segunda-feira, 30 de maio de 2011

Comemoração!



            É com orgulho que nós do Lacrima (Laboratório de Crítica de Mídia do Amazonas) festejamos a marca de 50 ensaios publicados no blog Observando. Desde outubro esse Projeto de Extensão da UFAM tem trazido semanalmente análises sobre o jornalismo parintinense, sempre norteados pela compreensão de que essa profissão deve ser entendida como uma prática social comprometida com o interesse público e as forças progressistas da Amazônia.
            Sabemos que a iniciativa do blog ainda é muito pouco, a caminhada é longa, mas é nosso interesse despertar a comunidade para uma leitura crítica da mídia e pela necessidade de colocar em relevo a pauta da democratização da comunicação. Mesmo com dificuldades, é nosso intuito continuar a aprimorar essa ferramenta, estabelecendo esse espaço como uma referencia democrática de debate sobre os usos da mídia e a prática jornalística em Parintins.
            O sucesso desse esforço depende não apenas de nós, mas daqueles que enxergam o papel social da universidade como formadora de agentes de transformação. Os alunos participantes dessa iniciativa deram um grande salto rumo a esse objetivo. Aos leitores, fica o agradecimento e um convite para o debate.

Daniel, Helder, Hanne, Tuanny, Inara e Felipe, essa pequena conquista é de vocês.

Rafael Bellan R. de Souza
Coordenador do Lacrima/Docente do ICSEZ/UFAM

Deixou dúvida!






            Na edição nº 83 do dia 13 de maio de 2011 o Jornal Plantão Popular publicou, como uma das suas matérias principais, a transferência do ex-vereador João Pontes, o João Bacu, após ter seu mandato cassado pela Câmara Municipal de Parintins. O título do texto foi “Bacu transferido para Manaus”.
            A notícia também traz uma imagem do ex-vereador com a legenda “João Pontes pode ser levado para a capital a qualquer momento” e no final a matéria apresenta que o momento dessa ação não foi definido, ou seja, há uma discordância entre o título, a legenda da foto e as informações contidas no texto. Fica a dúvida, pois não se sabe se Bacu já foi transferido para Manaus ou se ainda vai haver essa transferência.
            Em 11 de maio, no dia seguinte ao da cassação, João Bacu, ao receber a notícia da perda de seu mandato, passou mal e foi levado para a emergência do Hospital Regional Jofre Cohen, onde foi atendido pelo médico Jorge de Paula.
            O que chama a atenção diante dessas informações é a especialidade do médico que atendeu João Bacu, pois vale esclarecer ao leitor que Jorge de Paula é legista, ou seja, especialista em corpo de delito humano e em necropsia (exame de cadáver). Apesar do médico estar apto a realizar o atendimento do paciente, mais parece, dado o contexto, que ele foi cuidar da morte política do ex-vereador!
            Em análise geral, percebe-se que faltou um pouco mais de atenção do jornalista em relação à concordância entre as informações no momento da construção da notícia. E sobre o comentário em relação ao médico que atendeu Bacu, é apenas uma ressalva, pois é sempre válido analisar as fontes envolvidas no fato.

Hanne Assimen Caldas

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Olha o “Ricardão” aí!



            O sensacionalismo é algo presente na mídia parintinense. Observa-se esse problema na edição do dia 11 de maio do Jornal Regional, que dedicou uma matéria exclusivamente para noticiar um caso de traição que terminou em agressão física.
            Além de evidenciar o caso de deslealdade, a matéria ridiculariza os envolvidos no ocorrido. Percebe-se isso logo no título, em que se descreve uma caricatura do suposto amante da esposa do traído, chamado pelo veiculo de “Ricardão”.
            A utilização de mais de uma fonte é algo muito importante ao se fazer uma notícia, pois permite investigar os diversos ângulos de um fato. Porém, na matéria isso não acontece, visto que o traído é a única fonte. Isso demonstra que a notícia é tendenciosa, pois a utilização dessa fonte faz com que se crie a idéia de que o traído é o mocinho, enquanto sua esposa e o Ricardão são os vilões.
            Percebe-se também que nesse texto faltou algo muito importante ao jornalismo, a ética. Isso porque explicita-se algo que não é de interesse público, pois a matéria trata exclusivamente de um caso de traição, algo de pertinência exclusiva dos envolvidos e seus familiares. 

