesma foto vem sendo utilizada em diversos temas, não conseguindo contemplar as devidas técnicas jornalísticas.

Hanne Assimen

sábado, 4 de dezembro de 2010

Solidariedade Eleitoral

            Por mais que um jornal impresso esteja ligado a uma empresa radiofônica, e esta também esteja entranhada no meio do poder público, isso não lhe da autoridade de colocar a opinião de uma única pessoa como a “verdade universal”. É o que acontece com o jornal Parintins Em Tempo, que tem sua veiculação na cidade através da Radio Clube, cuja empresa tem como uma das herdeiras Vanessa Gonçalves, atualmente vereadora e presidente da Câmara Municipal de Parintins.
           O jornal tem servido como meio de difundir a imagem e as benfeitorias da vereadora.
           Na edição nº 470 de sexta-feira, 1º de outubro de 2010, na página nº 3 da editoria de Política, foi publicado o apoio da vereadora Gonçalves à candidata Vanessa Grazziotin (PC do B). No caso, a presidente da câmara criticou o comportamento de alguns parintinenses da oposição, que vaiaram Grazziotin em comício realizado na cidade.
           A 2ª crítica que expomos pressupõe-se do modo como o jornal deu maior foco a uma “denúncia particular” de Vanessa Gonçalves, deixando o real caráter de informação sobre a Câmara em pequeno foco.
           A 3º crítica baseia-se no titulo da reportagem: “Presidente da CMP (Câmara Municipal de Parintins) solidária a Vanessa”. O mesmo deu a entender que o Poder Legislativo é “fiel” a candidata, utilizando-se do “status” da presidência para condenar uma atitude que pode ter vindo não somente da oposição, mas de um público desiludido com a política, como já foi dito.
          O jornal poderia ter veiculado o descontentamento da Presidente da CMP quanto a situação como uma opinião particular de Vanessa enquanto cidadã parintinense e não ter colocado a câmara e sua posição enquanto vereadora como símbolo do apoio de uma candidata e seu partido.
          Seria do bom interesse e caráter de credibilidade do jornal, se em suas próximas edições diferenciem não somente de Vanessa, porém dos demais vereadores, as suas opiniões referentes ao legislativo, visto que é arbitrário utilizar-se de um cargo público para moldar a opinião do publico leitor deste jornal, falseando as informações e suas reais fontes.

Jornal de opinião com pouca informação

             Na edição de 24 de outubro, o jornal Repórter Parintins trouxe em seu editorial o tema da cassação do mandato de João Pontes (PTB), o popular “João Bacú”. Ao falar do processo, o editorial inicia o texto com bons argumentos, levantando a idéia de que há de fato certa lentidão no processo de cassação do mandato do vereador, e que isso até sugere que “na sociedade, o sentimento é que está agindo corporativamente ou, no mínimo, conivente com o criminoso”, referindo-se ao Legislativo Municipal. Contudo, para a surpresa do leitor, o editorial se mostra contrario a informação dada e em um período único e destacado, aponta “Certamente, não é isso.”
             Adiante, afirma que existe a necessidade deste julgamento e cassação, e que essa ação vinda da câmara engrandecerá a casa e a visão que o povo tem sobre ela. Depois, cita um caso como referencia e documentação para o fato, que ocorreu na Inglaterra com Ronald Biggs. Responsável por um famoso assalto, Ronald fugiu da prisão e de seu país em 1963, mas voltou em 2001, quando novamente foi preso e cumpriu o resto da pena.
             Sinteticamente, o editorial mostra e tenta agendar no imaginário do público a necessidade de a lei ser cumprida, e dá essa “dica” à câmara e, dessa forma, realiza seu papel de pautar o que precisa ser pensado e refletido, além de levar essa causa à população. É sempre bom lembrar que o jornalismo tem o papel de difundir conhecimento.
             Mesmo apresentando uma opinião clara e concisa a favor da câmara e do poder público, faltam fontes para melhor fundamentar as causas do atraso do processo, visto que o vereador afastado já foi acusado em um processo e espera mais cinco serem julgados.
             O titulo do editorial, “Estuprar e prevaricar são crimes”, já aponta o fato do vereador precisar ser julgado nos demais processos e da câmara precisar agir, afinal a prevaricação também é um crime. O titulo é também a ultima frase do editorial, e mostra-se correto durante este, estando de acordo com o texto.
             Mesmo sendo opinativo por essência, faltou a documentação e comprovação das informações, para que editorial pudesse informar substancialmente. O jornal deu sua opinião para o público e uma sugestão para a câmara, mas não soube dizer o motivo da prevaricação da casa e da justiça.

