imagem por Andreas Smetana |
Na edição nº 908, referente à semana de 3 a 9 de dezembro de 2011, o jornal Novo Horizonte trouxe como chamada principal de capa a notícia intitulada “250 Casos de AIDS em Parintins”. Logo, o editorial desta edição também foi voltado para a temática da doença e sua proliferação no município, o qual estava intitulado “AIDS”, escrito em cor branca numa faixa preta e logo abaixo escrito “Vergonha, medo, preconceito...”.
De fato, trata-se de uma abordagem importante sobre o tema, pois explicita alguns dos fatores como o preconceito, a incerteza, a vergonha etc., que ainda pesam sobre os cidadãos parintinenses para fazerem os exames e até mesmo conviverem com a doença.
Por outro lado, o jornal apresenta um trecho que diz: “É preciso cuidado! Uma relação sexual não é algo fruto simplesmente do desejo. Não é um momento feito, unicamente, para o prazer. É algo que se constrói a dois, que se faz com confiança e segurança”.
Nestas palavras consta uma ideia que está implícita, a ideologia cristã, pois sugere juízo defensor de que o sexo, quando é feito entre duas pessoas que se amam, estas estão livres de contrair a Aids ou qualquer outra DST. E que essas doenças só estão no âmbito da libertinagem, como se fosse um modo de Deus punir essas criaturas que não querem nada sério com ninguém, mas apenas o prazer.
Outra colocação é o fato do sexo ser construído a dois e feito com confiança e segurança, pois o jornal há de refletir também que nunca esteve e nunca vai estar escrito na testa de ninguém se a pessoa é ou não portadora de uma DST e, portanto, no momento do afã sexual poucas são as pessoas que param para pensar nas consequências, mas querem a satisfação, o prazer sexual.
Além do editorial, há também a chamada de capa que é uma notícia presente na editoria Cidade, p. 7, intitulada “Parintins tem 250 casos positivos de HIV”. A notícia em seu contexto está bem desenvolvida, pois traz dados importantes para informar e situar o leitor, como números de casos positivos de HIV na cidade, os fatores que inibem os cidadãos a fazerem o exame, onde fazê-lo etc. Porém, durante toda a leitura, em nenhum momento, é explicitado de onde foram retirados os dados apresentados na matéria, fato este que repassa incerteza ao leitor quanto à credibilidade das informações.
Hanne Caldas