sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Sensacionalismo na veia!



Na edição nº 178, do dia 28 de setembro, o jornal Plantão Popular traz a notícia intitulada “Estudante atingido por zagaia ao tentar agredir horticultor”. Esta é a matéria principal da página, que relata o fato de um rapaz que foi agredido por um utensílio de pesca.
Trata-se de uma notícia um tanto confusa, pois no primeiro parágrafo o repórter relata que a vítima (Edy Carlos), no dia em que sofreu a agressão, teria ido à residência de sua namorada, e estava armado com um terçado. Já no segundo parágrafo, o autor relata que Edy Carlos, por estar alcoolizado, teria se desentendido com a namorada porque “provavelmente” queria terminar o namoro, daí foi em casa se armar e retornou para o acerto de contas. O que deixa a dúvida: o rapaz, antes de ir pra casa da namorada já estava armado? Ou somente depois que eles se desentenderam?
Mas o que chama atenção do leitor nesta matéria é a imagem utilizada, pois, mais uma vez o jornal publica uma foto inadequada, ou seja, mostra uma foto bem de perto de Edy Carlos com a zagaia cravada em sua cabeça.
A imagem desperta atenção imediata e provoca impacto nas pessoas, mas o difícil é encontrar um sentido jornalístico para esta foto, pois o que fica perceptível é o sensacionalismo e a espetacularização da vítima estampada para impressionar o público.
Portanto, mais uma vez, o jornal, além de mostrar uma imagem inadequada em que expõe a vítima, ainda apresenta um texto um tanto confuso, que não esclarece ao leitor o real motivo pelo qual aconteceu a agressão, pois vale ressaltar que na notícia, quando o autor escreve a palavra “provavelmente”, parece que ele não tem nenhuma certeza de nada sobre o acontecimento...


Hanne Caldas


Na falta de algo, vamos agendar!


 
O Jornal Alvorada da TV, no dia 22 de Setembro, trouxe uma notícia um tanto fora do tempo. A matéria trata do Aniversário do parquinho de Parintins, Pichita Cohen.
O estranho de a informação ter se tornado notícia é o fato do aniversário do Parquinho ser apenas em outubro, junto ao dia das crianças. A matéria não mostrou nenhuma informação que justificasse o motivo da antecipação.
Ao entrevistar o responsável pelo parquinho, este apenas falou um pouco sobre a possível programação do aniversário e também não identificou uma necessidade do evento estar sendo lembrado agora, tão antes da data. Falta de notícia não deve ser confundido com critério de noticiabilidade... 

Helder Mourão

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Sempre o lado ruim

A concentração foi iniciada em frente à Universidade de Santiago  Foto: EFE


A edição de 21 de Setembro do Jornal A Crítica trouxe uma notícia intitulada “Chile: 70 mil vão perder ano letivo”. Na linha de apoio, também chamada de subtítulo vem escrito: “Piñera tenta acabar com quatro meses de protestos”.
Para percebermos que a notícia só vai mostrar um lado, no chapéu, que é composto por no máximo três palavras acima do título, que identificam de modo geral a notícia, está escrito “PRESIDENTE ANUNCIA”, ou seja, a notícia é um anuncio do presidente do Chile. Está escolhido o lado.
A matéria mostra apenas a tentativa do Presidente chileno, Piñera, de acabar com as paralizações e protestos estudantis. O jornal apresenta dados jogados a favor do presidente, como o fato de serem apenas 2% de estudantes do ensino médio que correm o risco de repetir a série por estar nas mobilizações.
Outro dado apresentado é que os estudantes são culpados por perder o ano letivo, pois não se inscreveram no plano do governo para recuperar as aulas perdidas. E em nenhum momento é citado a real necessidade da paralisação e dos movimentos. Para fechar a notícia, o ultimo dado é a queda de popularidade do presidente, que registrou a menor desde que o Chile retornou a democracia.
Para fechar, a foto que ilustra a notícia também não mostra nada relacionado ao tema. Apresenta uma foto posada do presidente batendo palmas - e ainda portando a faixa presidencial...

Helder Mourão

terça-feira, 27 de setembro de 2011

O outro olhar da notícia?


