sexta-feira, 30 de março de 2012

Cultura primitiva para quem mesmo?



O Jornal Repórter Parintins na edição do dia 18 de março trouxe uma matéria intitulada “Embrapa quebra paradigmas”. No texto o autor ressalta o trabalho que esta instituição vem fazendo ao longo dos anos nas comunidades rurais de Parintins. No decorrer da notícia o jornalista explicita de maneira desenvolvida a importância deste trabalho, destacando as ações feitas pelos funcionários da Embrapa, juntamente com os produtores rurais.
Os leitores conseguem entender o acontecimento através da abordagem feita pelo repórter, acontece que em uma parte da matéria o autor diz que os produtores rurais ainda têm uma cultura primitiva que dificulta o desenvolvimento das comunidades. A pergunta a fazer é: quem disse que a cultura dos produtores é primitiva? Essa afirmação é do jornalista ou da única fonte consultada ao longo da reportagem? Acredito que não cabe ao jornalista julgá-los deste modo e se esta fala não foi dele, deveria ter documentado esta informação de algum modo. Ou através de uma resolução da Embrapa ou mesmo com a fala do supervisor. 
É dito ainda no texto que a empresa procura capacitar os produtores dentro da nova tecnologia? O que seriam essas novas tecnologias? Porque o jornalista não entrevistou nenhum produtor rural para mostrar para a população a opinião dos trabalhadores em relação a Embrapa, em relação a esta implementação tecnológica?
Mais uma vez temos apenas a consulta das fontes oficiais, que não é exclusividade deste jornal impresso, mas da maioria dos informativos do município.

Yasmin Gatto Cardoso

quarta-feira, 28 de março de 2012

As vozes caladas





Na edição de 10 a 16 de Março, o jornal Novo Horizonte trouxe na editoria de Cidade uma noticia intitulada “Produtores têm novo espaço para comercialização da produção”.
A notícia diz que estiveram presentes na inauguração do local as seguintes autoridades: presidente do Sindicato Rural, Wener Gama, presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Amazonas, Muni Lourenço, o secretario de Estado de Oportunidades do Tocantins, Omar Heneman, um representante do Senar, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, Rubens Pires, o deputado estadual, Tony Medeiros, e o então prefeito em exercício, Juscelino Manso, além de autoridades municipais e produtores rurais.
Adiante vem uma fala de Rubens Pires, ressaltando a importância do espaço inaugurado, sendo esta a única citação da notícia. Se refletirmos um pouco, nos perguntando quem são os maiores interessados na inauguração do espaço, quem nos vem à mente? Certamente pensamos na população de Parintins e nos produtores rurais, certo? O que vale ressaltar aqui é que as vozes que deveriam ser ouvidas foram deixadas de lado na notícia, dando mais importância às autoridades presentes do que ao trabalhador.
Para terminar, gostaria de propor uma reflexão. Quero que o leitor me diga se teve interesse em saber o que seria um secretário de Estado de Oportunidades e o que faz tal autoridade aqui, sendo ele um secretario do estado do Tocantins...

Helder Mourão

terça-feira, 27 de março de 2012

Editorial em boa medida


“O profissional de rádio tem de estar pronto para dois cenários que ainda vão conviver por algum tempo e têm em comum muito mais do que apenas o veículo por onde a mensagem circula, Em ambos, a responsabilidade ao informar é fundamental” (Milton Jung).


O Jornal Radiofônico do Sistema Alvorada de Comunicação “Jornal da Amazônia” divulgou no dia 21 de março um editorial[1], falando sobre o seu posicionamento em relação a um caso de abuso sexual que foi denunciado a delegacia de polícia em Parintins.
O editorial expressou de maneira clara o seu comprometimento com esse tipo de assunto. E seu objetivo era responder as acusações de um vereador que disse que o Jornal só havia falado nesse tema por que a acusação foi feita a um pastor. Acredito que o jornalista ao produzir o texto foi enfático, evidenciando que o programa jornalístico não estava acusando ninguém, apenas estava cumprindo o papel de divulgar para a população parintinense o suposto acontecimento, que está sendo investigado pela delegada Ana Denise.
Em nenhum momento os jornalistas fizeram acusações ou citaram nomes. Falaram apenas da denúncia e do andamento das investigações. Creio que a forma com que eles expressaram sua opinião foi correta. Pois afinal, é o editorial é a “boca” do jornal, dizendo quem ele é, é a visão subjetiva dos acontecimentos.