OBS: Prevaricar significa retardar ou deixar de praticar devidamente os atos legalmente exigidos por um funcionário público no exercício de sua função.

Helder Ronan de Souza Mourão

Imparcialidade Zero

             A vitória da candidata a presidência Dilma Roussef (PT) foi o acontecimento mais abordado na mídia brasileira nos últimos meses. Em Parintins não foi diferente. Tanto que o jornal A Folha do Povo, na edição do dia 5 de novembro, dedicou um editorial (texto jornalístico que mostra a opinião de um veículo sobre algo) ao ocorrido.
             O editorial revela a visão do periódico em favor da então candidata Dilma Roussef, pois em todo o texto mostra-se a sua trajetória até chegar a presidência da República, e os feitos dela ao lado do presidente Lula. Esse apoio à base governista foi totalmente evidenciado durante as edições que antecediam as eleições. Isso porque quem até então recebia o apoio do veículo era o senador Alfredo Nascimento (PP), candidato apoiado pelo presidente Lula.
            A maneira como o texto foi construído revela a total parcialidade do jornal em relação aos presidenciáveis. Explicita-se isso com as freqüentes citações do que a então candidata havia feito no governo Lula, e a pouca relevância que o candidato a presidente José Serra, havia tido.
             A predileção do jornal em relação à Dilma Roussef fica mais evidente no final do texto, visto que se utiliza de exclamações e palavras de ordem. A frase “cantemos em alto e bom tom VIVA A DEMOCRACIA, VIVA OS BRASILEIROS!!!”, mostra que a imparcialidade no jornalismo é pura utopia, já que toda vez que algo é publicado, tem-se sempre um interesse implícito na seleção e construção dos fatos.

Daniel Sicsú

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Monólogo das vítimas



           A edição de 08 de novembro do Jornal da Alvorada na TV apresentou uma carta, que fora enviada à câmara municipal de Parintins, e depois uma entrevista com a pessoa que a remeteu, para levar à tona novamente a questão da rede de pedofilia e do caso do vereador João Pontes, o João Bacú.
           A mãe de uma das vítimas da rede de pedofilia enviou uma carta à câmara com o objetivo de saber por que João Bacú ainda não fora cassado, e também o motivo de os processos contra ele não terem sido julgados, bem como esclarecimentos sobre o fato das investigações em cima da rede de pedofilia estarem lentas.
A entrevistada disse que sua filha, vítima da rede de pedofilia e do vereador João Bacú, passou dois anos jogada às drogas e a prostituição, e que precisa crer que a justiça ainda possa ser feita. Contudo, o vereador ainda não foi cassado.
De fato a idéia de mostrar a carta e a entrevista serve como agendamento do tema em questão, que precisa chegar ao conhecimento do público e, mais ainda, precisa ser de fato apurado. O problema principal da notícia foi a falta de polifonia, ou seja, mais vozes a respeito do tema, já que esta baseou-se apenas na carta e na entrevistada, sem que a Câmara ou a Justiça dessem seu parecer sobre o assunto, ou mesmo sem apresentar qualquer informação sobre o trâmite da cassação e dos processos que João Bacú responde, ou seja, tudo foi baseado em informações de uma única pessoa, sem apresentar a contrapartida dos criticados.
Não houve qualquer informação sobre a cassação, os processos, ou o vereador, os únicos sujeitos da notícia foram a entrevistada e sua filha citada, que tiveram seu crédito ao serem atendidas pela mídia, mas que não foram respeitadas ao não receberem as informações que pediram. O público telespectador também ficou esperando as informações, mas recebeu apenas o monólogo da vítima e de sua mãe.