A edição do Plantão Popular do dia 15 de setembro traz a notícia “Nova invasão avança em Parintins em propriedades particulares”.
 Para fazer referência aos envolvidos no assunto, o repórter utiliza de termos como “invasores” (leia o texto abaixo), se munindo da declaração de uma fonte não identificada, denuncia que existe um grupo de pessoas que se aproveitam da miséria humana: “os cabeças das invasões estão muito bem de vida, porque sempre ganham dinheiro, sem trabalhar. Eles vivem à custa da politicagem...”.
 Percebe-se durante todo texto a construção de um discurso que coloca os envolvidos como vilões da história, um enquadramento negativo do assunto. É comum essa abordagem nas coberturas jornalísticas sobre ocupação de terras. Geralmente verifica-se a prioridade do texto em destacar quem está certo ou errado, é estabelecido um pré-julgamento.
O mesmo informativo publicou, na edição do dia seguinte, 16 de setembro, a matéria: “Promotor diz que invasores cometem crime ambiental”. A cobertura adotada é a mesma, isto é, condenando os ocupantes do loteamento.
O interessante seria se o jornalista buscasse enfatizar uma pauta social. Buscar conhecer os verdadeiros motivos que levam essas pessoas a ocuparem o local, questões como o crescimento desordenado da cidade, a falta de moradias e as condições de sobrevivência, em geral.
Quanto ao “crime ambiental”, o resgate de discussões como a criação do Residencial Vila Cristina, por exemplo, poderia ser relevante. Afinal, esse caso não foi uma agressão ao meio ambiente? O que torna a nova ocupação uma situação mais grave? Se há mesmo uma “indústria das invasões”, como é citado no texto, mostrar quem são os “cabeças” do movimento, ou no mínimo os acusado, daria mais credibilidade à informação.
Portanto, o periódico, que se intitula: “O outro olhar da notícia”, apenas repete a abordagem comum de outros jornais do município. Usam uma pauta pronta que criminaliza os participantes da ocupação.

Karine Nunes

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Invasão ou ocupação?

 
Discutir semântica no jornalismo? Essa é uma das primeiras questões (mesmo que indiretamente) que salta na cabeça de jornalistas, políticos, religiosos e pessoas em geral quando criticados pelo uso do termo invasão ao invés de ocupação.
A discussão sobre os sentidos que estas palavras revelam são realmente muito apropriadas. Porém, muito mais que isso, é necessário também discutir os valores ideológicos que permeiam esses dois termos usados principalmente em períodos como o que viveu Parintins no início de setembro de 2011, quando alguns terrenos do bairro Itaúna foram ocupados (invadidos).
É no sentido de estimular questionamentos sobre a temática que este texto apresenta uma análise do uso do termo invasão no folhetim Plantão Popular (Edição do dia 16 de setembro de 2011), mas que também se aplica a outros veículos do município de Parintins.

Abordagem do Plantão
Na edição são usados 6 (seis) vezes o termo invasão e outras palavras da mesma raiz como  invadir/invasores/invadidas e usou-se apenas uma vez a palavra desocupação que é o oposto de ocupação. Além de empregar o termo invasão de modo a criminalizar o movimento social, as matérias também enfatizam tal ideia ao enunciar que os manifestantes estão cometendo crimes ambientais.
Outro entrave na edição é a apuração da notícia. As informações são verificadas por meio de fontes oficiosas: o Ministério Público, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (SEDEMA) e a Policia Militar e um morador que se sente prejudicado. Percebe-se que o folhetim não apresenta a fala de manifestantes e líderes do movimento.
As fotos expõem apenas as queimadas no terreno, o morador que reclamou da ocupação e as fontes oficiais no meio da multidão. Em nenhum momento mostram a precariedade vivida pelos manifestantes, por exemplo.
Em resumo, a edição induz a seguinte sequência de pensamento: baderneiros invadem a terra >> cometem crime ambiental>> são injustos por não pagarem pelas terras>> fazem parte de uma “indústria de invasores” (termo usado na notícia), ou seja, vão invadir mais terras>> merecem ser expulsos e presos. 

Reflexão
Algumas visões sobre os movimentos sociais são compartilhadas massivamente.  No senso comum haverá, e muito, o discurso de que a tentativa de apropriação do espaço é um ato desonesto, pois é difundido que todo manifestante não trabalhou para conseguir determinado espaço. Os próprios manifestantes vêem o ato desta forma, pois como dito, já é senso comum. Porém o jornalismo não existe para repetir o que foi dito, mas para além de informar deve cumprir também a função crítica na sociedade para qual existe.
É necessário revisitar o dicionário Houaiss para verificar que invasão tem o significado de invadir terreno ocupado ilegalmente, ou seja, o significado mostra a ilegalidade do ato. Já ocupação é o modo de aquisição de propriedade sem dono, ou abandonada, ou seja, diminui o sentido ilegal do termo anterior. É com esta visão que Cortina e Marchezan afirmam que “toda invasão pressupõe uma ocupação, mas a recíproca não é verdadeira. Entre elas, há uma acentuação de força, ou de ilegalidade – a invasão evoca ilegalidade” (2004, p. 42).
Cortina e Marchezan continuam a reflexão orientados pela relação entre produtividade da terra, duração e ocupação, ou seja, uma ocupação prevê um tempo de permanência definitiva em uma terra e uma invasão é só provisória, por isso que quem lucra com valores fundiários luta para que sempre haja uma duração mínima nas tentativas de ocupação.
É nesse sentido que é indispensável compreender o nascimento das lutas sociais, em especial os conflitos por terra, entender que por trás do senso comum de dizer que tudo vai ser resolvido com uma canetada há o direito da habitação e do trabalho também previstos na Constituição.
Enfim, usar o termo ocupação no lugar de invasão não é só uma questão de estética no jornalismo. É de reflexão.   

