segunda-feira, 31 de outubro de 2011

É ou não é?




Na edição nº 901, referente à semana de 15 a 21 de outubro, o jornal Novo Horizonte traz como uma das suas chamadas de capa “Reitor da Universidade de Portugal visita UEA”. Mas dentro do corpo do jornal encontra notícia intitulada “Ex-reitor da universidade de Portugal visita UEA”.
A partir dessas duas informações o leitor fica confuso, não se sabe se o personagem do texto é reitor ou ex-reitor, questão só solucionada no primeiro parágrafo da notícia, onde a informação é mais bem definida: “O professor doutor Fernando Saebra Santos, reitor da universidade de Coimbra em Portugal de 2003 a 2010 e atualmente professor visitante estrangeiro na Universidade de |Brasília...”.
Portanto, esta não foi uma boa sacada para chamar a atenção do leitor, pois a discordância de informações sempre abala a credibilidade de um jornal.
 Cabe ao jornal fazer sempre uma cuidadosa revisão final de todo o corpus do veículo antes de enviar o periódico para a impressão, para que não haja equívocos como esse, vacinando a instituição frente a possíveis “ofensas”.
 
Hanne Caldas

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Auto-promoção na TV


            Sendo uma prática bastante comum na capital do Estado, Manaus, a utilização de programas televisivos para a auto-promoção de políticos está cada vez mais presente em Parintins. Esse modo de fazer programa televisivo fica explícito no programa Povo na TV. Em um espaço de 2 horas por semana, utiliza-se um bloco para mostrar ações de apoio às pessoas que entram em contato com a produção do programa para pedir remédios, cestas básicas, e até mesmo ajuda financeira.
            É claramente visível que o programa usa essas pessoas para fazer campanha em favor do empresário Alexandre da Carbrás, que é fortemente cotado para ser candidato a prefeitura de Parintins. As doações podem até ser feitas por pessoas que não têm nenhuma ligação com o apresentador ou sua equipe, porém, em todas as entregas das doações, o que mais se evidencia é o que Carbrás fez, deixando de lado os verdadeiros doadores.
            A imagem criada sobre o empresário é a de que ele veio com o intuito de resolver todas as mazelas existentes em Parintins. Ao perceber que essa imagem está sendo incutida na mente de muitos parintinenses, o programa usa de todos os artifícios para que a imagem de Carbrás seja promovida ao máximo. Com essa exaltação, a tendência é que ele seja cada vez mais amado por uns, e odiado por outros.
            Percebe-se ainda que, de maneira direta e indireta, o programa tenta construir uma imagem que mostre a prefeitura de Parintins como a principal culpada pelos problemas existentes na cidade, e que ela sempre possui uma parcela de culpa no que ocorre com as pessoas que são “beneficiadas” com o quadro “Ação Solidária”.
            Diante dessa imposição de culpa e responsabilidade em cima do poder executivo municipal, o programa Povo na TV, enaltece, quase que sempre, o trabalho feito pelo Governo do Estado, na pessoa do governador Omar Aziz.
            Com o que foi exposto, demonstra-se que o dever de informar a população sobre o que ocorre em Parintins quase não existe, visto que o programa serve, na maioria do tempo, para enaltecer esse ou aquele grupo político. Assim, o espaço que deveria servir como esclarecedor sobre fatos que ocorrem na cidade serve como uma espécie de ringue, pois o que mais se percebe no produto é o apresentador falando bem e mal desse ou daquele político, louvando e reprovando essa ou aquela ação feita por determinada pessoa.
            Assim, pode-se facilmente chegar a conclusão de que o programa almeja, além de “ajudar as pessoas mais pobres” com filantropia vazia, a auto-promoção política do apresentador.

