terça-feira, 22 de maio de 2012

UFAM em Greve. Lacrima paralisado.

O Lacrima paralisa suas atividades acadêmicas, mas não "cruza os braços"


            Na última quinta-feira, dia 17 de maio, professores de 33 universidades federais brasileiras (entre elas a UFAM de Parintins) deflagraram greve por tempo indeterminado, paralisando suas atividades de ensino, pesquisa e extensão. A principal reivindicação dos docentes é a reestruturação da carreira, já que a proposta do Governo Federal é vista como uma afronta à valorização desses profissionais.
Pela proposta do Ministério da Educação, os professores recém-chegados a instituições de ensino superior federal demorariam muitos anos para alcançar o topo da carreira e definitivamente seria colocado o critério produtivista como regra de ascensão profissional. Isso significa a entrada de uma noção mercantil de produção científica em detrimento do papel intelectual da universidade como instituição disseminadora de conhecimentos voltados à superação das mazelas que acometem a humanidade.
            Só que ao contrário do que pensam muitos, essa greve não será sinônimo de “braços cruzados”. Serão realizadas inúmeras atividades de socialização das questões que envolvem a precarização do professor e as consequências, para a educação brasileira, da desvalorização do magistério superior. O objetivo é ocupar a universidade com atividades culturais e políticas, tornando essa mobilização um espaço para refletirmos coletivamente sobre questões pertinentes à nossa realidade. Temas como as cheias de nossa região e debates sobre o papel da universidade pública já estão sendo planejados. A luta por uma carreira docente digna, com a necessária reposição das vultosas perdas salariais dos últimos anos, torna-se uma luta em defesa da universidade pública. Querem proibir-nos de pensar. Pretendem estrangular essa instituição formadora, destroçar o humanismo que a inspira. Buscam precarizar e sucatear esse patrimônio público... Somos obrigados a resistir. Toda a comunidade de Parintins está convidada a ocupar a universidade conosco e fazer dessa manifestação uma luta pela educação brasileira. Uma luta pelo futuro.
 
 
Rafael Bellan R. de Souza
Coordenador do Lacrima
Professor do ICSEZ/Ufam
Doutor em Sociologia

(texto publicado na edição 75 - em 19/05/2012 - do Plantão Popular)

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Notícia especial(mente) feita pela situação


Na edição de 29 de Abril, o jornal Repórter Parintins traz a seguinte notícia: “Bi Garcia enfrenta e desmente oposição”. Durante a notícia uma série de discursos, de várias pessoas, são desmentidos por meio da fala do Prefeito.
O que se pode notar é a ênfase na figura do administrador municipal que teve 10 citações de sua fala, enquanto que outros presentes só foram citados indiretamente. Claramente o jornal buscou dar crédito ao prefeito e desmentir junto com ele as demais figuras do texto.
Para não fazemos julgamentos levemente apressados, digo que precisamos esperar e ver se o jornal publicará a treplica dos citados na notícia, caso não, podemos dar o jornal como totalmente vendido ao prefeito, já que começou a época das eleições.
Para terminar, a notícia é assinada por um “repórter especial”, termo usado em notícias cujo escritor não faz parte da redação do jornal, mas traz contribuições especiais. No entanto, esse repórter especial é assessor de um parlamentar da situação (grupo do prefeito), o que mostra a parcialidade da notícia e a falta de compromisso do editor do jornal em nos informar de fato quem está produzindo a informação publicada.

Helder Mourão

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Notícia para quem?


A edição do dia 29 de Abril do jornal Repórter Parintins traz em sua ultima página a seguinte notícia: “Banda Larga terá investimento de R$ 66 milhões na região Norte”.
O que se espera de uma notícia desse tema, tendo em vista a qualidade da internet em Parintins, é que o jornal tenha alguma posição ou questão relacionada à nossa cidade, o que não houve em momento nenhum.
Recentemente a Secretaria de Ciência e Tecnologia (SECT-AM) em negociações com a Empresa de Processamento de Dados do Amazonas (Prodam) anunciou estar “ampliando as perspectivas de expansão de inclusão digital no Amazonas” como aponta a seguinte notícia: http://www.fapeam.am.gov.br/noticia.php?not=6303. Nessa matéria já são destacados os municípios que receberão investimentos, sendo que Parintins não é um deles.
Faltou à notícia trazer informações que tenham interesse aos Parintinenses, mesmo que seja o fato de não estarmos dentro desses planos. O que faz da notícia uma informação que não é destinada a nós.

Possível “peixada”
Durante a notícia é citado que as negociações sobre a banda larga foram feitas em um almoço em Manaus, mas o trecho seguinte é curioso: “O principal assunto do almoço, uma degustação de peixes amazônicos preparada pela chefa de cozinha Maria do Céu...” Algo no mínimo chamativo para uma notícia sobre ciência e tecnologia, o que nos faz pensar na intensa propaganda dentro da notícia.

Helder Mourão

terça-feira, 8 de maio de 2012

Nós somos a notícia!