Sue Anne Cursino – bacharel em Comunicação Social/Jornalismo pela UFAM


HOUAISS, Minidicionário da Língua Portuguesa/ organizado pelo Instituto Antônio Houaiss de Lexografia e Banco de Dados da Língua Portuguesa S/C Ltda.- 2.ed.rev e aum.- Rio de Janeiro: Objetiva, 2004.

MARCHEZAN; CORTINA, Razões e sensibilidades: a semiótica em foco. Araraquara: Laboratório Editorial/FCL/UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica Editora, 2004. 

Que bicho é esse?


Nas edições de sábado, 3 de setembro e sexta-feira, 9 de setembro, o jornal Plantão Popular trouxe como uma de suas matérias principais a praga chamada Mosca da Carambola. Na primeira edição, 3 de setembro, o título é “Mosca da carambola afeta importação de frutas do Pará” e na segunda, 9 de setembro, o título traz “Mosca da Carambola: tomate e laranja na mira dos fiscais”.
Nas duas notícias o repórter dá ênfase às vozes oficiais como a do secretário municipal de produção e abastecimento, Lucivaldo Pereira, e a gerente da Comissão de Defesa Sanitária, Animal e Vegetal do Amazonas, a veterinária Mara Ferreira, em que ambos falam que já montaram barreira de fiscalização e que é o momento de valorizar a produção local.
Mas em nenhum momento o jornal apresenta uma outra fonte, como um técnico falando sobre o assunto, um agricultor, feirante ou até mesmo o consumidor, para constatar se estas mercadorias não estão chegando às feiras e se realmente está havendo o incentivo à produção local.
O interessante a ser observado, também, é que nas duas notícias apresentadas, nenhuma delas esclarece ao leitor o que é essa praga chamada Mosca da Carambola, por que afeta outras frutas, verduras e legumes, quais os riscos do ser humano entrar em contato com essa praga, como o consumidor pode identifica-la nos produtos afetados, entre outros fatores a serem explorados para melhor entendimento do leitor.
Apesar de ter esse nome “Mosca da Carambola”, essa praga afeta frutas como goiaba, manga, jambo, taperebá, caju, jaca, tomate, laranja, entre outras. Além disso, segundo as notícias apresentadas, os principais vetores para a propagação das larvas não é a carambola, mas sim a laranja e o tomate, o que deixa mais dúvidas pairando no ar. E para completar a confusão, no final da notícia do dia 3, ainda tem a fala da gerente da Comissão de Defesa Sanitária, Animal e Vegetal (Codesav), Mara Ferreira, que diz ser necessário ter outra rota de acesso até os estados fornecedores (Pará, Bahia e São Paulo) solucionarem o problema. Mas peraí, a praga não foi encontrada no Pará? O que a Bahia e São Paulo têm haver com isso?
            Enfim, mais uma vez as notícias não foram suficientes para esclarecer os fatos ao leitor e a prática jornalística não apresentou a finalidade de ser uma forma social de conhecimento, gerando mais dúvidas do que esclarecimentos.

Hanne Assimen

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Exposição e o cúmulo da parcialidade

 



A edição de 17 a 23 de Setembro do Jornal Novo Horizonte traz um gênero pouco usado no jornalismo de Parintins, o perfil. Este é um gênero opinativo do jornalismo e destaca-se por informar e trazer breves opiniões sobre uma pessoa específica. O Gênero detalha a pessoa nos aspectos importantes para o jornal naquele momento, que pode ser sua vida, seu trabalho ou outra informação pessoal. O destaque aqui não é motivado pelo jornal trazer um perfil, mas pela abordagem que tenta mostrar claramente um individuo nos seus aspectos negativos.
Intitulado “Quem é Rafael?”, o texto tem o objetivo de explorar a figura de Rafael Silva, acusado recentemente pela morte de Omar Faria. Como se não bastassem todos os problemas do jovem, que é acusado, mas não culpado ainda, o jornal traz à tona a vida, coisas intimas e pessoais de Rafael, que independente do parecer de condenação ou absolvição já estará detalhadamente explorado pela mídia.
A “inocência” ou NÃO do jornal que explicitou o rapaz dessa forma de certo não terá o mesmo poder de reverter à situação desse relevo dado à figura de Rafael. Outra boa pergunta para o leitor ficar atento é a seguinte: esse caso teria a mesma repercussão e esse mesmo espaço no jornal se a vítima fosse desconhecida, não tão popular como esta?
Vale ressaltar que outros casos de assassinatos homofóbicos aconteceram recentemente em Parintins e basta olhar os jornais, não apenas esse, para ver o enquadramento e como o tema rapidamente foi esquecido.

