Na edição nº 899, referente à
semana de 01 a 07 de outubro, o jornal Novo Horizonte, como já foi dito em
outros ensaios, resolveu dedicar boa parte do espaço do jornal para parabenizar
a Rádio Alvorada, a qual completou 44 anos. E dentre as várias notícias de
comemoração há uma intitulada “A mulher da comunicação” que fala sobre a
administradora da rádio, Raimunda Ribeiro da Silva.
Esta não é especificamente uma
notícia, trata-se de algumas informações seguidas de uma entrevista com a
fonte. Mas o que é interessante observar é o modo como a personagem é colocada
durante o relato, pois o autor exalta a editora, como na parte em que cita:
“Dona Raimunda, (...), ao longo dos anos vivenciou batalhas que nem o mais
forte guerreiro com escudo e espada nas mãos conseguiu enfrentar. Foi ela quem
peitou o militarismo não deixando a rádio Alvorada ser censurada...”, ou seja,
apresenta ela como se fosse uma espécie de fortaleza desse veículo. Então o que
será da rádio quando a senhora Raimunda da Silva não puder mais estar na dianteira
do veículo?
O título também faz lembrar um
outro fator que implica na forma como é desenvolvido o trabalho jornalístico,
que é a figura do gatekeeper ou selecionador, o qual desenvolve o papel de
crivar (selecionar) assuntos que são pautados com a finalidade de serem
transmitidos ao público. E a partir do título posto, dá a entender que é ela
quem exerce a função de gatekeeper da Rádio.
Outro fator a ser observado no
relato é quando o autor cita: “Nestes 44 anos da Rádio Alvorada, ela concedeu
uma entrevista exclusiva ao NH...”. Creio que aí haja um equívoco, pois se
Raimunda da Silva é administradora da Rádio, fazendo parte do Sistema Alvorada
de Comunicação que é composto pelos veículos: TV, rádio, impresso e web, por
que essa entrevista é exclusiva para a própria empresa em que atua? É como se o
jornal impresso estivesse dando um furo
(ser o primeiro a mostrar ao público sobre o assunto). Só que dizer que a
entrevista é exclusiva faz pensarmos que outra empresa jornalística iria se
preocupar em reportar e parabenizar os 44 anos de concorrência. Algo que não
parece plausível.
Para finalizar, não creio que o
aniversário da rádio seja um assunto que consiga sobrepujar os acontecimentos
mais importantes que ocorrem na cidade e que realmente precisam de um bom
espaço no jornal para serem discutidos e mostrados ao público. Portanto, que
este ensaio possa servir de reflexão para todos os comunicadores e leitores
deste blog, a fim de se pensar em como fazer um jornalismo diferente desse
modelo, que já mostra evidentes sinais de cansaço.
Hanne Caldas
Hanne Caldas
Adorei o ensaio. O final é apoteótico e reflexivo!
ResponderExcluirParabéns Hanne!
Fodástico!
ResponderExcluirUm ótimo ensaio,parabéns Hanne!! Entrevista exclusiva é uma ova...ela tá lá todo dia! Sendo o crivo de tudo que pode e que não pode!
ResponderExcluirSe alguém se sentir ofendido com isso é um verdadeiro sinal que a verdade dóii ;)
ResponderExcluirEvelyn Pessoa
"vivenciou batalhas que nem o mais forte guerreiro com escudo e espada nas mãos conseguiu enfrentar."
ResponderExcluirDona Raimunda, mais conhecida como: Xena - A Princesa Guerreira.
Sistema Alvorada de (Assessoria) de Comunicação.
Alexandre Noronha
http://www.flickr.com/photos/alexandrenoronha
Ok colegas, é isso mesmo...devido a este ensaio, o SA de C se incomodou e agora querem nos intimidar...mas um verdadeiro jornalista não se cala diante de injustiças e censuras!
ResponderExcluirCreio que devemos um serio respeito para com as pessoas que contribuiram com a sociedade parintinense. E vcs carissimos universitarios estao faltando com ele. Todas essas criticas surgem nao de um compromisso com a verdade, mas de uma ignorancia, tambem historica, e de um ressentimento. Se vcs ja estao assim em quanto alunos imagino quando profissionais!! Fico preocupado!!!
ResponderExcluirEspero que nao esqueçam da etica no trabalho, ok!!!
Rádio Alvorada , 'A toda poderosa, perfeita e comprometida com o povo' . E aí a propaganda ficou boa ? :)
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