Lacrima

domingo, 23 de outubro de 2011

Sempre o mesmo olhar


 
Na edição nº 900, referente à semana de 08 a 14 de outubro, o jornal Novo Horizonte traz na editoria Igreja uma notícia intitulada “Igreja celebra Semana da Vida e Dia do Nascituro” que trata sobre a Semana Nacional da Vida que a Igreja Católica celebrou de 01 a 07 de outubro e no dia 8 a celebração do Dia do Nascituro.
No lead (primeiro parágrafo que sintetiza o fato) da matéria, o autor escreve: “A data é incentivada pela Conferência Nacional dos Bispos Brasil, CNBB, desde a 43º Assembleia Geral da Conferência dos Bispos do Brasil, realizada em Itaici, de agosto de 2005”. Primeiro que foram celebradas duas datas distintas: de 01 a 07 – Semana Nacional da Vida e no dia 08 – Dia do Nascituro – mas quando o autor cita “A data...”, ele não especifica ao leitor qual das celebrações é incentivada pela CNBB. Outro fator é que ele não nos situa quanto a localidade Itaici, já que não explicita que se trata de um bairro na cidade de Indaiatuba, no estado de São Paulo.
É importante atentarmo-nos para partes da narrativa.  No 3º parágrafo consta: “A proposta da CNBB é a defesa da dignidade, da humanidade, e da originalidade do embrião, do feto, do nascituro. A Pastoral Familiar complementa este trabalho com a luta pela ecologia, pelos pobres, contra a fome, pela inclusão social, contra as injustiças e desigualdades.” E no 4º parágrafo: “A defesa do nascituro sustenta-se na valorização do ser humano que está no ventre materno e que a Mãe precisa dar a luz...”.
Lendo os trechos não parece constar nada de errado para quem está acostumado com esta visão hegemônica sobre o tema. Até porque se trata de uma atitude que todos sempre admiram, ou seja, a ajuda ao próximo, a luta pela defesa de algo ou alguém - e que seja de interesse da maioria. Mas o outro lado da questão é que ninguém percebe como essa ideia é imposta à população, ou melhor, quando se diz que a “Pastoral Familiar luta pelos pobres, pela inclusão social, contra as injustiças e desigualdades”, há neste trecho uma contradição, pois se este é o papel que o grupo diz desenvolver na sociedade. Contudo, porque eles não defendem o ponto de vista de que estes pobres, principalmente as mulheres, não possuem as condições necessárias de conceberem uma vida e que, com isso, deveriam deixá-las terem o livre-arbítrio de escolherem se querem ou não uma criança. Mas não, o que a Igreja faz? Simples, condena esse outro ponto de vista e aponta todas as mulheres que cometem o aborto como pecadoras e criminosas.
Poderia ser diferente 
Como já foi dito na seção de artigos no ensaio intitulado “Aborto: legalizar não é incentivar!” - http://observandoparintins.blogspot.com/p/artigos.html - não é o simples fato de não querer ter uma criança que deve estar na balança desse debate, o que deve ser analisado é todo um contexto social em que a mulher está inserida – o que impediria de realizar um julgamento tão prematuro.
O outro ponto polêmico é quando expõe: “A defesa do nascituro sustenta-se na valorização do ser humano que está no ventre materno e que a Mãe precisa dar a luz...”. Por que necessariamente ela precisa dar a luz? E se ela não quiser ou puder ter? Cadê o direito de escolha dessa mulher? Por que os jornalistas não questionam isso e apresentam um real debate sobre essa questão?
Uma alternativa a ser trabalhada na cobertura do aborto poderia ser a seguinte: Abortar é uma questão não só de direitos humanos, mas de criação de políticas públicas de saúde, e é isso que falta ser questionado e debatido pelo jornalismo desse Sistema de Comunicação.
O que o veículo deve perceber é que embora a Igreja pregue que tem que haver a luta a favor da vida, o cenário em Parintins, assim como em todo o Brasil, a cada dia se torna caótico em relação à saúde, pois não se tem, nem se pensa, em políticas públicas para dar o apoio que as mulheres realmente necessitam. Além disso, o município é uma sociedade dominada pelos poderes da Igreja Católica, instituição que defende a bandeira da vida, mas condena o uso de métodos contraceptivos, já um tabu vivenciado na sociedade parintinense.
Enfim, Parintins não foge desta realidade, a questão dos direitos reprodutivos da mulher é um assunto que a população tem o direito de ter acesso e acima de tudo respostas o mais rápido possível, a fim de poderem ter a esperança de que esta cidade possa chegar a ser um dia, verdadeiramente, um dos melhores lugares para se viver no norte do país.
 