Dando uma de polícia e justiça
Se não bastasse o enquadramento dito acima, o jornalista responsável pela matéria parece que a escreveu inspirado em linguagem policial, assumindo tons de investigador. Basta ler o texto e observar que ele logo deixa de ser um perfil e o jornalista começa a discutir a importância e o descarte das fontes usadas na investigação.
Levados pela parcialidade e a falta de fundamentos para montar a identidade que o jornal quer, eles ainda trazem como fonte (lembrando que em perfil não se usam fontes) seu próprio cinegrafista, com a seguinte colocação: “Se realmente foi ele que tirou a vida do Omar ele se parece ser muito frio”.
Com isso, fica clara a intenção de tentar mostrar um enquadramento balanceado, mas que realmente evidência a intenção do jornal em mostrar um rapaz frio e calculista, praticamente julgando-o culpado.

Helder Mourão

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

“Fale o que quiser!"



            Dedicada quase que exclusivamente para mostras o lado ruim da ocupação de terra em Parintins, a edição do 16 de setembro do jornal Plantão Popular traz uma matéria denominada “Professor vê desrespeito ao trabalhador”. Matéria essa que tem o objetivo de ser uma espécie de espaço para que o professor Márcio Farias fale tudo o que pensa sobre o movimento dito “invasor”.
            A matéria é utilizada como um instrumento de desabafo, visto que ela é constituída, em sua maioria, por falas de Márcio. Isso nos remete a ideia de que o repórter, para não perder a entrevista, usou tudo o que foi dito pelo educador  para servir como uma espécie de preenchimento da página.
            Mostrando só os aspectos negativos do movimento, essa edição mostra que o “O outro olhar da notícia” do jornal Plantão Popular foi por “água abaixo”, pois o veículo só busca criminalizar a ocupação, deixando de levar em consideração a falta de políticas públicas voltadas para a construção de moradias a pessoas com a mínima condição financeira para construir sua própria casa.
            Quando o entrevistado diz que, “uma vez mantida a invasão, nunca mais teremos o sossego que buscamos quando optamos construir nossas casas para dar qualidade de vida às nossas famílias”, ele demonstra seu lado preconceituoso quanto aos ocupantes. Com essa fala, ele diz nas entrelinhas que, com a chegada desses novos moradores, a tranqüilidade do local ficará comprometida.
            Analisando de forma rápida a edição, percebe-se que o jornal vem com o claro objetivo de atacar o movimento, visto que só usa fontes que vão contra a mobilização. Além disso, nenhum ocupante foi entrevistado, demonstrando que o jornal não vê “os dois lados da moedas”, afinal os ocupantes são criminalizados do começo ao fim.

Daniel Sicsú

A culpa é do leitor?



Na edição do dia 02 de setembro de 2011 do Jornal Plantão Popular há uma notícia com o título “Cantor estrangulado e esfaqueado em sua casa”, este título apresentado será um dos pontos a ser analisado, pois a expressão “esfaqueado em sua casa” usada no título impõe que o “cantor” foi morto na casa do leitor.  Oferecendo uma concepção contraria para o receptor, o uso do termo “em sua casa” foi empregado inadequadamente no título. O correto seria na casa “dele” ou somente “em casa”.
A notícia não apresenta LIDE, que busca responder as principais perguntas que o leitor procura ao ler a matéria: O que?  Quem? Quando? Onde? Por quê? Como? Isso faz com que a notícia não seja introduzida devidamente, deixando em aberto aspectos importantes do fato. Além disso, é usado no texto termos inadequados e até piegas como “requintes de crueldade”, “exame cadavérico” e “vidas ceifadas”, as quais dificultam a compreensão do leitor. O jornalista tem o compromisso de informar ou propagar os acontecimentos que sejam de interesse público de forma cautelosa, esse compromisso de informar a população exige apuração e aprofundamento dos fatos de forma prudente.
Em uma notícia, o jornalista deve apresentar uma linguagem simples, clara e objetiva, para que o leitor tenha uma boa compreensão dos fatos. Após o processo de produção da notícia finalmente deve-se haver uma revisão do texto. Mas, isso não ocorreu na matéria do jornal Plantão Popular, pois o texto também apresenta erros ortográficos como “torácica” e também erros técnicos (alguns já enumerados aqui), o que significa a falta de cuidado na produção da notícia.
Kamila Mendonça

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Quem é quem?



