O jornal Plantão
Popular publicou no dia 8 de janeiro de 2013, terça-feira, na página 4, uma notícia
intitulada “Bateu e engasgou menor de 15 anos”. Este título, que é o que parece
ser pelo tamanho da letra e a forma como se apresenta, deixa vago quem cometeu
o ato enunciado. Em cima do título, porém, com uma letra pequena, é dada uma
informação ao leitor: “Vizinho embriagado”. Este, na realidade, foi quem bateu
e “engasgou” a menor de 15 anos.
A notícia começa assim:
“Uma menor de 15 anos levou um tapa no rosto e sofreu engasgo praticado pelo
Janderson Nunes de Souza, 23”. A frase poderia facilmente ser trocada por: “Menor
de 15 anos foi agredida e sufocada por Janderson Nunes de Souza, 23”, isso porque
as expressões “levou um tapa” e “engasgo” fogem da linguagem coloquial em
benefício de uma linguagem regional e, na outra, “pelo Janderson..”, o pronome
usado deveria ser trocado, pois dá a entender que todos nós já conhecemos
Janderson Nunes.
Segundo o jornalista,
Janderson, aparentando embriaguez, tentou beijar a força uma criança de 13
anos, irmã da garota de 15 (informação fornecida no parágrafo seguinte), mas
ele não explicou o porquê da irmã mais velha ter sido agredida. O leitor é
obrigado a subentender que a criança de 15 tentou defender sua irmã, que estava
sendo assediada. Na verdade, a notícia deveria focar principalmente na criança
menor, visto que a intenção do jovem de 23 anos foi direcionada a menor de 13.
O segundo parágrafo é
bastante confuso, começa dizendo que a menina de 13 é irmã da de 15 (o que
devia ter feito no parágrafo do lide) e em seguida salienta o seguinte: “Acompanhada
do pai, a menor vítima registrou o Boletim de Ocorrência na 3ª Delegacia
Regional de Polícia”. Como estávamos falando da menina de 13 anos, logo podemos
pensar que ela foi acompanhada do pai fazer o B.O mas na verdade o jornalista
se refere a irmã de 15, confundindo a cabeça do leitor. Já na última parte do
parágrafo, o repórter cita que a garota de 13 anos compareceu a delegacia para
relatar o caso.
Podemos perceber uma
falta de coesão, concordância, harmonia no texto, o que leva o leitor a ler
mais de uma vez a matéria para compreender o que realmente aconteceu. Uma notícia
deve ser clara, o mais simples possível; neste caso, a linguagem está simples,
porém, o texto está bagunçado e difícil de entender.
Ainda que se trate da
fala de uma fonte, alguns cuidados com a escrita e pontuação devem ser tomados.
O terceiro parágrafo apresenta alguns detalhes que mereciam mais atenção por
parte do jornalista ou editor, casos como: “Ele disse para eu que me odiava” ou
“Falei para ele não me falar mal...”. Ainda que se trate de uma citação direta
da fonte, a norma culta da língua deve prevalecer, mesmo sendo a linguagem
coloquial a tônica do jornalismo.
É imperioso que o jornalista revise
seu texto várias vezes, ou que passe para outra pessoa ler antes da publicação.
Temos de ter em mente que o texto jornalístico deve prezar por uma linguagem
simples. Isso não significa que ele possa abrir mão da norma culta e da estética
das palavras.
Gustavo Saunier
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