Helder Ronan de Souza Mourão

domingo, 21 de novembro de 2010

Uma imagem vale mais que mil palavras


“Retratos atraem o olho, ganham a atenção, incitam a curiosidade. Retratos fazem o leitor ser receptivo à informação. Pessoas resistem ao esforço de ler: isso significa trabalho. Mas elas parecem não prestar atenção a isso quando olham retratos. Então, quanto mais informação puder ser Acondicionada sem usar palavras, melhor. Retratos, Ao substituir a descrição verbal por imagem visual, Ajudam a diminuir o percurso do processo de leitura” (WHITE, 1974, apud em HERNANDES,2006,p.215).


Em notícia publicada na edição de nº 852, dias 6 a 12 de novembro, o jornal Novo Horizonte abordou o tema “pedofilia”, especificamente o caso de “Pingo”, contendo informações sobre o “retorno de Pingo ao hospital”, apresentando foto do jovem totalmente debilitado estampado na capa da edição.
A foto publicada pelo NH desperta atenção imediata e provoca impacto nas pessoas, que buscaram um sentido jornalístico para aquela imagem e não encontraram. O jornal Novo Horizonte é de caráter religioso. A publicação da foto de uma pessoa no leito do hospital totalmente desfigurada, e ainda por cima acusada de participar de crimes, certamente não foi inserida na publicação a toa.
Para os católicos, quem peca deve pagar por seus pecados, então, será que o jornal teve a intenção, ao usar uma foto tão agressiva, de repassar essa ideia para seus leitores?
O texto diz que Pingo está doente e que pode contaminar outros presos, mas em nenhum momento é citada a doença que o afeta. Nesse caso, houve ausência de explicação no que diz respeito ao motivo que Pingo teve para voltar ao hospital. Seja qual for a intenção dessa mídia jornalística para escolha da imagem, o resultado foi apelativo e espetaculariza a informação sem contribuir para a compreensão do leitor.

sábado, 20 de novembro de 2010

Capitalismo de Judas


 É inadmissível para um jornal, com relevância na cidade de Parintins, como o Novo Horizonte, ter matérias feitas pela Coordenadoria de Comunicação da Prefeitura. Nada contra o texto em si, que até mesmo é bem escrito, com acentuado tendencialismo às ações do governo municipal, é claro, mas um jornal que traz em suas capas o slogan “a verdade vos libertará” não pode, de maneira nenhuma, apresentar somente a visão unilateral do poder público municipal. Senão, que verdade será está? A verdade da prefeitura? Onde fica a questão social na qual todo jornal deveria pautar-se?
Na edição de nº 847, da primeira quinzena de outubro, o jornal exibe uma matéria que apresenta a inauguração da Policlínica do bairro Djard Vieira, Tia Leó. Nela, observamos somente a perspectiva da prefeitura. Não se questiona, por exemplo, a demora nos trabalhos, o valor da obra, etc.
Sabe-se, evidentemente, das dificuldades financeiras enfrentadas por quase todos os jornais da ilha. Porém, espera-se que as dificuldades não sirvam de pretexto para a subserviência do jornal.
O NH pertence à diocese. Parintins é uma cidade extremamente religiosa. Não pode então um meio de comunicação como este, pretenso formador de opinião, servir de vitrine para releases (textos de divulgação de empresas e instituições). Conhecemos a competência de quem está à frente do Sistema Alvorada de Comunicação e, por isso, esperamos que aconteçam modificações iminentes quanto a essa questão. A credibilidade alcançada pelo jornal ao longo dos anos não pode ser trocada por “30 moedas de prata”.

