quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Desinformação e confusão com menores





O jornal Plantão Popular publicou no dia 8 de janeiro de 2013, terça-feira, na página 4, uma notícia intitulada “Bateu e engasgou menor de 15 anos”. Este título, que é o que parece ser pelo tamanho da letra e a forma como se apresenta, deixa vago quem cometeu o ato enunciado. Em cima do título, porém, com uma letra pequena, é dada uma informação ao leitor: “Vizinho embriagado”. Este, na realidade, foi quem bateu e “engasgou” a menor de 15 anos.
A notícia começa assim: “Uma menor de 15 anos levou um tapa no rosto e sofreu engasgo praticado pelo Janderson Nunes de Souza, 23”. A frase poderia facilmente ser trocada por: “Menor de 15 anos foi agredida e sufocada por Janderson Nunes de Souza, 23”, isso porque as expressões “levou um tapa” e “engasgo” fogem da linguagem coloquial em benefício de uma linguagem regional e, na outra, “pelo Janderson..”, o pronome usado deveria ser trocado, pois dá a entender que todos nós já conhecemos Janderson Nunes.
Segundo o jornalista, Janderson, aparentando embriaguez, tentou beijar a força uma criança de 13 anos, irmã da garota de 15 (informação fornecida no parágrafo seguinte), mas ele não explicou o porquê da irmã mais velha ter sido agredida. O leitor é obrigado a subentender que a criança de 15 tentou defender sua irmã, que estava sendo assediada. Na verdade, a notícia deveria focar principalmente na criança menor, visto que a intenção do jovem de 23 anos foi direcionada a menor de 13.
O segundo parágrafo é bastante confuso, começa dizendo que a menina de 13 é irmã da de 15 (o que devia ter feito no parágrafo do lide) e em seguida salienta o seguinte: “Acompanhada do pai, a menor vítima registrou o Boletim de Ocorrência na 3ª Delegacia Regional de Polícia”. Como estávamos falando da menina de 13 anos, logo podemos pensar que ela foi acompanhada do pai fazer o B.O mas na verdade o jornalista se refere a irmã de 15, confundindo a cabeça do leitor. Já na última parte do parágrafo, o repórter cita que a garota de 13 anos compareceu a delegacia para relatar o caso.
Podemos perceber uma falta de coesão, concordância, harmonia no texto, o que leva o leitor a ler mais de uma vez a matéria para compreender o que realmente aconteceu. Uma notícia deve ser clara, o mais simples possível; neste caso, a linguagem está simples, porém, o texto está bagunçado e difícil de entender.
Ainda que se trate da fala de uma fonte, alguns cuidados com a escrita e pontuação devem ser tomados. O terceiro parágrafo apresenta alguns detalhes que mereciam mais atenção por parte do jornalista ou editor, casos como: “Ele disse para eu que me odiava” ou “Falei para ele não me falar mal...”. Ainda que se trate de uma citação direta da fonte, a norma culta da língua deve prevalecer, mesmo sendo a linguagem coloquial a tônica do jornalismo.
            É imperioso que o jornalista revise seu texto várias vezes, ou que passe para outra pessoa ler antes da publicação. Temos de ter em mente que o texto jornalístico deve prezar por uma linguagem simples. Isso não significa que ele possa abrir mão da norma culta e da estética das palavras.

Gustavo Saunier

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