Daniel Sicsú

quarta-feira, 25 de maio de 2011

O espetáculo da notícia

Na noticia “Mãe abandona bebê ao sofrer surto psicótico”, da edição do dia 17 de março de 2011, do Jornal Plantão Popular, observamos o que se pode chamar de “espetacularização” em relação à ação do individuo em foco. Ou seja, o jornal usou o chamado perfil do inusitado: “Mais do que a normalidade e o cotidiano revelador da pessoa em foco, procura-se extrair dela o que a caracterizaria, mesmo que à força, como excêntrica, exótica” (MEDINA, 2008. p. 16).
A notícia expôs o caso utilizando-se de humor, no qual expõe a figura do caso em questão (mãe de 35 anos), principalmente no relato de uma das fontes (a doméstica), quando ela diz: “disse pra mim ficar com o menino, porque ela era uma Sereia e tinha que se encantar de novo” (sic).
Na tentativa de passar uma maior veracidade, o jornal usou desses relatos um tanto “excêntricos” em relação à mulher com transtornos mentais. Os fatos não foram devidamente checados, nem foram entrevistadas outras fontes, como, por exemplo, tentar ir à busca do marido da mulher, ou tentar obter mais informações sobre ela, para saber se foi a primeira vez que o surto aconteceu. Isso poderia fornecer uma maior confiabilidade na noticia.
Quem garante que a doméstica não omitiu alguma informação, em algum momento de seu relato sobre o fato? Será que essa mãe tem outros filhos? Se tiver, será que abandonou algum deles por ai? Será que realmente ela é casada? Será verdade que ela é de Oriximiná?
O repórter não apresenta em nenhum momento o relato de alguém que conhecia a mulher. Mesmo que o prazo de entrega para uma noticia seja curto, isso não é desculpa para uma apuração mal desempenhada. 
            Esse jornal não é o único a apresentar tais falhas. Fica o alerta para os jornais parintinenses, que devem procurar verificar melhor as informações. “A disciplina de verificação é um suporte para a edição, que melhor se realiza quanto mais planejado for o processo de produção da noticia” (PEREIRA JUNIOR, 2006.p. 92).

                     Tuanny Dutra

Referências:
MEDINA, Cremilda. Entrevista: O diálogo possível. São Paulo: Atica, 2008.
PEREIRA JÚNIOR, Luiz Costa. A apuração da notícia. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006.

A educação em Parintins

Muito interessante para análise o questionamento feito pelo quadro opinativo “tema da semana” intitulado: “IDEB x Aprendizado” do Jornal Novo Horizonte da semana de 07 a 13 de maio de 2011. No mesmo jornal, porém, verifica-se uma matéria de caráter informativo que trata da Mostra de Gestão das escolas da cidade. O teor do texto mostra como Parintins evoluiu e se desenvolveu na perspectiva educacional, chegando a adjetivar a Mostra de Gestão como “festa da educação” e fazendo do município um modelo para outras cidades do estado, já que lidera o ranking como a cidade que mais ganha prêmios, obtidos por meio dos bons índices no IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica).
E justamente sobre esse assunto, entretanto em sentido contrário, com um caráter mais questionador, está o referido opinativo sobre o termo da semana que traz um titulo que questiona “a verdade” indicada pelo índice que avalia a educação no país. E partindo deste questionamento é que está nossa análise ao parabenizar o caráter instigador da reflexão opinativa.
Sabemos que este sim é o verdadeiro papel do jornalismo. Repassar ao publico os fatos, porém levantando os questionamentos necessários quando couber.
Quem trabalha com educação em Parintins sabe e conhece os bastidores de como são realizados esses índices. Há uma verdadeira preparação das escolas para as provas do IDEB, sem preocupar-se tanto com o aprendizado como um todo, sem contar o índice de aprovação que tem que ser elevado, fazendo com que alunos tenham que ser aprovados a todo custo.
Portanto, falar em festa da educação chega a entristecer quem tem conhecimento da realidade da educação na Ilha.

Felipe Lopes

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Faltou atenção!

