Na edição do dia 7 de maio o jornal Plantão Popular publicou uma notícia com o seguinte título: “Idosa Espancada pelo filho”. Os dois primeiros parágrafos da notícia realmente tratam do fato, uma senhora idosa que foi agredida pelo filho, que foi preso por tal crime.
O que chama atenção é que adiante, em quase toda a notícia, outro fato é apresentado e discorrido, pondo em questão a agressão de outra pessoa, uma jovem de 24 anos que foi espancada pelo marido. Notem que o título já não condiz em quase nada com essa parte da notícia, que é maior que a anterior, tratando de uma jovem espancada pelo marido, um erro gravíssimo que tira a credibilidade do jornal.
O conteúdo em si está com uma boa abordagem, denunciando o crime, buscando a Delegada da Mulher, Ana Denise, enquanto fonte, e citando a lei Maria da Penha. Porém, certa exposição das vítimas foi desnecessária, e muito ruim, pois ao citar o nome completo e a idade das vítimas e dos agressores, o jornalista expõe as agredidas a uma possível vingança, além de deteriorar a imagem destas pessoas que já vem sofrendo com a pressão psicológica de serem vítimas de um crime.
Outro problema da notícia é a consulta das fontes. As pessoas consultadas são a Delegada, uma das vítimas e um documento - o boletim de ocorrência. O problema neste caso é que uma das vitimas citadas aparece abordada por meio do boletim de ocorrência da delegacia, não tendo voz para dar seu parecer e sua opinião dentro da matéria. Dessa forma, ela é tratada enquanto informação coisificada, como um objeto jornalístico, quando deveria ser a protagonista da notícia.
Helder Mourão
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