Yasmin Gatto Cardoso

Referências:
AMARAL, Luiz. Jornalismo: matéria de primeira página/ 6ª edição. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2008. 
JUNG, Milton. Jornalismo de rádio. 3ª Edição- São Paulo: Contexto, 2007.


[1] “O editorial, expressão moderna do “artigo de fundo”, é um ensaio curto, embebido de senso de oportunidade, um texto de opinião que reflete o ponto-de-vista do jornal. Difere do ensaio propriamente dito por não ter, em geral, valor permanente, subordinando-se sua vida à dos fatos que o determinam. Sua fonte são acontecimentos” (Luiz Amaral). 

segunda-feira, 26 de março de 2012

A fábrica de pedras da Apple


A edição de 24 a 30 de março de 2012 do Jornal Novo Horizonte trouxe uma intrigante e mal apurada notícia, intitulada “Parintinense processa Apple por receber pedra no lugar de iPhone”.
A notícia trata de um caso em que uma pessoa pediu um iPhone, produto fabricado pela empresa Apple, mas recebeu uma pedra no lugar do aparelho. Com um tom de denúncia, a notícia dá voz ao indivíduo, o qual diz processar a empresa, pois segundo ele “eu comprei da Apple e não importa se o extravio foi em transportadora, na viagem entre Parintins e Manaus, a empresa tem o dever de evitar que essas coisas aconteçam...”.
O fato é que, há uma incompatibilidade com a legislação do consumidor, pois o artigo 14 do código de defesa do consumidor diz que: “O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos”.
O que significa dizer que independente de culpa, responde quem prestou os serviços, ou seja, a transportadora e a loja que vendeu o produto, sendo que a Apple é a apenas a fabricante dos produtos, e não de pedras.
Sabemos que o jornalista tem pouco tempo para fazer as notícias, mas não é difícil falar com um advogado em uma cidade onde há uma universidade com curso de direito. Aliás, em uma cidade com duas universidades é estranho vermos professores e especialistas sendo procurados pelo jornal da mesma forma que se procura um picolé no Polo Norte.

Helder Mourão

domingo, 25 de março de 2012

Terror em Dez Minutos

Detalhe de obra do surrealista Salvador Dalí.



O termo sensacionalismo pode ser entendido como a “divulgação e exploração em tom espalhafatoso de matéria capaz de emocionar ou escandalizar; 2. uso de escândalos, atitudes chocantes, hábitos exóticos etc. com o mesmo fim”[1]. O Sensacionalismo utiliza-se de recursos gráficos (imagens, geralmente coloridas) e narrativos (linguagem coloquial exagerada) para atrair leitores. Nesta análise, o Jornal Dez Minutos será apresentado como um exemplo dessa prática.
O exagero é a característica principal na narrativa de matérias sensacionalistas. Termos de impacto são apresentados com o intuito de impressionar o leitor sobre o fato ocorrido, como no título “Idosa morre após levar marteladas”, publicado pelo informativo no dia 13. Nessa matéria, trechos como: “(...) foi encontrada agonizando” e “foi agredida com marteladas na cabeça e vários chutes na barriga” são exemplos do discurso sensacionalista presente no jornal. Percebe-se que o ‘valor-notícia’ adotado pelo veículo limita-se em descrever detalhes desnecessários ao invés de destacar informações de interesse público.
A composição das capas é outro fator que aponta o uso de recursos que instiga o fator emocional do leitor. Na edição do dia 27 de fevereiro o jornal publicou a manchete “Garota é estuprada e morta a pauladas depois de ir à festa”, acompanhada da imagem do corpo da vítima. Nesse caso, verifica-se que a estética do informativo também é trabalhada para garantir a venda do “produto”: a relação entre as chamadas (na capa), as imagens e o texto.
Nem sempre o uso de recursos que remetem ao sensacionalismo é uma boa opção na composição da linha editorial de um informativo, pois questões como a credibilidade do veículo, por exemplo, pode ser discutida. Essa prática demonstra mais a preocupação em descrever determinados acontecimentos, muitas vezes além do real, do que informar e orientar o público para debates sociais e sua atuação na sociedade em que está inserido.