"A verdade vos libertará", é verdade, mas é necessário mais do que vaidade, como atesta o clássico Mito da Caverna de Platão...
Na edição do dia 7 de maio de 2012, o Jornal Alvorada na televisão apresentou uma matéria sobre a comemoração de 18 anos do jornal impresso Novo Horizonte.
O repórter começou apresentando a sala do acervo do jornal NH e mostrando desde a primeira edição do jornal impresso. Logo depois entrevista o coordenador do jornal NH que apresenta novamente de maneira breve a trajetória do impresso desde a sua primeira edição.
Após isso, entrevista também outro repórter que inicialmente fora um entregador do jornal Novo Horizonte, o qual mais uma vez exalta a imagem do veículo. E por último, entrevista o atual jornaleiro do NH, que também não deixa de exaltar a instituição e dizer que é um orgulho trabalhar naquele sistema de comunicação.
Mas na fala deste último há algo a mais, ele diz que o acervo do jornal está aberto para ser pesquisado, que a instituição recebe pessoas que precisam do jornal para realizar algum tipo de estudo.
Será mesmo que esta instituição está de portas abertas para receber pessoas que estejam dispostas a realizar qualquer tipo de estudo, inclusive no que diz respeito a pesquisa que envolva os modos de se fazer jornalismo do próprio sistema? Não foi o que deu a entender em um episódio vivenciado por uma pesquisadora num momento anterior.
Portanto, trata-se de uma notícia sem relevância para o conhecimento da sociedade em geral, pois vale ressaltar que o próprio jornal impresso já havia divulgado essa comemoração, que deveria ser somente interna. O número 18 no total de anos não é nem redondo, para justificar esse nível de comemoração...
Afinal, o jornal só deu ao entender que faltou matéria para complementar a grade de apresentação de notícias. Mas será mesmo que faltou assunto ou o jornal preferiu se exaltar a divulgar notícias de interesse público?

Hanne Caldas


Sobre a polêmica da restrição à pesquisa mencionada no texto veja:


segunda-feira, 7 de maio de 2012

Pais abandonam os filhos para se divertir?



O Jornal Novo Horizonte da edição de 21 a 27 de abril publicou uma matéria no caderno Cidades intitulada “Crianças abandonadas por pais festeiros”. Em seguida, vem a linha de apoio (subtítulo que complementa a informação do título) “A irresponsabilidade dos pais é tamanha que na maioria das vezes, a casa não oferece segurança às crianças”. O modo como a informação foi construída evidencia em demasia a opinião do repórter.
“Não opine em matérias informativas, use os fatos, eles são mais convincentes” (LAGE 2006 p 74). Como se percebe, esse critério não foi utilizado no processo de construção da notícia. Outro fator que não pode deixar de faltar nessa análise é o modo de construção do sentido da frase. A casa não oferece segurança às crianças? O foco seria a falta de responsabilidade dos pais, a casa não tem nada haver com o contexto da notícia. Ficaria melhor a frase: Alguns pais vão a festas e deixam os filhos sozinhos em casa. A falta de clareza do repórter prejudica a informação, sem contar a generalização que ele faz quando fala “pais festeiros”. Será que todos os pais que saem à noite deixam seus filhos sozinhos? LAGE (2006) ressalta em seu livro Linguagem Jornalística que se deve evitar generalizações pessoais e de classes sociais.
O repórter faz uma abordagem pouco aprofundada. Fala que são dezenas as denúncias de pais que deixam seus filhos sozinhos em casa para curtirem uma balada. Porém, em nenhum momento ele apresenta dados comprovados, como o número de denúncias, por exemplo. A única coisa mostrada em relação a isso é que a “maioria” das acusações são feitas por vizinhos incomodados. Por que ele não cita nenhuma estatística? Ou melhor, produza “[...] tabelas cronogramas, estatísticas quadros e outros recursos gráficos que auxiliam o leitor, a comparar e contextualizar as informações” (MOTTA, 2008 p 36). Na sequencia da notícia o autor ressalta as visitas feitas pelos conselheiros Marcos Azevêdo e Nilciara Barbosa e em nenhum momento menciona o local das vistorias. Não é importante para a informação falar onde se incide o maior número de pais que deixam seus filhos sozinhos? E os conselheiros não falaram nada de interessante para complementar a informação? A única fonte utilizada foi alguém que não quis se identificar. As fontes são sempre faladas em terceira pessoa “Contam que numa das residências” Quem conta? Os conselheiros, os moradores, a fonte anônima? Isso não está explícito no texto o que dificulta a compreensão do leitor.
O tema da notícia é importante, mas o modo como ela foi tratada deixa claro a falta de informação e de dados. Seria interessante se o veículo fizesse um comparativo com estatísticas de anos anteriores em relação ao descaso dos pais com os filhos. Será que o número aumentou, diminuiu? Por que é importante essa informação?
As redundâncias foram pouco importantes perto da falta de clareza e da parcialidade do autor da matéria. O papel social do jornalista de levar a informação da melhor forma possível ao seu leitor não foi alcançado. Notícias como essa são exemplos claros de falta de apuração, algo fundamental à profissão de repórter.

Evelyn Pessoa