            A edição nº81 do Jornal Plantão Popular do dia 11 de maio de 2011, traz como uma das matérias principais a morte da adolescente Clícia Villar, 15 anos, utilizando o título “Morte de adolescente gera protestos sobre habilitação”.
            A morte da adolescente se deu em decorrência do acidente de moto na estrada do Aninga na tarde de domingo, 1º de maio.
            O Jornal retrata a morte da vítima pelo lado polêmico da questão, que é a facilidade de pessoas sem habilitação e menores terem acesso para conduzirem veículos livremente na Ilha, e apresenta como uma das fontes a fala de uma prima da adolescente vitimada, em que afirma que Clícia e a colega que estava com ela na moto estavam usando capacete no momento do acidente.
            O que vem a ser questionado aqui é justamente a afirmação da prima de Clícia, pois segundo testemunhas oculares (pessoas que acompanharam o trajeto do acidente), utilizados aqui como fontes anônimas, o fato é totalmente o oposto da afirmação da prima, ou seja, afirmam terem visto Clícia – que conduzia a moto – e sua colega (passageira), no momento em que passaram, ou melhor, ultrapassaram em alta velocidade os veículos das testemunhas.
            A fonte que se identifica como A. Augusto afirma ter visto as duas adolescentes, que ultrapassaram na contra-mão, em alta velocidade a sua moto na estrada do Aninga, próximo da curva, e cada uma com um capacete no braço, e não na cabeça como afirma a prima de Clícia. Outra testemunha identificado como José Sousa, que também assistiu ao acidente, afirma não ter visto as adolescentes portando capacete em suas cabeças.
            A partir do relato das testemunhas e a afirmação da prima da vítima, forma-se a pergunta: quem está falando a verdade, as pessoas que viram o acontecimento ou a prima que com certeza vai defender a adolescente vitimada?
            O próprio acontecimento responde a pergunta, pois se realmente a condutora estivesse utilizando capacete no momento do acidente em que seu corpo foi lançado, dificilmente o capacete deixaria que sua cabeça ultrapassasse a cerca da porteira de tal modo como aconteceu, ou até poderia deixar, mas antes disso acontecer o capacete sofreria pelo menos algum arranhão, fato este que não aconteceu, o que mais uma vez comprova o relato das testemunhas e desmente a afirmação da prima.
            Enfim, vale lembrar ao Jornal Plantão Popular que um fato sempre tem diversas versões, as quais todas devem ser minuciosamente apuradas e analisadas, a fim de  colocar todas as interrogações que cercam um fato em questão para que somente a informação correta possa ser transmitida aos leitores. É importante também evitar fontes  que possam comprometer a validade da informação, como fontes muito próxima das pessoas envolvidas no fato, pois o que fica perceptível nessa análise é a falta de comprometimento da apuração do repórter, onde este deveria se preocupar em coletar a maior quantidade de relatos possível para não haver questionamentos e contradições posteriores. E agora, será que o Jornal volta atrás e procura rever os relatos?

Hanne Assimen Caldas

Quem escreveu?


Aqui vai uma análise sobre três edições (N° 50, 51 e 52) do Jornal Repórter Parintins, mas que vale para todos os demais jornais do município, pois todos vêm mantendo esse pequeno problema que vou enunciar.
Como Parintins é uma cidade de poucos habitantes, dificilmente um jornal consegue sobreviver sem um apoio financeiro ou patrocínio, dessa forma algumas páginas ou espaços dos jornais são comprados por pessoas ou por instituições.
Esse é um dos trabalhos do que se chama de assessoria de imprensa, um grupo dentro de uma instituição que é responsável por fazer com que determinada pessoa ou instituição sejam bem vistas pelas pessoas, e uma das técnicas mais comuns desse trabalho é o de conseguir espaços na mídia que falem bem desses assessorados. Dessa forma sua imagem sempre será positiva e seus trabalhos estarão sendo informados ao público.
Mas afinal isso também é jornalismo? NÃO! O jornalismo trabalha com notícias de interesse público e busca seus fatos em qualquer lugar que possa lhes fornecer as informações que vão ser transformadas em notícia. Diferente disso, a assessoria busca seus fatos na empresa ou pessoa para quem trabalha, logicamente a informação sempre estará a favor da empresa ou pessoa.
Como dito antes, é muito difícil dos jornais sobreviverem sem isso, porém o que os jornais vêm fazendo de errado é publicar as notícias, como se estas fossem um jornalismo de fato. Se as notícias da assessoria são sempre pensadas e escritas pensando em fazer uma boa imagem de terceiros, o leitor precisa saber a origem delas.
Comumente os jornais usam duas nomenclaturas para assinarem as notícias: Por exemplo, quando alguém da equipe do jornal é o escritor, a assinatura aparece: Fulano da equipe do jornal. Caso a notícia seja de um jornalista de fora do jornal assina-se da seguinte forma: Especial para o Jornal. Nesse caso, os jornalistas deveriam por o seguinte em seu jornal: Da assessoria de comunicação da empresa ou pessoa. Assim o leitor saberá se a notícia publicada é da equipe do jornal, de fora da equipe ou de assessoria.
O jornalismo tem um compromisso diferente da assessoria, é claro que ele não prega a verdade absoluta, e em outros ensaios aqui já disseram isso, mas a assessoria tem um intuito direto de fazer propaganda de seu assessorado.
Caso os jornais não mudem sua postura sobre isso, conforme propomos, é só o leitor observar sobre o que os escritores andam publicando, e então vamos notar que são sempre as mesmas figuras falando das mesmas pessoas nos impressos da ilha.

