A
edição de 17 a 23 de Setembro do Jornal Novo Horizonte traz um gênero pouco
usado no jornalismo de Parintins, o perfil. Este é um gênero opinativo do
jornalismo e destaca-se por informar e trazer breves opiniões sobre uma pessoa
específica. O Gênero detalha a pessoa nos aspectos importantes para o jornal
naquele momento, que pode ser sua vida, seu trabalho ou outra informação
pessoal. O destaque aqui não é motivado pelo jornal trazer um perfil, mas pela abordagem
que tenta mostrar claramente um individuo nos seus aspectos negativos.
Intitulado
“Quem é Rafael?”, o texto tem o objetivo de explorar a figura de Rafael Silva,
acusado recentemente pela morte de Omar Faria. Como se não bastassem todos os
problemas do jovem, que é acusado, mas não culpado ainda, o jornal traz à tona
a vida, coisas intimas e pessoais de Rafael, que independente do parecer de
condenação ou absolvição já estará detalhadamente explorado pela mídia.
A
“inocência” ou NÃO do jornal que explicitou o rapaz dessa forma de certo não
terá o mesmo poder de reverter à situação desse relevo dado à figura de Rafael.
Outra boa pergunta para o leitor ficar atento é a seguinte: esse caso teria a
mesma repercussão e esse mesmo espaço no jornal se a vítima fosse desconhecida,
não tão popular como esta?
Vale
ressaltar que outros casos de assassinatos homofóbicos aconteceram recentemente
em Parintins e basta olhar os jornais, não apenas esse, para ver o enquadramento
e como o tema rapidamente foi esquecido.
Dando uma de polícia e justiça
Se
não bastasse o enquadramento dito acima, o jornalista responsável pela matéria
parece que a escreveu inspirado em linguagem policial, assumindo tons de
investigador. Basta ler o texto e observar que ele logo deixa de ser um perfil
e o jornalista começa a discutir a importância e o descarte das fontes usadas
na investigação.
Levados
pela parcialidade e a falta de fundamentos para montar a identidade que o
jornal quer, eles ainda trazem como fonte (lembrando que em perfil não se usam
fontes) seu próprio cinegrafista, com a seguinte colocação: “Se realmente foi
ele que tirou a vida do Omar ele se parece ser muito frio”.
Com
isso, fica clara a intenção de tentar mostrar um enquadramento balanceado, mas
que realmente evidência a intenção do jornal em mostrar um rapaz frio e
calculista, praticamente julgando-o culpado.
Helder
Mourão
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