 
Hanne Caldas

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Fonte SUMIU e publicidade SUBIU



Na edição do dia 06 de outubro, o Jornal Plantão Popular mostra muitos aspectos a serem analisados.  A matéria “Cao-crimo conclui depoimentos” trata dos depoimentos prestados pelas pessoas ligadas a administração do município. Acusações de fraudes dos prestadores de serviço do Hospital Jofre Cohen devido às possíveis fraudes, crise na saúde e enriquecimentos ilícitos são o tema abordado. Porém, só há uma fonte ouvida na matéria, o promotor Fábio Monteiro. Isso deixa a informação pobre e vista apenas de um lado.
Na matéria que fala das medalhas dos Jogos Escolares de Parintins só é ouvida uma atleta em toda a informação. Será que as pessoas não estão disponíveis para dar informações? Ou é falta de vontade dos repórteres de procurarem mais fontes? Isso nem eu e nem você podemos responder. Além da falta de fontes, outra questão interessante nesta edição é o grande enfoque dado ao show do levantador de toadas do Boi Garantido Sebastião Júnior. Está claro que é publicidade pura. É uma pena que não seja de interesse publico como “Pequenas embarcações se arriscam entre o banzeiro e a ameaça de desabamento da orla”. Desta, o jornal mostra apenas uma foto e o título “Outro Olhar”, o que na verdade não tem olhar nenhum.
Posso parecer redundante aqui, mas é o jornal quem repete os mesmos erros, induzindo seus leitores a terem apenas uma visão dos fatos apresentados.

Evelyn Pessoa

Tony falou… é notícia?


          O jornal Repórter Parintins trouxe na edição nº72, de 9 de outubro, uma matéria intitulada “Reunião discute setor primário”. A matéria mereceu até chamada na capa, que diz: “Tony está preocupado com agricultura”. A preocupação do deputado agora é critério de noticiabilidade para este informativo. Além de Tony Medeiros sempre ser  pauta no Repórter Parintins, ele sempre se mostra preocupado com algum assunto! Se preocupação fosse critério de noticiabilidade, todos os parintinenses “preocupados” deveriam merecerer um bom destaque no jornal. E se a proeminência de um político é critério, cada vereador de Parintins, e também os deputados que se dizem próximos do município, mereceriam destaque no periódico. 
          A notícia trata da PREOCUPAÇÃO de Tony com a falta de incentivo para o setor primário no Amazonas, e da reunião que ele fez para tratar desses assuntos. Vale ressaltar, que ao longo da notícia o autor usa três fontes, o deputado estadual, o geólogo Fred Cruz e o diretor de agricultura da Sempab – Secretária Municipal de Produção e Abastecimento, Marcílio Pascoalino.
          Usa-se apenas as fontes oficiosas, que segundo Nilson Lage “trata-se de um mau hábito, que se deve mais ao tradicional antagonismo com o mundo oficial do que a questão de credibilidade. Devem-se citar (...) as fontes, sobretudo de dados numéricos (...). Fontes oficiais, como comprovam autores de todas as épocas, falseiam a realidade. Fazem isso para preservar interesses estratégicos e políticas duvidosas...”(p.65).
          Mais uma vez vemos que o jornal impresso em questão utiliza apenas fontes oficiais, uma seleção consciente, que favorece uns, evidentemente, exclui outros depoimentos. Sabemos que o uso adequado das fontes respalda muito mais uma matéria e fornecem maior credibilidade ao jornal, fazendo também com que o leitor entenda de forma mais ampla todos os lados envolvidos.

LAGE, Nilson. A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. 7a Ed. Rio de Janeiro: Record,2008.

Yasmin Cardoso

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A "preocupação" de Tony



O caderno “Cidades” da edição do dia 02 de outubro de 2011 do jornal Repórter Parintins, traz a seguinte notícia: “Faltam topógrafos no Amazonas”.  Tal informação é voltada para a preocupação do Deputado Federal Tony Madeiros (PSL) em relação a esse tema. Percebemos novamente a pura intenção de divulgação da imagem do Deputado, ou seja, é uma notícia com características de Assessoria de Imprensa.
A informação ocupa consideravelmente 80% da página do jornal, e logo abaixo dela há apenas uma propaganda da Green Magazine. O texto se remete a uma sugestão de Tony dado na Assembléia para a “expansão do Curso Técnico em Agrimensura”.
            O primeiro parágrafo começa com a fala do Deputado Tony, o segundo é do inicio ao fim a citação do Deputado, o terceiro é posto o nome do parlamentar e sua observação, o quarto parágrafo fala do “requerimento para ser enviado ao governado Omar Aziz (PMN), sugerindo a expansão do Curso Técnico em Agrimensura...”. A matéria conta também com dois subtítulos: “Oportunidades” e “Tecnologia”, ambos se relacionam ao discurso do Deputado Federal em relação ”a falta de topógrafos que atuam no interior do Estado”.
Enfim, o texto é voltado totalmente à criação de uma boa imagem de Tony Medeiros, sendo, volto a repetir, pura Assessoria de Imprensa. Ah! Vale ressaltar, que a “preocupação” de um deputado não é motivo suficiente para gerar uma pauta que preencha praticamente toda a página de um jornal. O critério de noticiabildiade aqui dado é o de proeminência da figura envolvida, mas como não há nenhum encaminhamento social efetivo da “sugestão” do deputado, a matéria fica mesmo no campo da divulgação apologética do parlamentar.


