O “exemplo de cidadania” da população é usado para que o povo faça as atribuições do estado! |
Na edição do último domingo, dia 30 de outubro, o Repórter Parintins traz como capa a notícia “Ação Voluntária!”. A matéria trata do problema da falta de sinalização nas ruas do bairro de João Novo. Como diz a linha de apoio, ou subtítulo, “Moradores, depois de tanto esperar, resolveram fazer por conta própria as sinalizações da rua”. O jornal caracteriza os moradores como “exemplo de cidadania”.
A questão que faltou exploração esteve isolada apenas na fala do Major Túlio Freitas, único a apontar que “o trabalho de sinalização de ruas é competência da prefeitura, como descrito na constituição de 1988”.
Não descarto a importância da movimentação das pessoas para sanar seus problemas. Mas como disse o Major, essa é uma competência da prefeitura. Esse “exemplo de cidadania” vicia o governo a precarizar esses sistemas que já são ruins. Se hoje esse serviço de sinalização foi “forçadamente terceirizado” para o povo, que paga os impostos para ter esse tipo de retorno, amanhã são outras competências do poder público que vão faltar, até que as ações todas fiquem na mão da população. Não basta substituir o papel da prefeitura, é necessário algum tipo de mobilização para que o descaso do poder público não se repita.
Esse “esquecimento” pela parte do poder público caracteriza uma posição politica e econômica conhecida como Estado mínimo, característica do chamado neoliberalismo. Ao Estado Mínimo cabe garantir a ordem, a legalidade e concentrar seu papel executivo naqueles serviços mínimos necessários, deixando todo o resto para que o indivíduo e o mercado resolvam. Trata-se de uma enganação e uma falsa liberdade dada ao povo, que perde as politicas públicas e as ações bancadas com a arrecadação de impostos, deixando que o mercado comande a lógica do Estado.
A notícia termina com a frase de um estudante dizendo que levará sua ideia para outro Bairro, o da Sham, e completa ainda falando que “se formos olhar para a crise ninguém faz nada”. Esse é o objetivo que o poder busca nos indivíduos e o jornal não explorou isso. A ação do povo é válida, pois os problemas precisam ser sanados, mas algo tem que ser feito para que isso não se torne um costume, caso contrário, todas as ações da secretaria de obras ficarão na mão do povo, pois, além disso, o bairro União, por exemplo, não tem a menor condição de assumir as rédeas de seus graves problemas sociais.
Veja aqui a notícia original, da qual foi feito o ensaio.
Veja aqui a notícia original, da qual foi feito o ensaio.
Helder Mourão
Concordo, por mais boa a intenção que a populaçao tenha, a prefeitura pode se acustumar e se omitir ainda mais.
ResponderExcluirParabéns Helder. Muito feliz sua análise... Observações como a sua me deixam orgulhoso de ter participado do início desse projeto... Quanto as críticas que o grupo vêm recebendo fiquem tranquilos e assimilem como positivo... Quem se dispõe a criticar deve estar preparado tb para receber criticas, desde que fundamentadas eh claro... Abracs a todos do Lácrima.
ResponderExcluirFELIPE LOPES AMARAL.............
Li a matéria do jornal e o que me espanta é saber que tem um professor que integra a comissão de trânsito do município, que é omisso, ou não sabe a importância de sua função nessa comissão. Se ele quer ajudar o município (e espero que ele saiba a diferença: município, cidade, prefeito, etc.) deve ser mais esclarecido e não fazer o papel do estado, e sim lutar para que cada um cumpra o seu papel (inclusive o seu na comissão de trânsito). Professores que confundem ou não sabem um conceito básico de cidadania não é incomum em Parintins. Eu mesmo já fui buscar um filho de uma atividade de “cidadania” executado pela escola, quando soube que o que estava programado era a pintura de um faixa de pedestre em uma rua próximo ao bumbódromo em plena época de festival. E o pior, no comunicado entregue aos pais dizia que seria uma manhã de cidadania e expressão artística.
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