Karine Nunes


[1] (Novo Dicionário da Língua Portuguesa, Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1996).

sexta-feira, 23 de março de 2012

Tony, o humorista




            Com o título “Tony Medeiros acusa a Tucunaré Turismo de desorganização na venda de ingressos para o festival”, a edição do último dia 11 de março do Jornal da Ilha, traz à tona a indignação do deputado estadual Tony Medeiros com o sumiço dos ingressos. Além disso, a matéria destaca uma simples fala que demonstra a infelicidade do deputado ao se expressar.
            “(O) aeroporto vai estar operando naturalmente, porque os urubus devem tirar férias e os vôos para Parintins vão acontecer de dia e de noite na época de festival”.  Essa é a fala de Medeiros que causa estranheza e indignação ao leitor. Como assim? Os urubus irão tirar férias?
            Nota-se que os culpados pelo fechamento do aeroporto, no período diurno, é dado aos “pobres” urubus. A prefeitura não tem nenhuma culpa por isso. Tudo é responsabilidade dos animais que, de forma direta ou indireta, fazem com que nossa cidade não seja um verdadeiro amontoado de lixo...
            É estranho ver uma afirmação desse porte vinda da boca de um deputado, pois, querendo ou não, o papel dele seria elaborar leis e projetos que visem dar uma melhor condição de vida à população amazonense. Contudo, percebe-se que o deputado está dando uma de Tiririca (o representante humorista do povão), pois está tirando sarro de uma situação séria, grave, que merece resolução imediata.
            Ao invés de ficar fazendo piadas com a situação que assola Parintins, os políticos, como ele, deveriam defender aqueles que os colocaram nesse cargo, pois, sem eleitores, eles  não estariam no conforto de seus gabinetes. A reportagem deveria buscar de Tony, mais do que sarcasmo, efetivas respostas para o problema elencado. Lugar de piada é em revistinha de humor, não na editoria de cidades de um jornal.

Daniel Sicsú



quinta-feira, 22 de março de 2012

Falta de pauta ou preenchimento de espaço?


O Jornal “Plantão Popular” do dia 08 de Março trouxe na editoria de cidades duas matérias intituladas: ‘Bruxa solta no trânsito’ e ‘Marítimo morre na Nações Unidas’. As duas notícias tratam do mesmo acontecimento, o acidente fatal que ocorreu na Av. Nações Unidas com Wilhames Carvalho.
No primeiro texto (Bruxa solta no trânsito), o jornalista relata o que aconteceu e colhe somente o depoimento do sargento da PM que está “revoltado” com os últimos acidentes de trânsito no município. Só há a fala do oficial da polícia. No segundo texto (Marítimo morre na Nações Unidas), o repórter relata o acidente como se ele estivesse presente na hora do acontecido. Durante a notícia, o escritor não utiliza nenhuma fonte para validar suas informações ou para o melhor entendimento do leitor.
São duas notícias, ambas tratando do mesmo acontecimento, mas nem uma nem outra esclarece de forma correta o que aconteceu. O que levaria um jornal publicar a mesma pauta duas vezes e na mesma edição? Seria um complemento da outra? Ou foi apenas para enfatizar a fatalidade? Acredito que apenas uma matéria, desde que bem esclarecida já bastaria.
Sabe-se que o trânsito em Parintins realmente não é um dos melhores, mas não vamos culpar as vítimas para ocultar uma problemática que deveria estar sendo discutida nos jornais da cidade: quais as condições reais do trânsito em Parintins? A sinalização funciona?  Existem placas e faixas suficientes? Não seria a hora da cidade ter uma forma de transporte público? É uma discussão pertinente e que deveria servir de pauta para os jornalistas, aprofundando o tema e esclarecendo para o leitor qual a verdadeira situação do transito na Ilha.

Yasmin Gatto Cardoso

quarta-feira, 21 de março de 2012

Mulher ou objeto?