Tuanny Dutra

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Típico julgador nato



Na edição número 899, referente à semana de 01 a 07 de outubro, o jornal Novo Horizonte, além de ter dedicado boa parte do espaço do jornal para parabenizar a rádio do Sistema Alvorada de Comunicação, trouxe também na editoria Cidade, página 3, uma notícia intitulada “Mulher solidária com marido viciado está na cadeia”. A matéria relata sobre o ato de uma mulher ter tentado jogar uma trouxinha de cocaína para dentro de uma das celas da delegacia de polícia, onde o marido dela está preso.
Para começar, o título da notícia está confuso, pois não se sabe ao certo quem está realmente na cadeia, se é o marido, a mulher ou os dois. Vale lembrar que o marido já estava na cadeia e que a mulher foi presa após ser flagrada tentando cometer esta infração.
Além disso, e o que chama mais atenção durante o relato do acontecimento, é que o repórter descreve uma narrativa espetacularizada, em que traça um perfil de condenação da vítima, pois o autor já começa o texto dessa forma: “Parece coisa de novela. A mulher da foto esconde o rosto envergonhada pela cena que protagonizou”. 
Depois de algumas poucas informações, o autor volta a fazer outras considerações, “Elas (a mulher estava com uma amiga) tentaram ser artistas de uma história real e por isso vão amargar um bom tempo na cadeia”. E não contentado ainda termina a “notícia” com suas considerações finais, “Pelas informações eles vieram de Manaus para vender drogas, mas se deram mal”.
O que é isso? Qual é mesmo o papel social de um repórter? Pois é, o papel de um repórter é reportar (relatar/narrar) um fato, e não julgar, condenar, espetacularizar as vítimas envolvidas em um acontecimento.
Portanto, mais uma vez o jornalismo comprometido com a verdade e onde diz ser imparcial mostrou ser um juiz nato e integralmente parcial sobre o que reporta. Desse modo, deixando a desejar na forma de transmitir as informações por uma perspectiva do Jornalismo que seja uma forma social de conhecimento comprometida com o público.
 
 
Hanne Caldas

domingo, 16 de outubro de 2011

Abordagem "macabra"




O Plantão Popular de 11 de setembro de 2011 usou novamente o recurso do sensacionalismo em sua publicação sobre um incidente ocorrido na noite de 9 de outubro. Para início de análise, o jornal publica a seguinte manchete: “Golpe de terçado decepa mão e um dedo de Jovem”, título que desperta a atenção pelo impressionismo. Logicamente a intenção de todos os jornais é fisgar o leitor, mas é certo que o PP usou de forma inusitada o ocorrido na noite daquele domingo.
O texto da noticia é somente um relato do que aconteceu naquela noite, com alguns depoimentos e um Box com as seguintes informações: “Madrugada sangrenta deixa um irmão sem a mão esquerda e outro com perna quebrada”. A foto da matéria mostra o jovem que perdeu a mão deitado no leito do hospital, expondo-o de forma desnecessária. Ao lado da foto há a chamada “Mão enterrada no cemitério”, que, em um texto muito inesperado, é a continuação do primeiro relato. As fontes usadas são “a tia” da vitima e um psicólogo. A tia relata o que aconteceu com a mão decepada que primeiro foi colocada “num copão de cerveja com gelo para ser encaminhado ao hospital” e depois foi enterrada.
Observa-se que o jornal insiste em continuar com o velho habito de publicar noticias sensacionalistas para chamar a atenção do público. O jornal Plantão Popular não é o único, e nem será o ultimo a trazer publicações como essa (infelizmente). Os aspectos fantásticos dos fatos parecem se sobrepor às dimensões sociais da questão da violência na Ilha, algo que poderia ser bem melhor abordado na cobertura desse tema.

