A edição nº81 do Jornal Plantão Popular do dia 11 de maio de 2011, traz como uma das matérias principais a morte da adolescente Clícia Villar, 15 anos, utilizando o título “Morte de adolescente gera protestos sobre habilitação”.
A morte da adolescente se deu em decorrência do acidente de moto na estrada do Aninga na tarde de domingo, 1º de maio.
O Jornal retrata a morte da vítima pelo lado polêmico da questão, que é a facilidade de pessoas sem habilitação e menores terem acesso para conduzirem veículos livremente na Ilha, e apresenta como uma das fontes a fala de uma prima da adolescente vitimada, em que afirma que Clícia e a colega que estava com ela na moto estavam
usando capacete no momento do acidente.
O que vem a ser questionado aqui é justamente a afirmação da prima de Clícia, pois segundo testemunhas oculares (pessoas que acompanharam o trajeto do acidente), utilizados aqui como fontes anônimas, o fato é totalmente o oposto da afirmação da prima, ou seja, afirmam terem visto Clícia – que conduzia a moto – e sua colega (passageira), no momento em que passaram, ou melhor, ultrapassaram em alta velocidade os veículos das testemunhas.
A fonte que se identifica como A. Augusto afirma ter visto as duas adolescentes, que ultrapassaram na contra-mão, em alta velocidade a sua moto na estrada do Aninga, próximo da curva, e cada uma com um capacete no braço, e não na cabeça como afirma a prima de Clícia. Outra testemunha identificado como José Sousa, que também assistiu ao acidente, afirma não ter visto as adolescentes portando capacete em suas cabeças.
A partir do relato das testemunhas e a afirmação da prima da vítima, forma-se a pergunta: quem está falando a verdade, as pessoas que viram o acontecimento ou a prima que com certeza vai defender a adolescente vitimada?
O próprio acontecimento responde a pergunta, pois se realmente a condutora estivesse utilizando capacete no momento do acidente em que seu corpo foi lançado, dificilmente o capacete deixaria que sua cabeça ultrapassasse a cerca da porteira de tal modo como aconteceu, ou até poderia deixar, mas antes disso acontecer o capacete sofreria pelo menos algum arranhão, fato este que não aconteceu, o que mais uma vez comprova o relato das testemunhas e desmente a afirmação da prima.
Enfim, vale lembrar ao Jornal Plantão Popular que um fato sempre tem diversas versões, as quais todas devem ser minuciosamente apuradas e analisadas, a fim de colocar todas as interrogações que cercam um fato em questão para que somente a informação correta possa ser transmitida aos leitores. É importante também evitar fontes que possam comprometer a validade da informação, como fontes muito próxima das pessoas envolvidas no fato, pois o que fica perceptível nessa análise é a falta de comprometimento da apuração do repórter, onde este deveria se preocupar em coletar a maior quantidade de relatos possível para não haver questionamentos e contradições posteriores. E agora, será que o Jornal volta atrás e procura rever os relatos?
Hanne Assimen Caldas