terça-feira, 8 de novembro de 2011

Retrato do terror


     
O jornal A Folha do Povo volta a uma prática que tornou-se comum na sua política editorial: a apresentação de fotos de cadáveres. Esse grave erro foi constatado na 2ª edição de outubro, na qual é dada metade da capa e toda a página 5 para se mostrar o caso de decapitação de Hudson Alves.
Ao dar muita evidência ao ocorrido, percebe-se que o A Folha do Povo cria, direta ou indiretamente, a sensação de pânico em seus leitores, tendo em vista que busca-se fazer uma espécie de linha cronológica com todos os casos de homicídio ocorrentes em Parintins no ano de 2011.
 Lendo o texto, o leitor pergunta para si mesmo: “será que estou seguro nessa cidade?”. Não podemos dizer se estamos ou não seguros em Parintins, mas pelo texto publicado no A Folha do Povo, a ideia de que a cidade é violenta aumenta, tendo em vista que, em todo o texto, pontua-se um por um por os homicídios ocorridos nesse ano na cidade.
Além de mostrar o retrato do terror, o jornal faz uma coisa muito pior, que é a exposição da imagem de uma cabeça na capa e no corpo da matéria sobre os homicídios. Vendo isso, pode-se concluir que o único objetivo do veículo é fazer que a venda dele possa crescer, pois há a ideia de que quanto mais desgraça há, mais o povo se interessa por um determinado fato. Nessa dedução, chega-se a uma conclusão: o A Folha do Povo mostra cadáveres frequentemente para que a venda de seus exemplares possam ter um crescimento estrondoso.
Hudson Alves não é a primeira vítima de homicício que tem seu corpo exposto no periódico. Em outras oportunidades o veículo mostrou um rapaz morto com chave mecânica em um de seus olhos, uma moça enforcada no quintal de sua casa, entre outros casos. Com essas coberturas altamente sensacionalistas, o informativo desrespeita a dor das famílias, que, além de já ter que suportar a perda de um ente-querido, ainda têm que ver um jornal tirar proveito da situação para aumentar sua vendagem.
Com essa prática, observa-se que a ética é algo que fica em segundo plano no jornal A Folha do Povo, afinal, o veículo prefere aumentar as vendas dos exemplares com as fotos horrendas, do que somente informar o ocorrido. Assim, aconselhamos à pessoa que fez o texto a ter umas aulas de Ética e Legislação do Jornalismo, pois, um verdadeiro jornalista não faz o que foi feito nessa edição do A Folha do Povo. Diante disso, o jornal deveria tentar ser mais humano, não entendendo as pessoas mortas como objetos a serem expostos.

Lacrima

4 comentários:

  1. Concordo com você meu caro, vendo por um lado (sensacionalista) as pessoas gostam de polêmica, não sendo nossos parentes queremos ver o corpo, a cabeça e quantas mais partes do corpo tiver, o que nos importa é vermos o “carinha que morreu”, porem não respeitamos a dor de uma família que perdeu um ente querido, uma mãe que verá seu filho, ou melhor, uma parte do seu filho exposto no jornal de uma forma tão cruel, que é a da morte, ou seja, a ultima foto que a mãe terá, é uma triste capa de jornal com a cabeça do seu filho estendida no mato, me remeti a pensar numa música “Que país é esse”ou melhor que Jornal é esse que burla as normas da ética, que aderi a pratica sensacionalista apelativa para vender e vender, sei que vivemos num mundo onde o consumo e o poder prevalecem, porém não é vendendo exposições de cenas de filme de terror que mudaremos o cenário do seu negocio meu caro redator da Folha do Povo, o povo também gosta de verdade, já pensou em vender uma matéria que exponha a realidade como ela é? Na nossa cidade tem muito furo de reportagem, muitas matérias que lhe renderiam bastante. Portanto eu como cidadã se quero ver o corpo vou no necrotério, ou velório, não estou pedindo para deixar de publicar os crimes, porém uma foto modesta da vitima ainda viva tudo bem, mas a óbito é desumano meu caro, você não ia querer que publicassem a sua.

    Cardoso

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  2. Quando a notícia envolve violência e vítimas de danos físicos a ideia, se possivel, é mostrar a vítima, mas não o dano físico, se possível uma feição de medo ou algo sentimental vale muito mais do que o sangue e os ossos.
    Caso não, da pra mostrar outra coisa, os médicos, enfermeiros, policiais, bombeiros, a cena do acidente sem as pessoas, é uma gama infinita de possibilidades, que ainda por cima aguçam a curiosidade e a imaginação.

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  3. Nesse caso, ganhar dinheiro é o lema, passando por cima de tudo .

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  4. Alguém tem o contato de telefone desse jornal? Preciso entrar em contato co eles urgente

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