Tuanny Dutra

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Comunicação medieval em Parintins: o Sistema Alvorada na era das trevas




“O lixo resplandece quando o sol pode brilhar” (Goethe)
O fato é o seguinte: a discente do curso de Jornalismo da UFAM  Hanne Caldas está desenvolvendo uma pesquisa de iniciação científica denominada “Análise da mídia em Parintins: agendamento e enquadramento dos temas saúde e maternidade no jornal Novo Horizonte”. O projeto faz parte do programa PIBIC e a bolsista conta com apoio da Fundação do Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM). Fundamental a sua pesquisa é o acesso a algumas edições antigas do referido jornal impresso, um dos produtos do Sistema Alvorada de Comunicação. Como orientador, e sabendo da política do grupo midiático em permitir acesso ao seu acervo, encaminhei um ofício solicitando a consulta aos periódicos.
Hoje, depois de ser alvejada por criticas e maus-tratos direcionadas pelo responsável do acervo e pela chefe das “finanças” do grupo midiático, a discente teve seu pedido negado. O ofício institucional da UFAM sequer foi respondido. O argumento usado pelos católicos profissionais foi que ela só poderia obter as edições do grupo caso fizesse uma pesquisa “chapa-branca”, que não criticasse o veículo. O motivo da resistência do Sistema em contribuir com a pesquisa científica em Parintins foi a existência do Lacrima, pois nosso blog questionava a prática jornalística dos veículos da Alvorada. Após esculacharem o projeto de Hanne, os emissários de dona Raimunda Ribeiro disseram se sentir ofendidos com o ensaio sobre a edição do Novo Horizonte que trata dos 44 anos da rádio Alvorada.
Acostumada com decisões autoritárias, pois como dissemos, exerce o papel de gatekeeper desde que passou de beata à cidadã Kane da Ilha Tupinambarana, a chefe Raimunda decidiu que Hanne não iria obter de bom grado os jornais que precisa analisar em sua pesquisa. A discente poderia obtê-los apenas se pagasse as ediçõe$ e pesquisasse seu tema longe da emissora. Os cães-de-guarda de Dona Raimunda afirmaram até mesmo que era um erro os jornalistas da emissora cursarem Jornalismo na UFAM, pressupondo que eles nada aprenderiam nos corredores do ICSEZ. Sabemos de inúmeras matérias relevantes para a população parintinense censuradas por ela. Não abordaremos quais para manter segura nossa fonte.
Parte importante da pesquisa de Hanne seria o acompanhamento das rotinas produtivas, algo que os poderosos do concentrado midiático já impossibilitaram de antemão. Não acostumados a receberem críticas, e sem entender a comunicação como um serviço público que merece ser fiscalizado, a ignorância travestida de arrogância quebra a relação do veículo com a Universidade, desconsiderando o trabalho intelectual desenvolvido nessa instituição recém-chegada em Parintins.
A Igreja Católica - que já teve um importante papel na formação de sujeitos e na politização da sociedade, nos tempos em que alguns corajosos teólogos da libertação ousaram compreender o verdadeiro sentido do evangelho - aqui em Parintins permanece na Idade Média, período histórico em que o catolicismo escondia os avanços no campo do conhecimento e assassinava milhares de pessoas que ousavam erguer a cabeça frente seus ditames. Aliançada politicamente com o poder dominante, vivendo de afagos aos poderosos, controlando a informação em função de princípios capitalistas e patriarcais, o Sistema Alvorada agora decide perseguir o conhecimento científico. Felizmente o tempo das fogueiras se foi, mas os dedos em riste na face de nossa estudante não sairão de nossas memórias facilmente. O grupo não quer encarar críticas bem-fundamentadas (quase seis mil parintinenses já leram os ensaios do Lacrima) e decide se fechar para a possibilidade de rever suas práticas. A humildade que prega para a população parintinense, com suas lições morais fantasiosas e exaltação à passividade, passa longe de sua prática real. Torçamos para que os profissionais que ali trabalham ignorem as opiniões arcaicas de seus patrões, esqueçam falsas gratidões e decidam continuar a buscar conhecimentos que transcendam a mediocridade, camuflada de sucesso profissional, vomitada diariamente nos veículos do grupo. Continuaremos de olho.

Msc. Rafael Bellan Rodrigues de Souza
Docente do ICSEZ/UFAM
Coordenador do Lacrima

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Fortaleza insubstituível?