Helder Mourão

terça-feira, 17 de maio de 2011

Tema perdido­

Na edição do dia 7 de maio o jornal Plantão Popular publicou uma notícia com o seguinte título: “Idosa Espancada pelo filho”. Os dois primeiros parágrafos da notícia realmente tratam do fato, uma senhora idosa que foi agredida pelo filho, que foi preso por tal crime.
O que chama atenção é que adiante, em quase toda a notícia, outro fato é apresentado e discorrido, pondo em questão a agressão de outra pessoa, uma jovem de 24 anos que foi espancada pelo marido. Notem que o título já não condiz em quase nada com essa parte da notícia, que é maior que a anterior, tratando de uma jovem espancada pelo marido, um erro gravíssimo que tira a credibilidade do jornal.
O conteúdo em si está com uma boa abordagem, denunciando o crime, buscando a Delegada da Mulher, Ana Denise, enquanto fonte, e citando a lei Maria da Penha. Porém, certa exposição das vítimas foi desnecessária, e muito ruim, pois ao citar o nome completo e a idade das vítimas e dos agressores, o jornalista expõe as agredidas a uma possível vingança, além de deteriorar a imagem destas pessoas que já vem sofrendo com a pressão psicológica de serem vítimas de um crime.
Outro problema da notícia é a consulta das fontes. As pessoas consultadas são a Delegada, uma das vítimas e um documento - o boletim de ocorrência. O problema neste caso é que uma das vitimas citadas aparece abordada por meio do boletim de ocorrência da delegacia, não tendo voz para dar seu parecer e sua opinião dentro da matéria. Dessa forma, ela é tratada enquanto informação coisificada, como um objeto jornalístico, quando deveria ser a protagonista da notícia.

Helder Mourão

Fale e será a notícia! – parte II

           Assim como ocorre nas rádios de Parintins - como foi mostrado anteriormente no ensaio Fale e será a notícia! (http://observandoparintins.blogspot.com/2011/03/fale-e-sera-noticia.html) - parece que tem se tornado comum a prática de dar ao público a oportunidade de fazer a notícia.
Na edição nº 80, do dia 7 de maio de 2011, o Jornal Plantão Popular traz como uma das notícias principais a matéria “Longa-metragem mostra dia-a-dia dos extrativistas”, o que vem a ser um tema de interesse para os trabalhadores da área.
           O texto de apresentação da matéria apresenta somente informações sobre a produtora que irá chegar a Parintins para concretizar a produção do filme, mas em nenhum momento cita o porque que o município de Parintins foi contemplado. Ao final dessa introdução, aponta o que irá ser feito sobre as iniciativas de sucesso na Amazônia, mas não se refere a nenhum tipo delas.
O que realmente chama a atenção na matéria é o modo na qual é produzida, pois só se observa a participação do jornalista no primeiro parágrafo da notícia, sendo que em todo o desenvolvimento do texto o profissional utiliza o depoimento de uma única fonte, o presidente da Associação dos Moveleiros de Parintins, Edgar Silva.
           Vale ressaltar que a notícia está disposta em cinco parágrafos, mas o que é possível perceber é que, além de utilizar somente uma única fonte, ainda coloca como todo o desenvolvimento somente a fala de seu depoente, sendo que a conclusão da notícia ainda é com a fala deste ultimo.
Fora o primeiro parágrafo, não há mais nenhuma mediação do jornalista ao longo da notícia, o que só confirma a falta de profissionalismo ao construir a informação. É válido relembrar também que nunca se deve consultar somente uma fonte, pois demonstra um único ponto de vista. E fundamental levar em consideração que todo fato envolve mais de uma opinião, que pode ser ouvida e relatada.
           No terceiro parágrafo, o depoente cita que esse documentário que será produzido irá ser apresentado na Rio mais vinte, mas em nenhum momento o jornalista explica que se trata de uma conferência para debater sobre o meio ambiente, o que mais uma vez confirma o descaso com a preocupação de levar a informação como forma de conhecimento ao leitor.  


