sábado, 4 de dezembro de 2010

Jornal de opinião com pouca informação

             Na edição de 24 de outubro, o jornal Repórter Parintins trouxe em seu editorial o tema da cassação do mandato de João Pontes (PTB), o popular “João Bacú”. Ao falar do processo, o editorial inicia o texto com bons argumentos, levantando a idéia de que há de fato certa lentidão no processo de cassação do mandato do vereador, e que isso até sugere que “na sociedade, o sentimento é que está agindo corporativamente ou, no mínimo, conivente com o criminoso”, referindo-se ao Legislativo Municipal. Contudo, para a surpresa do leitor, o editorial se mostra contrario a informação dada e em um período único e destacado, aponta “Certamente, não é isso.”
             Adiante, afirma que existe a necessidade deste julgamento e cassação, e que essa ação vinda da câmara engrandecerá a casa e a visão que o povo tem sobre ela. Depois, cita um caso como referencia e documentação para o fato, que ocorreu na Inglaterra com Ronald Biggs. Responsável por um famoso assalto, Ronald fugiu da prisão e de seu país em 1963, mas voltou em 2001, quando novamente foi preso e cumpriu o resto da pena.
             Sinteticamente, o editorial mostra e tenta agendar no imaginário do público a necessidade de a lei ser cumprida, e dá essa “dica” à câmara e, dessa forma, realiza seu papel de pautar o que precisa ser pensado e refletido, além de levar essa causa à população. É sempre bom lembrar que o jornalismo tem o papel de difundir conhecimento.
             Mesmo apresentando uma opinião clara e concisa a favor da câmara e do poder público, faltam fontes para melhor fundamentar as causas do atraso do processo, visto que o vereador afastado já foi acusado em um processo e espera mais cinco serem julgados.
             O titulo do editorial, “Estuprar e prevaricar são crimes”, já aponta o fato do vereador precisar ser julgado nos demais processos e da câmara precisar agir, afinal a prevaricação também é um crime. O titulo é também a ultima frase do editorial, e mostra-se correto durante este, estando de acordo com o texto.
             Mesmo sendo opinativo por essência, faltou a documentação e comprovação das informações, para que editorial pudesse informar substancialmente. O jornal deu sua opinião para o público e uma sugestão para a câmara, mas não soube dizer o motivo da prevaricação da casa e da justiça.

OBS: Prevaricar significa retardar ou deixar de praticar devidamente os atos legalmente exigidos por um funcionário público no exercício de sua função.

Helder Ronan de Souza Mourão

3 comentários:

  1. O certo seria "Ronald Biggs" e não "Roald" ok?
    Abs M

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  2. Boa noite Helder
    Boas perguntas também seriam necessárias no caso do João, como por exemplo:
    -Qual o acompanhamento psico-social o estado ou MPE disponibilisou as crianças?
    -Qual foi o acompanhamento que os pais das crianças tiveram ou fizeram durante o periodo?
    -O que hoje estão fazendo as criaças, estarão recebendo algum acompanhamento, ou estarão a quem da situação?
    -Será que em seus depoimentos as crianças tiveram o acompanhamento necessário e obrigado em lei para que pudesse ser validado o depoimento?

    Essas são algumas perguntas que voce poderia ajudar a responder, visto seu interesse nessa reportagem.

    Desde já agradeço o espaço e fico no aguardo de uma resposta plausível.

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  3. Bem, quanto ao nome do Inglês, foi um pequeno erro de digitação, mas já esta corrigido. Obrigado pela ressalva.
    Quando à seu comentário, Pontes, as perguntas que você sugeriu são muito boas, e precisam de fato serem respondidas ao público.
    Infelizmente o observatório, tem o intuito básico de crítica de mídia para a construção de um bom jornalismo e do próprio senso crítico da população, então tenho que deixar as perguntas para jornalistas que atuam na área e possam pública-las.
    Obrigado pelo comentário.

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