Na edição nº 899, referente à semana de 01 a 07 de outubro, o jornal Novo Horizonte, como já foi dito em outros ensaios, resolveu dedicar boa parte do espaço do jornal para parabenizar a Rádio Alvorada, a qual completou 44 anos. E dentre as várias notícias de comemoração há uma intitulada “A mulher da comunicação” que fala sobre a administradora da rádio, Raimunda Ribeiro da Silva.
Esta não é especificamente uma notícia, trata-se de algumas informações seguidas de uma entrevista com a fonte. Mas o que é interessante observar é o modo como a personagem é colocada durante o relato, pois o autor exalta a editora, como na parte em que cita: “Dona Raimunda, (...), ao longo dos anos vivenciou batalhas que nem o mais forte guerreiro com escudo e espada nas mãos conseguiu enfrentar. Foi ela quem peitou o militarismo não deixando a rádio Alvorada ser censurada...”, ou seja, apresenta ela como se fosse uma espécie de fortaleza desse veículo. Então o que será da rádio quando a senhora Raimunda da Silva não puder mais estar na dianteira do veículo?
O título também faz lembrar um outro fator que implica na forma como é desenvolvido o trabalho jornalístico, que é a figura do gatekeeper ou selecionador, o qual desenvolve o papel de crivar (selecionar) assuntos que são pautados com a finalidade de serem transmitidos ao público. E a partir do título posto, dá a entender que é ela quem exerce a função de gatekeeper da Rádio.
Outro fator a ser observado no relato é quando o autor cita: “Nestes 44 anos da Rádio Alvorada, ela concedeu uma entrevista exclusiva ao NH...”. Creio que aí haja um equívoco, pois se Raimunda da Silva é administradora da Rádio, fazendo parte do Sistema Alvorada de Comunicação que é composto pelos veículos: TV, rádio, impresso e web, por que essa entrevista é exclusiva para a própria empresa em que atua? É como se o jornal impresso estivesse dando um furo (ser o primeiro a mostrar ao público sobre o assunto). Só que dizer que a entrevista é exclusiva faz pensarmos que outra empresa jornalística iria se preocupar em reportar e parabenizar os 44 anos de concorrência. Algo que não parece plausível.
Para finalizar, não creio que o aniversário da rádio seja um assunto que consiga sobrepujar os acontecimentos mais importantes que ocorrem na cidade e que realmente precisam de um bom espaço no jornal para serem discutidos e mostrados ao público. Portanto, que este ensaio possa servir de reflexão para todos os comunicadores e leitores deste blog, a fim de se pensar em como fazer um jornalismo diferente desse modelo, que já mostra evidentes sinais de cansaço.

Hanne Caldas

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Para bom entendedor a fonte basta?



 
Na edição do dia 01 de outubro, sábado, o jornal Plantão Popular traz uma  notícia intitulada “Atletas querem medalhas do JEBs”.
A notícia trata dos atletas parintinenses que foram campeões no JEAs - Jogos Escolares do Amazonas, e que agora treinam forte para os Jogos Escolares de Parintins. Só que tem uma sigla que aparece durante toda a narrativa e em nenhum momento é explicado o significado. Na notícia, a sigla JEBs aparece durante seis vezes e de duas formas diferentes: Je’Bs e JEBs.
Mas, enfim, o que significa JEBs? Simples, nada mais do que Jogos Escolares Brasileiros, que ocorrerá no mês de dezembro em Londrina, no estado do Paraná. É isso que estes atletas parintinenses campeões almejam como uma próxima etapa no esporte que desenvolvem.
É interessante observar que durante o relato de uma das fontes (Eduardo de Souza), este fala que “é uma competição importante porque reune atletas de todo o Brasil e é uma porta aberta para as competições sulamericanas”; será por isso que o autor não explicou ao leitor o que significa JEBs? Bem, do dito pelo não dito, é sempre complicado deixar a explicação das informações por conta das fontes. Portanto, não custava nada esclarecer ao leitor sobre esta simples informação, não é?
Hanne Caldas