A edição nº 297 do Jornal da Ilha trouxe uma matéria chamada “Poços do SAAE recebem avaliação positiva do LACEN”. A notícia trata da vistoria feita pelo técnico do LACEN (Laboratório Central do Estado) no serviço de água e esgoto em Parintins.
Cabe ressaltar que as discussões sobre a qualidade da água são motivo de divergência no município. O poder público afirma que os moradores podem consumi-lá sem problema algum, já alguns pesquisadores afirmam que a água não serve para o consumo humano.  O texto não explicita a existência desse impasse, nem justifica o porquê desta avaliação.
Em nenhum momento a matéria traz o depoimento do técnico do Lacen, nem diz qual seu nome, só quem fala é o gerente da vigilância ambiental Luiz Antônio Tavares. Ele aparece na matéria como fonte oficial, foi o único a ser consultado, sendo que o órgão para qual ele trabalha não é o principal avaliador do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Parintins.
Sabe-se que no jornalismo é de fundamental importância o uso de mais de uma fonte, para que se contrastem os fatos, os dados obtidos, e para fazer uma boa apuração da notícia.  “O jornalista deve sempre que puder confirmar e reconfirmar as informações que recebe de determinadas fontes, contrastando- as com as informações de outras fontes ou verificando de maneiras alternativas os dados obtidos” (Sousa, 2001).
O texto traz duas imagens, que não possuem legenda, Milton Guran afirma que “a relação da fotografia com o texto é explicitada a partir da legenda, ou do texto-legenda, na medida em que a legenda deve suprir o leitor de informações não contidas ou não evidentes na imagem” (1992). As fotos são do prefeito de Parintins. O que é mais curioso aqui é o fato do prefeito não ser citado na matéria e ser colocado nas fotos para ilustrarem a notícia. As fotos não condizem com o texto de forma alguma.
Estranho? Diria que um absurdo. Teria um motivo o uso destas imagens e não de outras que ajudassem o esclarecimento do leitor? Quando se lê o texto, se pergunta quando isso aconteceu? Por que aconteceu?  Não cabe aos jornalistas deixarem dúvidas sobre os fatos, é sua função explicar. Definitivamente não há o suprimento das necessidades do público-leitor e mais uma vez se percebe o oficialismo das fontes no jornalismo impresso parintinense. 
Referências:


GURAN, Milton. Linguagem fotográfica e informação. Rio de Janeiro: Rio Fundo, 1992.
SOUZA, Jorge Pedro. Elementos do Jornalismo Impresso. Disponível em: www.bocc.ubi.pt. Lisboa. 2001.

Yasmin Cardoso

sábado, 17 de setembro de 2011

A desconstrução da imagem



       O jornal Acontece Parintins, mais novo periódico do município, trouxe na sua primeira edição várias fotografias recortadas. Sabe-se que as imagens não são uma cópia exata da realidade, são construções do fato, contudo, elas não são invenções do real existente.
       Na maioria das matérias do jornal, as fotos estão fora de contexto. Não se sabe qual é o cenário, pois as pessoas estão “flutuando no espaço”. A composição da imagem é de fundamental importância para o seu entendimento. Jorge Pedro Sousa (2001) afirma que, “o fotojornalista deve privilegiarsempre uma zona da imagem que funcione claramente como foco de atenção, e que deve ser o motivo principal. O fotojornalista deve procurar ordenar e hierarquizar numa fotografia para gerar um determinado sentido”. Segundo Milton Guran (1992), “a fotografia aparece na imprensa em três situações: como ilustração, como informação em relação ao texto ou como complemento deste”.
       No jornal em questão as imagens aparecem como ilustração, mas são imagens com um corte muito ruim, fazendo com que os leitores não situem o acontecimento. Colocar imagens descontextualizadas não é papel do jornalismo. Outro fato a ser mencionado aqui é a manipulação das imagens, elas existem sim, mas o bom senso nessa hora é fundamental. 



GURAN, Milton. Linguagem fotográfica e informação. Rio de Janeiro: Rio Fundo, 1992.
SOUZA, Jorge Pedro. Elementos do Jornalismo Impresso. Disponível em: www.bocc.ubi.pt. Lisboa. 2001.