Na edição nº 30 do dia 13 de março de 2012, o jornal Plantão Popular publicou uma notícia intitulada “Churrasqueira morre em acidente”. Trata-se de um acidente fatal que ocorreu com uma vendedora de churrasco na noite do dia anterior.
Repare no título: a palavra “Churrasqueira”. Inicialmente quando lemos a manchete, parece que se trata de um objeto e não de uma vendedora. Ou seja, trata-se de uma palavra com duplo sentido e consequentemente tem grande potencial para confundir o leitor. Além disso, fica explícito que o jornal deu mais importância à profissão da mulher do que a própria existência “humana” dela.
Ao longo da notícia é somente relatado como possivelmente aconteceu o acidente, mostrando apenas as vozes das testemunhas oculares. Ao final do relato aparece a citação: “Pelas informações, a Polícia chegou à residência do Médico Renan Nascimento, que já estava deitado quando a polícia bateu à sua porta”. A informação está incompleta, pois o motorista que causou o acidente não foi ouvido, o que mostra que houve um enquadramento[1] unilateral da situação, dando assim margem para o leitor entender que fora um acidente consciente por parte do autor.
Enfim, o jornal falhou no complemento das informações, pois a notícia ficou em aberto e isso suscita dúvidas aos leitores. Além disso, deixa o público sem o conhecimento de fato sobre o que se trata o assunto.

Hanne Caldas


[1] Na prática jornalística, um enquadramento (framing) é construído através de procedimentos como seleção, exclusão ou ênfase de determinados aspectos e informações, de forma a compor perspectivas gerais através das quais os acontecimentos e situações do dia são dados a conhecer.

terça-feira, 20 de março de 2012

Opinião sim, moralismo não!

Caso esta imagem tenha deixado você com vontade de beber, cuidado! Alerta do Plantão Popular!

Nas edições nº 19 (do dia 25 de fevereiro) e nº 21 (do dia 29 de fevereiro de 2012), o jornal Plantão Popular refere-se aos excessos na utilização do álcool durante os festejos carnavalescos da Ilha.
Na primeira edição analisada, o jornal expõe em seu editorial sua opinião sobre o tema, o qual está intitulado “Alegria movida a álcool”. Neste, o autor apresenta os dados quantitativos sobre o investimento em bebidas alcoólicas, destinados para a venda no Carnailha 2012. Mas, sobretudo, apresenta no contexto deste diálogo um discurso moralista. Um dos trechos que evidencia posicionamento: “De acordo com o volume de venda de cerveja apresentado pelas distribuidoras, assim como a corrida irrestrita pelo lucro, não há dúvidas de que o número de consumidores ou dependentes do produto, indiscriminadamente, tenha crescido e atingido níveis pra lá do considerado aceitável.”
A primeira vista fica claro um discurso que está preocupado com o alto consumo de álcool e que pode levar a várias consequências, como a violência. Por outro lado, ficam implícitos alguns questionamentos referentes às colocações no trecho acima como: desde quando foi indicado um nível aceitável para se consumir bebida alcoólica? Aceitável pra quem? Será que para quem escreveu o jornal? Pois, com esta atitude o que dá a entender é uma tentativa de ditar, sem comprovação, como um cidadão deve se comportar e o quanto deve consumir, ou seja, ditar normas para comportamentos considerados “adequados”.
Já na segunda edição, o jornal apresenta uma seção denominada “Plantão Debate”, dessa vez movido pelo seguinte questionamento: “Álcool: combustível da alegria?”. Para responder a pergunta, o jornal consultou três fontes: o professor da UFAM Jefferson da Cruz, a auxiliar administrativa Karliany dos Santos e o Major Túlio Freitas. Como já era de se esperar todos os entrevistados usaram discursos com justificativas diferentes, porém com a mesma finalidade: afirmar que a bebida não é um combustível da alegria. Mas aqui fica a dúvida: qual o critério de seleção dessas fontes?
Contudo, percebe-se que o jornal não procurou dar voz ao público que tenha uma idéia diferente, que discorde do assunto ou mesmo que concorde que o álcool seja o combustível da alegria, pois vale lembrar que nem todo mundo que bebe fica uma pessoa chata, implicante ou violenta, pelo contrário, existem pessoas que são introvertidas e que quando bebem apenas ficam alegres e nada mais, não dá para generalizar um modelo do usuário de álcool. Ou seja, faltou mostrar o tão revisitado conceito que é apresentado pelo jornal: o outro olhar.

Hanne Assimen

segunda-feira, 19 de março de 2012

Enlatados: vereadores desconhecem o problema?




