A edição do Plantão
Popular do dia 15 de setembro traz a notícia “Nova invasão avança em Parintins
em propriedades particulares”.
Para fazer referência aos envolvidos no assunto,
o repórter utiliza de termos como “invasores” (leia o texto abaixo), se munindo
da declaração de uma fonte não identificada, denuncia que existe um grupo de
pessoas que se aproveitam da miséria humana: “os cabeças das invasões estão
muito bem de vida, porque sempre ganham dinheiro, sem trabalhar. Eles vivem à
custa da politicagem...”.
Percebe-se durante todo texto a construção de
um discurso que coloca os envolvidos como vilões da história, um enquadramento
negativo do assunto. É comum essa abordagem nas coberturas jornalísticas sobre
ocupação de terras. Geralmente verifica-se a prioridade do texto em destacar
quem está certo ou errado, é estabelecido um pré-julgamento.
O mesmo informativo
publicou, na edição do dia seguinte, 16 de setembro, a matéria: “Promotor diz
que invasores cometem crime ambiental”. A cobertura adotada é a mesma, isto é,
condenando os ocupantes do loteamento.
O interessante seria se
o jornalista buscasse enfatizar uma pauta social. Buscar conhecer os
verdadeiros motivos que levam essas pessoas a ocuparem o local, questões como o
crescimento desordenado da cidade, a falta de moradias e as condições de sobrevivência,
em geral.
Quanto ao “crime
ambiental”, o resgate de discussões como a criação do Residencial Vila
Cristina, por exemplo, poderia ser relevante. Afinal, esse caso não foi uma
agressão ao meio ambiente? O que torna a nova ocupação uma situação mais grave?
Se há mesmo uma “indústria das invasões”, como é citado no texto, mostrar quem
são os “cabeças” do movimento, ou no mínimo os acusado, daria mais
credibilidade à informação.
Portanto, o periódico,
que se intitula: “O outro olhar da notícia”, apenas repete a abordagem comum de
outros jornais do município. Usam uma pauta pronta que criminaliza os
participantes da ocupação.
Dá até pra entender, mais ou menos, a posição de alguns jornais, pois são claramente ligados à prefeitura e não tem jornalistas de formação trabalhando.
ResponderExcluirMas não admitia, até ver isso, esse tipo de enquadramento no Plantão. Mas é assim que descobrimos algumas coisas.