Yasmin Cardoso

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Prefeitura fora da lei




O Jornal Diário do Amazonas do dia 08 de setembro de 2011 trouxe uma reportagem intitulada “Prefeituras ignoram lei que obriga divulgação de dados na internet”. O referido informativo mostra a realidade que os jornais parintinense insistem em encobrir: por que até agora nenhum informativo da cidade fez se quer uma nota sobre essa falta de cumprimento da Lei da Transparência da Prefeitura de Parintins?
As Prefeituras “por determinação da Lei Complementar (LC) 131, de 27 de maio de 2009 (Lei da Transparência), precisam divulgar todas as receitas e despesas na internet em tempo real”. Segundo o jornal “apenas a prefeitura de Manaus mantém um site de transparência para divulgar receitas e despesas na internet”. Você deve estar se perguntado por que em Parintins isso não acontece? E mais: por que os jornais da cidade só publicam o lado “bom” da história, ou seja, as “boas ações” da prefeitura?
A equipe do Diário do Amazonas entrevistou o Presidente em exercício do Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM), Érico Desterro, que afirmou que a Lei da transparência está um pouco fora da realidade do nosso interior. Todo mundo sabe que em Parintins a internet é de péssima qualidade, no entanto, cabe aos jornais da cidade o papel de manter informada a população sobre as ações da prefeitura. E por que tais jornais não fazem isso?
Nesta edição o Diário do Amazonas está de parabéns, pois trouxe nessa matéria da Lei da Transparência, a real situação da falta de informações sobre os resultados e as despesas das Prefeituras, incluindo a do Município de Parintins. 

Tuanny Dutra

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O mito da imparcialidade jornalística



Sexta feira, 02 de setembro de 2011, circula um novo informativo impresso na Ilha, trata-se do “ACONTECE PARINTINS”. Destaca-se nessa publicação o editorial de estreia.
No texto, que traz as boas vindas ao jornal, a ênfase é dada à frase: “Com base na verdade, isenção, imparcialidade, o jornal se propõe a levar conteúdo educatico, informativo, esclarecimentos sobre fatos que ocorrem diariamente na nossa cidade e região...”.
Em primeiro lugar, verifica-se um erro ortográfico, em vez de “educativo” está escrito “educatico”. Porém, o objetivo desta análise é tratar do termo IMPARCIALIDADE, um popular mito do jornalismo.
Não é necessário irmos muito longe para comprovar a falsa perspectiva. O próprio jornal desconstrói a ideia a partir da manchete: “Alexandre da Carbrás lidera pesquisa para a prefeitura de Parintins”. Por que é citado apenas o candidato Alexandre da Carbrás? E quanto aos outros candidatos?
Ser imparcial é ser justo, neutro, porém não é o que verificamos na publicação. De acordo com o jornal, Carbrás lidera a pesquisa, feita pela empresa ‘Action’, com 42% da preferência dos eleitores.
 A matéria parece mais uma publicidade à empresa “Action” que trabalha com pesquisas de mercado. A pergunta é: os outros veículos de comunicação tiveram acesso a essas informações? Porque somente esse informativo reportou a notícia? A pesquisa foi encomendada por quem? Essas são questões a serem pensadas para, então, se discutir a imparcialidade.
Infelizmente outros veículos de comunicação ainda se denominam imparciais. É preciso esclarecer ao espectador sobre a inexistência da imparcialidade e verdades absolutas. Cada relato é pautado por pontos de vista particulares, portanto, é impossível tomar uma postura de neutralidade na cobertura de determinados fatos. Isso não anula contudo a responsabilidade do jornalista com seu público, até mesmo porque a prática jornalística, mesmo sendo expressão de um ponto de vista, não pode tratar os (e)leitores como indivíduos a serem manipulados.

Karine Nunes

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

"Repeteco"