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Concreto sentimental



Na edição de 29 de setembro, quinta-feira, do jornal Plantão Popular, na seção denominada “O outro olhar”, foi publicado uma foto de um muro da cidade em condições de desabamento, seguido da seguinte legenda “O muro agoniza, enquanto os políticos se digladiam pelo poder”. Porém, essa seção não situa minimamente o leitor sobre o local de onde foi extraída a imagem, até porque em nenhum momento o jornal traz notícias referentes ao assunto.
 A ideia que o autor quis passar com certeza foi a melhor possível, pois há uma polêmica sobre o atual cenário político e social da cidade, mas as palavras utilizadas para caracterizar o muro infelizmente não são as mais cabíveis ao momento.
Reparem: ele utiliza o termo “agonizar” para definir as condições do muro, onde dá a entender que se trata de um ente vivo, um ser que está prestes a morrer, mas luta até o fim.
Creio que para dar sentido a esta frase, poderiam ter sido utilizadas palavras como demolido, depredado, arruinado, destruído, enfim, qualquer um dos sinônimos que caracterize as condições reais do muro e não apenas expressões metafóricas para algo não vivo, que não tem sentimentos. Portanto, este termo trata-se, e fica bem melhor utilizado, para se referir a seres, principalmente animais (racionais e irracionais), aos quais são passíveis de verdadeira agonia. Nesse sentido a legenda não consegue nem efeito informativo (por falta de aprofundamento), nem efeito poético.

Hanne Caldas

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Tudo é festa em Parintins?


 
A rádio Alvorada de comunicação completou 44 anos de existência no dia primeiro de outubro. O jornal Novo Horizonte, jornal impresso do Sistema Alvorada de Comunicação, trouxe na capa da edição de nº899, várias fotos da rádio, das pessoas que trabalham e teve como manchete “PARABÉNS ALVORADA!”.
O que era de se esperar, o jornal impresso trouxe na maioria de suas páginas matérias, entrevistas e depoimentos sobre o “fundamental” papel da rádio Alvorada em Parintins. Por ser um jornal semanal, o Novo Horizonte teria pauta suficiente para fazer matérias pertinentes aos interesses de toda população.
Será que nada, além do aniversário da rádio aconteceu em Parintins?
Será que o aniversário da Rádio é de interesse público? Valeu à pena excluir assuntos do cotidiano de Parintins para que se colocasse em evidência o aniversário da “Rádio comprometida com a verdade”, da “Voz que a Amazônia escuta”?
É claro que a Rádio, por ser uma das integrantes do Sistema Alvorada de Comunicação deveria ser mencionada, mas com cautela e brevidade. Segundo Nilton Hernandes, 2006 “o jornal deve convencer de que é ‘completo’, realiza uma eficaz triagem e organização da realidade na qual o leitor se insere e se apresenta de maneira clara, possibilitando prazeres e um consumo fácil e eficiente...”.
O Jornal Novo Horizonte não veio ‘completo’, faltaram mais notícias sobre o município, cabe ressaltar que a verdade de Parintins não se define aos 44 anos da Rádio.

Yasmin Cardoso

HERNANDES, Nilton. A mídia e seus truques: o que o jornal, revista, TV, rádio e internet fazem para captar e manter a atenção do público. São Paulo: Contexto, 2006.

domingo, 2 de outubro de 2011

“Vamos citar!”


            O uso exagerado de citações em matérias feitas por jornais de Parintins é algo muito constante. Indo de acordo com esse “costume”, o jornal Plantão Popular publicou uma matéria em sua edição do dia 24 de setembro que aborda o desaparecimento de um rapaz ocorrido no dia 23 de abril de 2011.
            A matéria é iniciada de maneira confusa, afinal o texto não possui o chamado lide (parágrafo que contem as principais informações em um texto jornalístico). Nisso, a notícia fica um tanto vaga, pois faltam informações que no decorrer do texto seriam abordadas de forma mais aprofundada.
            Outro problema evidente é a presença, em mais da metade da notícia, de citações da fonte consultada. Isso nos remete a ideia de que o autor do texto o fez às pressas, pois o que é mais notado na matéria é a ampliada presença de citações, deixando a entender que tudo foi feito “na correria”.
            Além do uso excessivo de citações, a matéria se utiliza mais de uma fonte do que da outra, fazendo com que uma visão se sobreponha. A fonte que é mais evidenciada é o pai do desaparecido, colocando “de lado” o delegado da Polícia Civil de Parintins.
            Essas práticas fazem com que criemos um pensamento de que não há revisores nos jornais de Parintins, visto que há erros simples de serem corrigidos e mesmo assim são deixados de lado. Porém, uma coisa tem de ser ressaltada: o veículo concedeu espaço para divulgar informações sobre uma pessoa desaparecida. Essa atitude poderia ser mais frequente nos jornais, já que se trata de um importante serviço de utilidade pública.

Daniel Sicsú