Hanne Assimen Caldas

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Artigo sobre o aborto


Confira na nova seção "Artigos" um texto de Hanne Caldas sobre a polêmica questão do aborto, cuja cobertura pela mídia parintinense, até aqui realizada, obscurece a real dimensão do tema. Pauta fundamental de um jornalismo socialmente comprometido, apresentamos aqui uma abordagem alternativa, conectada a um debate dos mais necessários no sentido da ampliação dos direitos das mulheres. 

Trecho:

"O fato da sociedade considerar como crime o aborto, desenvolve a criação, manutenção e reprodução de um duplo status na sociedade brasileira, ou seja, as mulheres que dispõem de melhores condições financeiras, e podem pagar um aborto numa clínica de qualidade, não correm o risco de possíveis sequelas ou morte. Já a realidade das mulheres pobres, que correspondem à grande maioria, é totalmente diferente".

O texto na integra pode ser acessado aqui.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

A importância da revisão


 
O jornal Plantão Popular deixou a desejar em alguns dos seus textos publicados recentemente, ferindo as normas cultas da língua portuguesa e as regras de um bom texto jornalístico. Exemplificando: na edição do dia 17 de março a manchete da primeira página é “Murro de Arrimo ameaça deslizar”, quando o certo é muro de arrimo. A princípio, constata-se que seria um erro de digitação, mas no lide da noticia (que é o primeiro parágrafo que relata os aspectos mais importantes do acontecimento) surge novamente a palavra “Murro”, com letra maiúscula.
No segundo parágrafo é posto a fala do secretario de obras Mateus Assayag, que ocupa um espaço significante na noticia, mal fornecendo chance para o próprio repórter enunciar os fatos.
Ainda na edição do dia 17 de março, o jornal publica um fato de denúncia contra uma madrasta que espanca sua enteada adolescente. A notícia descreve o acontecimento na voz da adolescente espancada e da mãe dela. No entanto, a citação posta entre aspas dificulta o entendimento do fato. A fala posta no texto reuniu a voz do repórter junto à da fonte.
Em relatos à polícia a menor contou que “estava com meu namorado na frente de casa quando ela chegou e começou a me ofender (...). Quando entrei em casa, ela me agrediu e me deixou assim”.
Quem que estava com seu namorado, a entrevistada ou o repórter?
            Para melhor compreensão, considera-se o texto informativo quando o repórter descreve/relata fatos. É o que todos os jornais fazem. No entanto, a partir do momento em que o texto esta sendo escrito na terceira pessoa, se torna um pouco confuso logo em seguida abrir aspas e colocar uma fala em primeira pessoa. Fica difícil distinguir a fala do repórter e da fonte. Esse procedimento esta ocorrendo em quase todas as edições do Jornal Plantão Popular.
Nas edições mais recentes, como a do dia 3 de maio, na noticia com tema “Rios e lagos ganham 16,7 mil filhotes de quelônios este ano” o erro se repete. No segundo período da noticia foi posta a fala da primeira e única fonte Andson Brelaz, em que vale ressaltar o pouco interesse da parte do jornal em ir atrás de outras fontes para enriquecer a noticia.
            Na edição do dia 4 de maio, encontramos os mesmos deslizes em todas as noticias. No dia 05 de maio, mais falhas na elaboração dos textos em relação à citação da fala das fontes.
O jornal Plantão Popular, assim como os demais jornais de Parintins, deve atentar para erros como os citados por nós, algo que uma boa e cuidadosa revisão já resolveria.
Tuanny Dutra