           A utilização de textos enviados por assessorias de imprensa é algo muito presente no dia-a-dia da imprensa parintinense. Isso ocorre devido a ligação existente entre os veículos com os órgãos públicos e políticos. Essa ligação se dá pela seguinte maneira: os governos municipal e estadual, juntamente com a câmara municipal, e diversos políticos, pagam aos jornais para que seus trabalhos sejam divulgados nos periódicos. Assim, esses meios publicam, sem qualquer alteração, textos mandados pelas assessorias de imprensa.
            Na última semana, notou-se a presença dessa prática em três jornais de Parintins (O Jornal da Ilha, Repórter Parintins, e Regional). Além desse problema, foi notado outro que pode ser considerado mais grave: a presença de textos e imagens idênticas em mais de um veículo.
            Com a matéria intitulada “Recomeça luta pelo aeroporto”, a edição do dia 28 de agosto do jornal Repórter Parintins mostra o “empenho” do deputado estadual Tony Medeiros (PSL) pela reabertura do aeroporto de Parintins. Já em O Jornal da Ilha, em sua edição da mesma semana, observa-se a mesma matéria, porém intitulada “Deputado Tony recomeça a luta total para reabertura do aeroporto de Parintins”. Além disso, vê-se que O Jornal da Ilha modificou a estrutura do texto, pois os intertítulos presentes na matéria do Repórter Parintins foram tiradas, além de que a estrutura dos parágrafos foram totalmente modificadas, mas sem mexer na sequência das palavras.
         Há ainda outros exemplos dessa prática. Na mesma edição do O Jornal da Ilha, citada anteriormente, na edição do dia 29 de agosto do jornal Regional, e na edição do dia 26 de agosto do jornal Popular, nota-se que foi publicada uma nota da assessoria de imprensa de Parintins, que fala sobre o problema das lixeiras viciadas. Como na análise feita anteriormente, nesse texto, a única coisa modificada foi o título. Além da repetição dos textos, percebeu-se nesses três jornais, que há a repetição das fotos.
            Esse problema observado demonstra que há pouca, ou nenhuma preocupação na revisão e publicação desses textos enviados pelas assessorias de imprensa, pois eles são publicados na íntegra, só tendo modificado o título. Com isso, fica uma dúvida: será que os jornais tem algum impedimento em fazer suas próprias matérias, deixando de lado os textos recebidos pelas assessorias?

Daniel Sicsú

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Telo "garantido" antes da hora



A edição do Repórter Parintins do dia 28 de agosto de 2011 noticiou a eleição para presidente do boi-bumbá Garantido. No entanto, a notícia expressa um posicionamento totalmente a favor de Telo Pinto (candidato que acabou sendo eleito).
Para começar tal análise vamos ao título da noticia “Eleitor pode referendar o nome de Telo”. Lembrando que o título de uma noticia deve ser “claro” em relação ao que será abordado no texto, não é o que acontece, pois uma pessoa leiga tem dificuldades para entender termos como “referendar”, empregado incorretamente, já que a palavra é usada quando o eleitor tem somente uma opção de escolha - o que não é o caso em uma eleição que contou com três candidatos.
A notícia começa relatando que Telo tem ampla vantagem sobre “seus adversários”, logo no segundo parágrafo só é posto o nome de Flavio Farias, e o outro adversário? Não foi em nenhum momento citado no produto.
Abaixo do segundo parágrafo vem o subtítulo “Articulação”, o primeiro parágrafo faz uma retrospectiva da historia política do candidato Flavio Farias como candidato a presidência do Garantido. O segundo é sobre José Walmir Martins de Lima (ex-presidente do Garantido) que desistiu da campanha.
O texto se encerra fazendo uma comparação com a eleição à presidência do boi Caprichoso “quando a cidade foi literalmente poluída pelas campanhas de Rossi Amoedo e Márcia Baranda”, colocando que a eleição de Telo é tranqüila sem precisar de muito esforço. Percebe-se uma ironia da parte do repórter em relação ao boi Caprichoso.
Em seguida está uma foto do boi Garantido em meio aos seus torcedores, no lado direito da página outro subtítulo: “Poder constituído”. Esse texto mostra um pouco qual é o papel dos presidentes das agremiações folclóricas Garantido e Caprichoso, alem de citar os patrocinadores do festival e a contratação de funcionários.
Verificamos que essa noticia tem todo seu foco direcionado a favor de Telo Pinto, e como ficam os outros candidatos? Já que o chapéu da noticia é eleição, faltou um tratamento igualitário aos candidatos, independente de especulações. Vale ressaltar que a noticia tomou conta de duas laudas do jornal.
Se tal informação é voltada totalmente para Telo Pinto, então porque o veículo não procurou mostrar a atuação de Telo na presidência do bumbá até chegar à sua reeleição? Seria uma boa, e o jornal ganharia um ar mais justo, informando claramente a população e não “puxando sardinha” para o candidato, “pecado” cometido constantemente por jornais Parintinenses.