Felipe Lopes Amaral

Notícia ou Assessoria “pessoal” de imprensa


Uma notícia publicada recentemente pelo Jornal da Ilha trata da suspensão de pousos e decolagens do aeroporto Julio Belém, em função do lixo que trouxe muitas aves de rapina (urubus) que podem colidir com os aviões e causar acidentes.
Nota-se grande ênfase nos critérios noticiosos de proeminência social e significância observando que a notícia é relacionada ao poder publico municipal com notória ênfase pessoal ao prefeito e ao vice, em vez de dar tal destaque ao poder publico em si.
O enquadramento da noticia mostra-se bastante tendencioso, onde “milita” a favor da figura do prefeito, dizendo que este tem tentado resolver o problema. Novamente não se diz como, e põe-se a culpa na justiça, apresentando dessa forma fatos sem documentação que poderia vir a convencer o leitor ou fundamentar a própria notícia.
O titulo da matéria mostra-se inadequado ao conteúdo apresentado, pois este diz que a prefeitura busca respostas para o problema, porém essas soluções não são apresentadas. Falta ainda contextualizar melhor a noticia segundo suas causas e conseqüências, que estão muito pouco exploradas, ligadas apenas as fatos imediatos, com cobertura muito parcial. Poucas fontes são consultadas, não há tabelas, diagramas ou afins, que poderiam auxiliar a compreensão do leitor. Tratando-se do lixo, duas boas fontes de informação seriam as secretarias de obras e de meio ambiente, que não foram citadas na noticia, e de fato não polemizam a questão.
Helder Ronan de Souza Mourão

A opinião do “Olha Já”


Acompanhamos três edições da coluna “Olha Já”, do repórter Carlos Alexandre, publicada semanalmente no jornal Novo Horizonte. Na edição de número 847, de 02 a 08 de outubro, a coluna foi dividida em três partes. O autor faz uma pequena nota a favor da conscientização do eleitor parintinense para que eleja um representante na Assembléia Legislativa do Amazonas (ALE-AM). Por ser exemplo do gênero opinativo, a coluna mostra de fato a opinião do jornalista e colabora para tratar do jejum de 16 anos que Parintins não tem um representante na câmara estadual.
A segunda nota apenas parabeniza uma integrante do sistema alvorada de comunicação. A terceira nota, denominada “Omissão”, faz um interessante trabalho aproveitando-se das eleições para dar uma “alfinetada” nos candidatos presentes na cidade. O texto mostra a situação de penúria do Bairro da União e pede não apenas aos candidatos presentes, mas também aos representantes eleitos, que dêem uma ajuda, pelo menos, na resolução dos problemas de saneamento básico do bairro.
Se acreditamos no papel social do jornalismo, o artigo aponta para o sentido certo ao mostrar o que está sendo omitido para a população. Isso faz com que a comunidade busque as melhorias que o poder público tem a obrigação de fazer. Não basta mostrar uma noticia qualquer, o jornalismo tem o papel de encontrar o que há de singular no fato e mostrá-lo ao público.
A coluna se mostra interessante pelo papel crítico e social, mas pouco contribui nas outras duas notas citadas acima, que poderiam ser mais expressivas e seguir o molde da terceira ou servir de documentação pra mesma, pois nota-se o pouco uso de fontes.
Na edição 848, do período de 9 a 15 de outubro, a coluna pega um desdobramento da questão política e ainda trata das eleições. Usa do papel crítico para “alfinetar” a Justiça Eleitoral de Parintins, pois não foi passado o boletim com a atualização da apuração dos votos, sendo que as atualizações tiveram que ser recebidas via Twitter.
Em outra nota da coluna citou-se a eleição para o senado. O artigo mostra a discussão entre o Senador Artur Virgílio, e a recém eleita, Vanessa Graziotin, consultando os dois lados da questão na polêmica da compra de votos, acusada pelo Senador, e pondo a replica de Vanessa, que citou o processo que o prefeito responde.
O interessante na coluna foi o questionamento da figura do prefeito, visto que o jornal costuma apresentar informações sobre Bi apenas a partir de sua assessoria. Alexandre ainda deu uma pequena alfinetada nos “tucanos.”
Já na edição 849, de 16 a 22 de outubro, a coluna “Olha Já”, o repórter não pega o desdobramento da edição anterior, e novamente traz três notas de temas distintos, contudo, apresenta uma considerável queda quanto ao formato. O colunista não opina, apenas relata algumas informações, todas baseadas em uma única fonte.
A exceção da coluna é a terceira nota que denuncia o trabalho feito na unidade prisional de Parintins, mostrando que existe a possibilidade de ocorrer outra rebelião. Denuncia ainda que os trabalhos foram mal feitos e que existe a necessidade de isso ser revisto pelo poder público o quanto antes.
Ao elaborar essa nota, o colunista consultou apenas um entrevistado, o Juiz Áldrin Henrique Rodrigues, Diretor do Fórum de Justiça, e não buscou a contrapartida do governo do estado, pela secretaria de justiça. Essa prática, muito comum nos jornais parintinenses, compromete muito a qualidade da informação divulgada.
Quanto à forma, a coluna peca um pouco, pois houve alguns deslizes na constituição do texto, principalmente ao citar alguns órgãos pela sigla e não os discriminar para facilitar a compreensão do leitor.
Helder Ronan de Souza Mourão