O Plantão Popular do dia 7 de março de 2012 noticiou a falta de conhecimento de alguns vereadores sobre “o cancelamento do contrato entre Governo do Estado e Prefeitura para a compra de merenda regionalizada” com a manchete: “Vereadores desconhecem fim de convênio”, sendo que apenas três vereadores são mencionados no texto. A questão é que no momento a câmara dispõe de nove edis...
A matéria começa afirmando que “a maioria dos vereadores” constatados desconhecia o assunto. O primeiro é Beto Farias (PMDB) que é contra produtos industrializados na merenda escolar. O segundo Flávio Farias (PT) diz que “o Estado não pode ficar bancando irresponsabilidades”. No último parágrafo, outro vereador é questionado, no entanto não fica claro de quem se trata, pois seu nome não é mencionado a não ser pelas iniciais (J. A.). Ele diz que gostaria que a merenda “fosse regionalizada e que a Agência de Desenvolvimento Sustentável – ADS comprasse a produção de Parintins”.
Nessa mesma edição, o Plantão publicou uma noticia sobre a imposição de produtos enlatados na merenda escolar. Na matéria são expostas questões que dão credibilidade a informação com a opinião dos pais de alunos e a fala do presidente do colegiado. No entanto, não foi ouvido nenhum representante da Seduc para saber o motivo de inserir enlatados na merenda, sendo que tais produtos podem fazer mal a saúde.
Para Octavio Bonfim “a apuração, consiste no levantamento completo dos dados e elementos de um acontecimento, para que se possa escrever uma noticia sobre o mesmo”. No entanto, o Plantão deixou a desejar em sua apuração, não que o assunto em questão seja de pouca importância, muito pelo contrário. Contudo, a má apuração e o vício em fontes especializadas fazem com que se perca a competência na divulgação de informações relevantes.
A mídia impressa deveria se atentar para tais falhas que ocorrem não só no Plantão Popular, mas em outros veículos também. Certo de que se usa muito a desculpa da correria do dia a dia, algo que prejudicaria o aprofundamento nas matérias, devemos lembrar que isso faz parte da profissão. É preciso mais pesquisas e um maior interesse de quem tem como dever informar a população.

Tuanny Dutra

sexta-feira, 16 de março de 2012

Notícia relevante, mas pouco aprofundada




A edição do dia 7 de Março do Plantão Popular trouxe uma notícia intitulada, “Seduc impõe enlatados na merenda”. Trata-se de uma notícia de grande interesse para a população e é abordada de forma interessante também, pois há inúmeras pesquisas que mostram a nocividade dos enlatados.
Porém três questões poderiam melhorar a notícia. A primeira é que Idalberto Vasconcelos é apresentado na notícia como presidente do colegiado, o que pouco explica sobre seu cargo ou sua importância na notícia.
A outra questão é que na matéria diz o seguinte: “Desde o inicio do ano letivo, os gestores das escolas estaduais foram orientados a recusarem a merenda composta por produtos regionais e adotarem enlatados e sucos concentrados enviados da capital do estado.” Trata-se de uma afirmação que não traz a confirmação de nenhum gestor, o que pode acarretar problemas judiciais pela falta de provas ou mesmo descrédito da notícia pela falta de documentação.
Por fim, uma boa notícia buscaria informações com os responsáveis por essa troca na merenda escolar, alguém da Seduc ou a própria assessoria deles, para que pudessem apresentar os motivos da mudança.

Helder Mourão

quinta-feira, 15 de março de 2012

Uma visita e nada mais!

O Jornal da Ilha trouxe uma matéria intitulada: “Juscelino visitou a redação do JI”. A notícia trata sobre a ilustre visita do vereador à redação do Jornal, que acompanhado de seus assessores, passou pelas instalações do local, quis ver as edições anteriores do veículo e teceu elogios ao trabalho que a equipe do J.I faz aqui em Parintins.
A pergunta que deve ser feita é: qual o critério de noticiabilidade[1] que o Jornal da Ilha está usando para selecionar as suas notícias? Sim, porque qual a real necessidade dos leitores saberem que o vereador foi fazer uma visita à redação do Jornal! Quer dizer, se eu tenho um jornal e alguém que eu considere importante vier até mim, eu vou fazer uma notícia e publicar? Jornal não é agenda!
Evidente que se a equipe do Jornal da Ilha fosse atrás de pautas para cobrirem em Parintins, eles encontrariam assunto de sobra para preencherem o espaço do jornal e também para noticiar aos leitores assuntos relevantes, de forma responsável.