Tuanny Dutra

sábado, 3 de setembro de 2011

A apuração do trânsito na Ilha pode melhorar

Na edição do dia 21 de agosto o jornal Repórter Parintins publicou uma matéria sobre o trânsito em Parintins. A reportagem tinha como título “Municipalização a galope” e como subtítulo “Prazo dado pela prefeitura esgotou há, pelo menos 40 dias, e os acidentes continuam”.  Mas o motivo que justifica nossa análise é o uso de duas imagens pelo jornal.
A primeira é o registro de um acidente que não se sabe onde aconteceu, pois em momento algum é citado no texto.  Já a segunda imagem é um gráfico que teria o objetivo de ajudar o leitor a entender o aumento de acidentes na cidade, no entanto esta serve só para “enfeite”, e a imagem aparece ilegível. Ou seja, o que entraria como informação acaba virando desinformação, pois a foto serve não só para enfeitar, mas também para potencializar a informação.
O texto ganharia mais se o repórter optasse por exemplificar a foto publicada e não se focar apenas no exemplo da vendedora, já que esta não tem nenhum registro. Quanto ao gráfico, uma dica seria ampliar mais a fonte, para que o leitor consiga entender os dados. Uma imagem pode valer mais que mil palavras.
Outro fator que comprometeu o texto é a forma como é abordado o tema, o uso de frases irônicas - “mas é preciso esperar pelo DETRAN-AM que ainda não encontrou tempo para vir a Parintins e cumprir seu papel no acordo” - tendo em vista que a reportagem é do gênero informativo e não opinativo.  Pelas afirmações do texto, o DETRAN é a única solução para o trânsito da ilha. Só que a municipalização vai resolver parte do problema, pois um ponto que deve ser pensado são opções de transporte público para a população. O repórter poderia pesquisar se existem algum projeto ou politicas públicas para resolver a falta de transporte público, que também é um problema que a população sofre há muitos anos, o que potencializa o uso de motocicletas por menores, por exemplo.


Mirian Bittencourt

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

O direito de parar



Aumento de sálário, melhoria de condições de trabalho e cobrança de direitos trabalhistas. Essas são as principais causas das greves realizadas por trabalhadores que objetivam receber ou aumentar benefícios. Mas por que começar um texto falando sobre greve? Não seria melhor parar de escrever e cancelar a produção em favor de uma greve intelectual? Não, esse não é o propósito maior.

Aqui quer-se charmar a atenção para a posição tomada no editorial “Governos e Salários” da edição do jornal impresso A Crítica de sábado (13 de agosto de 2011). O editorial se destaca por apresentar uma abordagem diferenciada sobre a série de paralisações trabalhistas no Brasil.
Geralmente as noticias veiculadas sobre as paralisações e greves nas instituições, sejam elas públicas ou privadas, tendem a criminalizar tais ações.  Por outro lado, o editorial analisado mostra uma visão crítica a favor das manifestações trabalhistas, embasado em argumentos e ciente da importância dos movimentos de insatisfação com as condições de trabalho.  
O texto tece um panorama de manifestações no país. Em seguida aponta criticamente para o fato de que na medida em explodem ações de descontentamento com os salários, também surgem escândalos de desvios do dinheiro público. Nesse sentido, o jornal destaca a injustiça na remuneração dos trabalhadores e critica a falta de atuação prática de gestores públicos e parlamentares.
Isso pode ser observado claramente quando o editorial direciona a critica ao governo, como por exemplo, por meio da frase: “a aparente sensibilidade [dos gestores públicos e parlamentares] não se traduz em gesto concreto”, e também por meio do título Governos e Salários, que gera a interpretação geral: salários dependem dos governos.
O texto também ressalta a luta dos professores pela melhoria salarial, notando-se o uso do termo “mais digno” para referir-se ao direito dos profissionais receberem salário em concordância com o trabalho que realizam, bem como para firmar a existência da desigualdade na distribuição de renda.
O direito de greve é assegurado no artigo 9º da Constituição Federal Brasileira de 1988, onde lê-se: “É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender”.  Quando esse direito não é repeitado cria-se uma ditadura disfarçada. Assim, faz-se necessário esclarecer que desrespeito ao direito do cidadão é exercido não só pelos empregadores que são contra as manifestações dos movimentos trabalhistas, mas também pelos veículos de comunicação que banalizam os movimentos em notícias, reportagens, editorial, entre outros produtos jornalísticos.
Apesar do veiculo Acrítica já ter se mostrado desfavorável a manifestações grevistas passadas, no editorial analisado percebe-se explicitamente um posicionamento favorável as manifestações públicas de insatisfação com relação ao governo, uma vez que as vozes ecoadas no texto não criminalizam o direito do cidadão em manifestar-se. Essa posição não é comum na mídia, uma vez que normalmente os veículos são ligados a poderes políticos hegemônicos.
Além de o editorial ter sido bem escrito do ponto de vista técnico, também apresenta argumentos que embasam e preservam a característica intrinsecamente opinativa do texto. Assim, concentra diretamente a visão do veículo sobre paralisações e greves, reportando o leitor a conhecer fatos e idéias, com propósito de induzir à luz destes uma leitura crítica sobre a realidade brasileira.

Sue Anne Cursino