“Tá” tudo ótimo



           Como se não bastasse o uso dos veículos de comunicação para promover políticos, agora também são utilizados para evidenciar fatos que podem ou não ser realidade. Nota-se isso na edição do dia 1º de maio do Jornal Repórter Parintins, que dedica uma matéria para falar da mostra de painéis das escolas da rede de ensino do Estado.
            Essa suposta realidade começa a ser evidenciada logo no subtítulo da matéria, em que se escreve que os “Painéis apresentados pelas escolas representam avanços na educação parintinense”. O objetivo é criar no imaginário do leitor a noção de que a rede estadual de ensino em Parintins está “a mil maravilhas” – pelo menos seria isso o que teria sido evidenciado na Mostra de Painéis das Escolas do Estado.
            O fato de a matéria mostrar só os êxitos da rede de ensino estadual nos remete a idéia de que objetivo do texto é enaltecer de todas as formas a atuação da SEDUC (Secretaria de Educação do Amazonas), em Parintins. Nisso, nota-se que o enquadramento da matéria é de caráter publicitário, visto que a imagem passada para o leitor é de que o trabalho da SEDUC em Parintins está surtindo ótimo efeito. Contudo, se formos analisar profundamente, veremos que isso não é verdade, visto que questões como a qualificação e a melhoria de salários para os professores continuam as mesmas. Faltou na notícia o elemento da contradição, a problematização real da educação no município.
            A utilização de fontes totalmente ligadas tanto a SEDUC, quanto aos educandários, faz com que as informações colhidas percam a credibilidade dada pelo leitor. Assim, surge uma dúvida: será que a educação está progredindo, ou os dados estão sendo manipulados para que acreditemos nisso?

Daniel Sicsú

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Qual é o preço da informação?

 Antes de começar a análise sobre o editorial do jornal “A Folha do Povo” da primeira quinzena de abril de 2011, gostaria de parabenizar todos os profissionais que trabalham e fazem acontecer o referido jornal durante esses três anos. Feito o registro, vamos ao que interessa.
            No seu editorial intitulado “A democracia se difunde com liberdade de imprensa”, visualizamos, através de suas entrelinhas, o formato jornalístico padrão desse impresso. Primeiro vamos nos fixar na afirmação do primeiro parágrafo que diz: “sabemos o preço da imparcialidade, e sentimos na pele o valor de nossa independência”. Lembrem-se bem da utilização das palavras preço e valor, pois no decorrer de nossa análise retomaremos esses termos. Mais adiante é levantado novamente essa questão de valores e conduta ética quando se diz que “sabemos o quanto custará esta imparcialidade, contudo a hipocrisia ou forma ilícita de auferir lucro fácil passará longe de nossa conduta”. Guardem também estas palavras que ajudaram a tecer essa teia discursiva de nossa análise.
            Antes, observamos um fato curioso quando é expresso no editorial o seguinte: “Claro que somos suscetíveis a equívocos, jamais nos intitularemos de dono da verdade, porém a manchete de capa do jornal traz os seguintes dizeres: “3 anos falando a verdade”. No mínimo contraditório...
            Agora vem o ponto alto do editorial, quando percebemos que há muitas matérias que não condizem com a opinião do veiculo, por pertencerem ao espaço publicitário pago do jornal, porém que fique claro: espaço publicitário é algo que deveria ser expresso claramente ao leitor como sendo de caráter publicitário e não ser transformado e camuflado como se tratando de uma noticia informativa. É esse o preço e o valor da independência e da imparcialidade tratados anteriormente levando ao publico informações que não condizem com a realidade somente porque se paga um determinado valor ao jornal para se falar o que convém A ou a B.
            Enfim, essa é “A Folha do Povo”. Cabe ao Leitor tirar suas próprias conclusões. Oportunidade não falta de dialogar com o jornal visto que na própria conclusão do editorial tem-se a informação, estranha num espaço opinativo, de como ocorrer esse dialogo. Mais uma vez PARABÉNS Folha do Povo.

Felipe Lopes

Parintins Urgente!


Na terça- feira do dia 19 de abril o programa Povo na TV exibiu de forma bastante maldosa a matéria de uma criança que faleceu, ainda no ventre de sua mãe, com o pescoço quebrado.
Na edição exibida o que percebemos é o uso de pessoas mais carentes para atingir a prefeitura. No caso das pessoas mostradas, uma família totalmente desprotegida e humilde, notamos o abuso do apresentador em mostrar em todos os ângulos a criança morta e, depois de tanta exibição, falar ao vivo para a avó da criança não mostrar o corpo da recém- nascida!
 O que nos preocupa é até que ponto o dono, e apresentador do programa, Alexandre da Carbrás quer chegar.
Com o seu programa, Carbrás quebra todos os princípios éticos do jornalista. Serve como exemplo para futuros jornalistas não seguirem sua linha de raciocínio, por que, no momento, o que sentimos é a vergonha diante do mal profissionalismo mostrado no programa.

Inara Machado