Lacrima

Referências:
 SOUSA, Jorge Pedro. Elementos do Jornalismo Impresso. Porto: Universidade Fernando Pessoa, 2001.


[1] Os critérios de noticiabilidade não são rígidos nem universais. Por outro lado, são (...) de natureza esquiva, opaca e, por vezes, contraditória. Eles funcionam conjuntamente em todo o processo de fabrico e difusão das notícias e dependem da forma de operar da organização noticiosa, da sua hierarquia interna e da maneira como ela confere ordem ao aparente caos da realidade (SOUSA, 2001, p.39)

quarta-feira, 14 de março de 2012

Carnaval. carnaval e carnaval


            O carnaval é um evento significante na vida do povo brasileiro, e do parintinense também. Notando isso, O Jornal da Ilha dedicou praticamente toda a sua edição do dia 26 de fevereiro para cobrir a festa.
            Sim, a cobertura do evento é relevante para os leitores do periódico, mas deixou-se de dar relevância para outros fatos ocorridos nos dias do evento. Fatos esses que, de um jeito ou de outro, mereciam ter uma cobertura mais aprofundada.
            Nessa edição, esqueceram de informar o leitor acerca dos acidentes, assaltos e outras ocorrências policiais registradas nesse período festivo. Isso nos remete a pensar que a edição veio com o objetivo de mostrar ao povo de Parintins que a festa foi perfeita, sem nenhum imprevisto.
            As únicas matérias que não tratavam de carnaval foram feitas por assessorias de imprensa, o que é muito comum na imprensa parintinense. Ao todo, são três matérias, sendo que uma trata também de carnaval.
            Entende-se que a festa é muito relevante, mas deve-se pensar que os fatos da cidade, no período em que foi realizado, não se restringem ao evento. Esperamos que, no próximo ano, o jornal continue a cobertura da festividade, mas sem deixar de lado outros fatos que nada tem a ver com ela.

Daniel Sicsú

terça-feira, 13 de março de 2012

Erros ortográficos e seleção das notícias comprometem edição


“Cheia deixa Parintins de alerta” é a chamada do Jornal da Ilha, em edição veiculada no dia quatro de março de 2012, para informar os percalços causados pela enchente deste ano. O uso da preposição “de” não está de acordo com a concordância da oração. “Preposição é uma palavra invariável que estabelece relação entre termos de uma mesma oração (liga palavras entre si)” (MAZZAROTTO, 2003 p.312). A preposição “DE” é denominada essencial e deve ser empregada sempre que for conveniente ao contexto da oração. A forma mais adequada seria essa: “CHEIA DEIXA PARINTINS EM ALERTA”.
Outro fato curioso a ser analisado na edição de número 318 é o critério de noticiabilidade. Observa-se que a edição não busca escolher os elementos de interesse da notícia. Falar do ex-senador Arthur Virgílio Neto até permitiria uma foto com legenda na coluna social, mas mostrar matéria em que trata de sua volta de Portugal e os agradecimentos ao povo pela hospitalidade... Qual o interesse do parintinense em saber de todos esses detalhes? Será que não está acontecendo nada na cidade que possa ser considerado como interesse da maioria?  Critérios como proximidade, significância, não estão de acordo com algumas matérias veiculadas na edição.
Além disso, eu digo a vocês, o Jornal da Ilha utilizou os comandos Ctrl C Ctrl V (copiar e colar) em uma matéria da revista Veja que fala do best-seller alemão Tchic. A resenha escrita por Bruno Meier sobre o livro ocupou mais de um quarto da página. É importante o jornal dar espaço para divulgar lançamentos e etc, porém se a resenha fosse feita por um integrante do jornal, isso com certeza deixaria o periódico com mais credibilidade junto a comunidade.