Partidarismo político explícito no jornal A Folha do Povo


            A edição do dia 17 de setembro de 2010 do jornal “A Folha do Povo” explicita um problema constante na imprensa parintinense, a parcialidade política explícita. Isso se observa na matéria que trata da vinda a Parintins do então candidato ao governo do Estado, o senador Alfredo Nascimento.
            Logo no título do texto, “Alfredo é ovacionado pelo povo”, observa-se claramente a posição favorável do veículo em relação ao candidato. Isso evidencia que a matéria foi feita com uma finalidade que não era somente informar o leitor sobre a visita do candidato a cidade.
            O texto inicia-se de forma correta, pois obedece ao chamado Lead clássico (primeiro parágrafo de uma notícia que dá ao leitor um panorama inicial ao fato, mostrando o que é, porque aconteceu, quando ocorreu, como ocorreu, quem participou, onde ocorreu). Porém, não existe nexo neste período, visto que ao não utilizar-se de pontuação correta, o autor faz com que o parágrafo se torne enfadonho. Outro erro constatado no primeiro parágrafo foi a omissão de nomes de candidatos presentes no comício, já que não se evidenciou na matéria a presença de candidatos como Tony Medeiros, Henrique Oliveira, etc. mostrando assim o interesse ideológico da notícia.
            O objetivo do texto em fazer propaganda do candidato Alfredo fica mais evidente ainda nos dois últimos parágrafos, pois o repórter cita como fonte uma dona de casa que é totalmente a favor do candidato.
            Outros erros evidentes na matéria são: a utilização excessiva de adjetivos, a má diagramação do texto, a falta de sincronia entre texto e imagens, e a utilização de três parágrafos grandes em vez de parágrafos curtos, que poderiam facilitar a leitura.
            A explicitação de ideologias políticas na matéria faz com que o jornal perca credibilidade junto ao seu público leitor, sendo caracterizado como partidário. O leitor perde por não ser informado com clareza sobre  fato, já que o ocorrido foi exposto com uma total parcialidade política. Isso demonstra que o periódico, além de ter posição política escancarada, busca interesses particulares ao publicar a matéria.

Se espremer sai sangue...


Sangue. Cadáveres. Extrema exposição. É assim que muitos jornais apresentam-se para atrair a atenção de seus leitores. Em Parintins não é diferente, é comum encontrarmos fotos de cadáveres expostos nas paginas das mídias impressas da cidade.
Segundo o pesquisador de jornalismo Jorge Pedro Sousa, “fotojornalismo é na realidade uma atividade sem fronteiras claramente delimitada”, mas, na maioria dos jornais impressos em Parintins, são veiculadas imagens impactantes de pessoas acidentadas, no leito de morte etc.
 Muitos profissionais desses veículos têm aproveitado a oportunidade de cursar uma faculdade de jornalismo, contudo, parece que ainda não puseram em prática os conteúdos ministrados. 
Um exemplo claro deste posicionamento foi a edição de nº 54, do dia 05 de outubro de 2010, do Jornal Regional, que mostra a foto de um trabalhador que morreu vítima de um acidente após um portão cair sobre ele.
Os jornais de Parintins adotam uma postura sensacionalista, buscam, por meio de fotos exageradas, ganhar adeptos. Isso é lamentável, ou seja, usar do apelo emotivo para atrair o leitor - que se coloca no lugar da pessoa ou da família envolvida.
A publicação deste tipo de imagens que causam impactos é comum também em jornais de âmbito nacional. E Parintins, por fazer parte desse “time”, deveria tomar mais cuidado com suas publicações, não para ser melhor que eles, mas para minimamente tentar fazer a diferença.