segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Experiência sexual não é critério para qualificar estupro!



“Jovens acusados de estupro ficarão presos por 45 dias”. Essa é uma das matérias principais do Jornal Da Ilha na edição do dia 14 de agosto de 2011. Apesar do destaque na capa do informativo, não foi dada a devida atenção ao assunto.
O texto, escrito em três parágrafos, apresenta erros ortográficos e termos repetitivos. A palavra “espançaram”, no segundo parágrafo, indica a falta de revisão. Além do uso excessivo da palavra “menor” que dificulta o esclarecimento de forma satisfatória ao leitor. No entanto, não são os erros técnicos que chamam atenção, o mais grave corresponde a um dos argumentos usados pelo repórter para indicar a seriedade do fato ocorrido.
O último parágrafo inicia com a frase: “Ela contou à polícia que ainda não tinha tido experiências sexuais...”. Então, quer dizer que se fosse diferente o crime teria menos relevância? Bem, trata-se de um estupro e é importante deixar claro que essa informação não torna o que aconteceu menos ou mais grave.
O texto tem como origem o Sistema Alvorada, o que pode explicar a utilização de tal argumento, devido questões ideológicas. Porém, a tentativa de qualificar o estupro em graus de gravidade reforça estereótipos machistas, cujo resultado pode ser a noção de que as garotas que já iniciaram a vida sexual sofrem menos – frente a um crime desse porte - do que as virgens.

Karine Nunes

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