Evelyn Pessoa


quarta-feira, 7 de março de 2012

Precisa-se de mais fontes


A edição do Jornal Novo Horizonte referente à semana de 25/02- 02/03 trouxe uma matéria intitulada “Justiça manda família desocupar terreno no Macurany”. A notícia fala sobre uma desocupação de propriedade, onde os residentes moravam há cerca de 60 anos.
Ao ler o texto percebe-se que a família que teve que sair do local estava indignada, pois tinham os documentos do terreno. Mesmo assim a juíza deu ganho de causa ao requerente. O que fica confuso na matéria é o fato de o repórter não explicar o porquê dos moradores terem sido expulsos, já que possuíam a documentação do local.
É visível que o jornalista fez uma abordagem humanizadora no texto, só que faltou mais esclarecimento para que os leitores conseguissem entender o que de fato motivou o despejo.
Outro ponto falho é a consulta das fontes, pois ao longo de toda a notícia o jornalista coloca apenas o depoimento da dona da casa e do advogado do requerente.  É um jogo de falas de acusação e de defesa, que não exemplificavam melhor o ocorrido. Há outros personagens que poderiam ter sido consultados, pois são citados no texto. Tem a figura do oficial de justiça – que poderia ter esclarecido melhor o que aconteceu; há os policiais militares que ajudaram na ação, e mais 19 pessoas que moravam no lugar.
A falta de consulta de mais fontes jornalísticas[1] prejudica o desenvolvimento do texto e, por conseguinte, o entendimento do leitor. Essa não é uma particularidade do Jornal Novo Horizonte, os jornais impressos da Ilha costumam, quase sempre, fazer o mesmo.

Yasmin Cardoso

Referências:

SOUSA, Jorge Pedro. Elementos do Jornalismo Impresso. Porto: Universidade Fernando Pessoa, 2001.


[1] Toda e qualquer entidade que possua dados susceptíveis de ser usados pelo jornalista no seu exercício profissional pode ser considerada uma fonte de informação. Existem, assim, vários tipos de fontes: humanas, documentais, eletrônicas, etc. (SOUSA, 2001, p. 62)

terça-feira, 6 de março de 2012

São apenas essas informações?



“O jornalista deve relatar os fatos com rigor e exatidão e interpretá-los com honestidade. Os fatos devem ser comprovados, ouvindo as partes com interesses atendíveis no caso. A distinção entre notícia e opinião deve ficar bem clara aos olhos do público” (SOUSA, 2001, p.94).


A edição de nº 90 do Jornal “Repórter Parintins” trouxe uma matéria intitulada ‘David Assayag, a voz da Amazônia na Sapucaí’. A matéria trata da homenagem que a escola de samba Acadêmicos do Grande Rio fez ao levantador de toadas amazonense.
É valido destacar que o tema do enredo da Grande Rio foi “Eu acredito em você! E você? (Histórias de Superação)”. Um dos destaques da escola foi o exemplo de David Assayag, pois, ainda quando jovem, perdeu a visão e mesmo assim se superou mostrando seu talento musical no Amazonas. Em nenhum momento a escola de samba fez homenagem aos Bois de Parintins. É claro que o carro que trazia o levantador de toadas vinha representando a realidade que vive o cantor, os bois Garantido e Caprichoso. Na frente do carro alegórico da Grande Rio estavam a porta-estandarte do Garantido (Raissa Barros) e a porta-estandarte do Caprichoso (Karine Medeiros). E junto ao levantador de toadas vinha a Cunhã Poranga do Caprichoso (Maria Azêdo).
A agremiação de samba trouxe representantes de ambos os bois, já que estava homenageando o levantador de toadas que fez parte dos dois. Em nenhum momento a equipe do Jornal Repórter Parintins trouxe essas informações ao longo do texto, eles explicitaram uma matéria tendenciosa ao Boi- Bumbá Caprichoso, citando apenas as representantes do boi azul, como se a escola de samba tivesse homenageado o Caprichoso. Independente de qual Boi-Bumbá está o levantador de toadas, a sua história deve ser contada. Na notícia, é como se David só tivesse sido homenageado por estar atualmente no Caprichoso. Os créditos devem ser dados a quem  merece, nesse caso, o levantador de toadas e não a uma ou outra Associação Folclórica de Parintins.
Ainda ao longo do texto o jornalista cita que a beleza da mulher amazonense foi representada pelas brincantes do boi Caprichoso. Havia uma representante do boi contrário também que não é citada em nenhum momento da matéria. E a fotografia que ilustra a notícia também só trouxe a foto do Caprichoso.
Acredito que o jornalista ao escrever esta matéria deveria ter sido mais fidedigno aos fatos, pois para os leitores que não acompanharam o desfile da Escola de Samba só existiu o Boi Azul e nada mais. Ou o jornalista é fanático pelo Boi Caprichoso ou ele esqueceu que não cabe ao repórter ocultar informações que sejam necessárias para o entendimento correto do texto.

Yasmin Cardoso

Referências: