Não
utilizar mais de uma fonte em uma matéria faz com que se evidencie apenas um
ponto de vista acerca de um assunto. Isso é notado em uma matéria publicada no
dia 25 de março pelo jornal Repórter Parintins.
Tendo como chamada “Professor enganava até a Diocese de Parintins”, a matéria
serve como um espaço para que o bispo de Parintins, Dom Giuliano Frigeni,
mostre sua opinião sobre a polêmica gerada a partir da acusação de falsificação
de documentos feita pelo professor Valdson Soares.
O
texto inicia-se já de uma forma que dá a entender que o professor será atacado
durante todo o seu decorrer, pois, de primeira, coloca-se uma fala da
autoridade religiosa afirmando que ele sempre foi problemático. O ataque fica
mais evidente no terceiro parágrafo, no qual o sacerdote afirma que o professor
é esquizofrênico, e precisa ser tratado com um psiquiatra.
A
depreciação da imagem do docente chega ao seu ápice no quinto parágrafo, no
qual o mesmo começa com a fala do bispo desmentindo o fato de os estudos de
Valdson serem fomentados pela Igreja. Depois disso, reinicia-se a ofensiva
contra o professor, tendo em vista que, segundo o bispo, o estado de tormento
do educador é avançado, o que demonstra claramente o objetivo da matéria em
criminalizá-lo.
No
final, a notícia ganha um caráter mais tênue, em vista que há a explicação de
que o jornal procurou manter contato com o professor, sendo que não foi
possível pelo fato de o educador não atender os telefonemas do impresso. Além
disso, mostra-se o apoio de ex-alunos e amigos na rede social Facebook.
Com
a utilização de uma única fonte, a matéria parece ter sido usada como um espaço
destinada a Dom Giuliano “tacar o terror” sobre o assunto. Não tendo conseguido
manter contato com o professor, o jornal deveria procurar e entrevistar amigos,
familiares e ex-alunos para saber a opinião deles sobre o caso. Várias visões
sobre o ocorrido fariam com que a matéria se tornasse mais rica em informações.
Daniel Sicsú
Nenhum comentário:
Postar um comentário