sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Que bicho é esse?


Nas edições de sábado, 3 de setembro e sexta-feira, 9 de setembro, o jornal Plantão Popular trouxe como uma de suas matérias principais a praga chamada Mosca da Carambola. Na primeira edição, 3 de setembro, o título é “Mosca da carambola afeta importação de frutas do Pará” e na segunda, 9 de setembro, o título traz “Mosca da Carambola: tomate e laranja na mira dos fiscais”.
Nas duas notícias o repórter dá ênfase às vozes oficiais como a do secretário municipal de produção e abastecimento, Lucivaldo Pereira, e a gerente da Comissão de Defesa Sanitária, Animal e Vegetal do Amazonas, a veterinária Mara Ferreira, em que ambos falam que já montaram barreira de fiscalização e que é o momento de valorizar a produção local.
Mas em nenhum momento o jornal apresenta uma outra fonte, como um técnico falando sobre o assunto, um agricultor, feirante ou até mesmo o consumidor, para constatar se estas mercadorias não estão chegando às feiras e se realmente está havendo o incentivo à produção local.
O interessante a ser observado, também, é que nas duas notícias apresentadas, nenhuma delas esclarece ao leitor o que é essa praga chamada Mosca da Carambola, por que afeta outras frutas, verduras e legumes, quais os riscos do ser humano entrar em contato com essa praga, como o consumidor pode identifica-la nos produtos afetados, entre outros fatores a serem explorados para melhor entendimento do leitor.
Apesar de ter esse nome “Mosca da Carambola”, essa praga afeta frutas como goiaba, manga, jambo, taperebá, caju, jaca, tomate, laranja, entre outras. Além disso, segundo as notícias apresentadas, os principais vetores para a propagação das larvas não é a carambola, mas sim a laranja e o tomate, o que deixa mais dúvidas pairando no ar. E para completar a confusão, no final da notícia do dia 3, ainda tem a fala da gerente da Comissão de Defesa Sanitária, Animal e Vegetal (Codesav), Mara Ferreira, que diz ser necessário ter outra rota de acesso até os estados fornecedores (Pará, Bahia e São Paulo) solucionarem o problema. Mas peraí, a praga não foi encontrada no Pará? O que a Bahia e São Paulo têm haver com isso?
            Enfim, mais uma vez as notícias não foram suficientes para esclarecer os fatos ao leitor e a prática jornalística não apresentou a finalidade de ser uma forma social de conhecimento, gerando mais dúvidas do que esclarecimentos.

Hanne Assimen

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